Sobre a leitura de The Making of the English Working Class
Sheila Rowbotham (Reino Unido)
Historiadora feminista do trabalho. Foi Professora da University of Manchester, Reino
O acaso é uma coisa estranha. Entre os nomes a quem Edward agradece no prefácio de The Making of the English Working Class, está Richard Cobb.1 Ele tornou-se meu tutor em 1962, durante meu segundo ano na Universidade de Oxford como estudante do St. Hilda’s College. Isso foi um verdadeiro avanço para mim, reavivando meu então fraco interesse por história. Eu havia passado o ano anterior aos trancos e barrancos com Gibbon e Macauley, atrapalhada com o feudalismo e concentrada em embarcar numa carreira de atriz. Meus trabalhos, escritos de véspera, eram tão risíveis que eu corria o risco de ser expulsa.
Richard era um acadêmico atípico de Oxford. Por muitos anos, ele estivera ocupado em vasculhar os arquivos de Paris em busca de seus amados sans-culottes. Era extremamente culto e irreverente, uma espécie de anarquista não ideológico e algo ríspido quando o conheci. Embora essa mesma disposição o fizesse mais tarde inclinar-se para a direita, no início da década de 1960 ele ainda estava à esquerda. Esse homem magricela, voluntarioso e engraçado era um professor desafiante e inspirador, e eu costumava procurar dedicadamente por artigos desconhecidos que ele ainda não tivesse lido – em vão.
Antes de chegar ao Balliol College de Oxford, Richard havia trabalhado na Universidade de Leeds e, ao saber que eu vinha desta cidade, incentivou-me a visitar seus amigos que moravam perto de Halifax, os Thompsons. “Eles escrevem sobre cartismo”, declarou vagamente, abanando enfático os braços. Fiquei nervosa por impor minha presença a pessoas que eu não conhecia, mas o tempo se arrastava durante as férias na suburbana Roundhay, e o cartismo me era convidativo. Encorajada pela voz simpática de Dorothy Thompson quando telefonei, tomei o ônibus para sua casa, Holly Bank, imaginando como eles seriam.
Dorothy me saudou calorosamente na entrada. Notei com aprovação seu suéter preto com gola rolê e calça preta – nada parecidos com os conjuntos que minha mãe e suas amigas ainda usavam. Finalmente Edward apareceu, um homem alto e de aparência curtida e rústica, com uma mecha de cabelo que ele ficava ajeitando, apenas para que lhe voltasse a cair sobre a testa. Ele usava um velho blazer com cotoveleiras de couro, visual que mais tarde associei aos professores do Departamento de Extensão da Universidade de Leeds.
Ele estava se escondendo. Minha voz nervosa ao telefone, balbuciando sobre Richard Cobb, havia lhe causado súbita ansiedade. Dorothy e Edward temiam que eu fosse alguma conquista juvenil de Richard, grávida e abandonada, que vinha compartilhar seus problemas. Somente após Dorothy esgueirar o rosto pela porta do escritório e murmurar “está tudo bem”, ele enfrentou a cozinha. Eles me fizeram sentir à vontade, deixaram-me vagar por seus livros e me levaram para ver um grupo de atores de Halifax interpretarem a peça The Caretaker2, de Harold Pinter. Aquela seria a primeira de muitas visitas.3
Em 1962, Edward já havia escrito a biografia de William Morris, que se estendia para contar a história do socialismo do final do século XIX, bem como um ensaio admirável, “Homage to Tom Maguire”, sobre o combativo dirigente do Novo Sindicalismo que escrevera poemas sobre as operárias de Leeds.4
Ele estava revisando o manuscrito de The Making of the English Working Class e me emprestou as provas, que li com crescente entusiasmo.
Vi-me adentrando a Inglaterra dos oficiais calceiros, dos tecelões em seda de Spitalfield, dos metodistas renegados, dos severos calvinistas e dos anabatistas ardorosos, para não mencionar os “mudlarks, scufflehunters, bludgeon men, marroquinos, cocheiros de ocasião, […], bear baiters e menestréis ambulantes.”5
Seu relato de como a transformação econômica levou a indústria a se organizar de novas formas que afetaram as experiências cotidianas individuais de homens e mulheres causou-me profunda impressão. Ele demonstra como, em meio a circunstâncias cambiantes, surgiram novas condições de trabalho e de vida diária que afetaram comportamentos e pressupostos habituais.
Eu havia estudado a Revolução Industrial como um processo remoto e distante, mas o livrolevou-me ao cerne do que significava viver durante a tremenda convulsão que ocorreu entre as décadas de 1790 e 1830, e como antigas habilidades e práticas de trabalho foram deixadas de lado enquanto novas começavam a predominar.
Edward tem o cuidado de apontar que antes do sistema fabril as condições nas áreas pobres eram nada idílicas, citando a observação do político radical Francis Place sobre como, nas cidades de Lancashire, “qualquer estranho que passasse” provavelmente seria “elogiado” – ou seja, vaiado – e um “forasteiro” era por vezes apedrejado.6 No entanto, como os trabalhadores cresceram acostumados a viver em meio a redes de sobrevivência básica, encontraram formas de sobreviver.
À medida que antigas práticas se deterioravam e entravam em declínio, aquelas estratégias não mais eram possíveis, embora novas outras tenham emergido junto às anteriores, suas consequências não foram as mesmas para todos. Enquanto uma minoria prosperou em meio à mudança, muitos não o fizeram. Edward capta o impacto dramático desses processos justapostos, detectando uma consciência emergente entre os dominados através de uma miríade de aspirações há muito esquecidas. Por vezes, eles organizavam protestos pacíficos em massa. Quando estes falhavam, a privação e o desconhecido resultaram em respostas extremas; a repressão exigia sigilo. Meticulosamente, ele permite que seus leitores vejam e ouçam o que aquelas pessoas fizeram e disseram. Além disso, ao reunir inúmeros fragmentos, ele registra uma consciência subjacente de que algum tipo de transformação se fazia necessária.
The Making of the English Working Class iniciou-me numa nova e estimulante maneira de ver a história do século XVIII e início do século XIX, e isso me fascinou, embora eu tivesse dificuldade com algumas alusões que não me eram familiares. Eu nunca havia me deparado com o termo de William Cobbett para os reformadores moderados (“shoy-hoys”), mas pelo leitura pude deduzir que significava apenas “espantalhos”.7 Porém fiquei atônita quando Edward descreve The Everlasting Golpel (O Evangelho Eterno) de William Blake como uma “afirmação quase antinomiana do prazer sexual e da inocência”,8 nunca tendo eu conhecido antes algum antinomiano. Fiquei ainda mais confusa quando Edward e Dorothy riram e alegaram que eu era um deles!
No entanto, embora muitas coisas na obra me fossem reveladoras, havia suficientes pontos de referência para que eu ligasse o que estava lendo a coisas que já sabia. Fui criada em West Yorkshire, e muitos dos lugares mencionados por Edward me eram familiares; não apenas Leeds e Bradford, mas outros menores como Heptonstall e Holmfirth, Cleckheaton, Heckmondwike, Pudsey e Todmorden.
Além disso, como eu já tinha descoberto intelectuais e escritores radicais como William Godwin e Mary Wollstonecraft, pude ver como o trabalho de Edward se aprofundou e foi mais além. Foi emocionante ser apresentada aos membros da Sociedade de Correspondência de Londres ou aos representantes da Associação de Bath e Bristol, e foi estimulante encontrar John Thelwell fulminando o sistema fabril.9
Paralelamente às rebeliões manifestas, Edward revela um descontentamento social menos evidente através de uma multidão de vozes que expressam perplexidade, reclamação e protesto à medida que o terreno conhecido cede sob os seus pés – “também não ligo a mínima para política, mas sou cartista”.10 Ele também se baseia numa vasta gama de fontes, incluindo canções: “vivíamos de urtigas enquanto desse”;11 ou “Tiranos da Inglaterra, sua raça vai logo acabar,/ Por seus dolorosos feitos vocês deverão pagar”.12
Quando li The Making of the English Working Class no início dos anos 1960, percebi que era diferente de qualquer livro de história que já tinha lido. Um senso de proximidade, descrições vívidas e grande dramatismo combinavam-se ao profundo desafio conceitual ao pressuposto de que a história devia ser contada apenas do ponto de vista dos dominantes. O livro me ensinou que uma consciência rebelde vem de uma mistura complexa de experiências e assume muitas formas.
Em retrospectiva, é evidente que há omissões na obra. Por exemplo, não há referência à forma como a acumulação de riqueza na Inglaterra deu-se por meio da escravidão. E tal como a maioria dos historiadores que escreveram entre os anos 1950 e o início da década de 1960, Edward concentra-se predominantemente nas experiências e ações masculinas.
Por estar acostumada a essa disparidade na história que estudei durante a graduação, mal percebi essas lacunas. Mas me identifiquei com uma das poucas mulheres que aparecem no livro, comentando com ele ao telefone como foi bom ler sobre a bravura de Susannah Wright. Muitos anos depois, Edward me diria que isso o fez sentir-se culpado por não ter dado mais destaque às mulheres.
De certa forma, The Making of the English Working Class foi um livro de sua época. No entanto, no contexto do início dos anos1960, ultrapassou os limites da forma como a história era comumente escrita e pensada. A mescla de erudição e compromisso político encantou muitos membros de uma nova esquerda, como eu, e lembrou aos socialistas mais antigos a relevância contínua da história do trabalho.
Mesmo depois de tantas décadas, o livro continua a ser uma fonte realmente extraordinária para a compreensão da construção ativa (“the making”) de uma classe trabalhadora, e um testemunho retumbante sobre por que precisamos da história vista de baixo. Além disso, em muitos e muitos países, a obra inspirou um conjunto importante de historiadores radicais a explorarem mais profundamente o passado através das experiências de toda sorte de gentes a quem foram negados êxito e poder.
Notas
1 E. P. Thompson, The Making of the English Working Class (Londres: Penguin Books, 1982), 13. [Todas as citações aqui apresentadas pela autora foram extraídas dessa edição. A Victor Gollancz Ltd. lançou a edição original em1963.]
2 Traduzida e encenada no Brasil como O Inoportuno.
3 Ver Sheila Rowbotham, Promise of a Dream: Remembering the Sixties (Londres: Verso, 2019) e Daring to Hope: My Life in the 1970s, (Londres: Verso, 2021). Também escrevi a respeito da influência dos Thompsons sobre mim em Remembering Dorothy and Edward, a Talk by Sheila Rowbotham (Worcester: Past Pixels, 2012, brochura).
4 Ver E. P. Thompson, William Morris, Romantic to Revolutionary (Londres: Merlin Press, 1955) e “Homage to Tom Maguire”, in Essays in Labour History,eds. Asa Briggs e John Saville(Londres: Macmillan, 1960), 276-316.
5 Thompson, The Making of the English Working Class, 59. [A despeito do inconveniente, optei por manter em inglês quatro dos termos nessa citação, pois desconheço sua correspondência direta em português, ao menos no sentidos descritivos possivelmente aqui empregados por Thompson, que se refere a tipos urbanos da Inglaterra entre fins do século XVIII e início do XIX. Mudlarks eram garotos que lutavam nas lamas do Tâmisa por alguns trocados. O nome também designava adolescentes que furtavam de estaleiros e navios atracados às margens do rio, ou que simplesmente vasculhavam esses espaços em busca de objetos de valor perdidos ou jogados ao cais. Scufflehunters eram indivíduos das classes urbanas mais pobres, que ofereciam serviços de carregadores nos cais, por dia ou hora, e geralmente aproveitavam essas oportunidades para roubar mercadorias. Bludgeon Men, por sua vez, significa literalmente “homens do porrete”, ou “porreteiros”, o que pode sugerir referência a alguma gangue de rua, porém é importante observar que o termo era também um dos apelidos depreciativos dados aos policiais. Finalmente, bear baiters eram homens que promoviam lutas entre um urso acorrentado e alguns cães, geralmente em um ringue.]. Nota da tradutora.
6 Thompson, The Making, 451.
7 Thompson, The Making, 824-25.
8 Thompson, The Making, 411.
9 Thompson, The Making, 90-1.
10 Thompson, The Making, 266n3. [“I cares nothing about politics neither, but I’m a chartist”. Aqui Thompson reproduz em nota este comentário de um catador de rua, originalmente registrado pelo jornalista Henry Mayhew em seu London Labour and the London Poor (1851).]
11 Thompson, The Making, 323. [“Wey liv’t upon nettles whoile nettles were good”. Verso extraído de Jone o’Grinfilt Junior, uma balada dos tecelões.]
12 Thompson, The Making, 330. [“You tyrants of England, your race may soon be run,/ You may be brought to account for what you’ve sorely done.” Versos de Lament, também cantada por tecelões.]
Tradução: Eneida Sela
On Reading E.P. Thompson’s ‘The Making of the English Working Class’
Sheila Rowbotham (UK)
Feminist Labour History. Former Professor at University of Manchester, UK
Chance is a strange thing. ‘Mr Richard Cobb’ is to be found in the list of people that Edward thanks in his Preface to The Making of the English Working Class.1 Richard became my tutor in 1962 when I was in my second year as a student at St Hilda’s in Oxford. It was a real breakthrough for me and revived my flagging interest in history. I had spent my first year stumbling through Gibbon and Macauley and bemused by feudalism, intent on embarking on an acting career. My essays, churned out the night before my tutorials, were so derisory I was in danger of being chucked out.
Richard was an unusual kind of Oxford academic. He had been occupied for many years in scouring the Paris archives in search of his beloved ‘sans- culottes’. He was exceedingly learned and utterly irreverent, a kind of nonideological crusty kind of anarchist when I met him. Though the same crustiness later would make him lean to the right, in the early 1960s he was still on the left. This skinny, wayward, humourous man was a challenging and inspiring teacher and I used to search zealously for obscure articles he had not read – without success.
Before arriving at Oxford’s Balliol College, Richard had worked at Leeds University, and upon learning that I came from Leeds, it was he who urged me to go and see his friends, the Thompsons, who lived nearby at Halifax. ‘They write about Chartism’, he declared vaguely, waving his arms in the air emphatically. I felt nervous about foisting myself upon people I did not know, but time hung heavy during the holidays in suburban Roundhay, and Chartism beckoned. Encouraged by Dorothy Thompson’s friendly voice when I telephoned, I set off on the bus to their home, Holly Bank, wondering what they would be like.
Dorothy greeted me warmly at the door. I took in her black turtle neck jumper and black slacks with approval – not at all like the suits my mother and her friends still wore. Eventually Edward emerged, a tall craggy -looking man with a shock of hair which he kept sweeping away, only for it to fall back down. He wore an old sports jacket with leather elbows, which I later came to associate with Leeds University Extra -Mural Department teachers.
He had been in hiding. My nervous voice on the phone mumbling about Richard Cobb had provoked acute anxiety. Dorothy and Edward had feared that I must be some youthful conquest of Richard’s, pregnant and abandoned, who was coming to share my woes. Only when Dorothy had popped her head round the door of their study, mouthing ‘’It’s alright” had he braved the kitchen. They made me feel at ease, let me roam through their books and took me out to see the Halifax Thespians perform Harold Pinter’s play The Caretaker. It was to be the first of many visits.2
By 1962 Edward had written the biography of William Morris, which extended outwards to tell the story of late nineteenth century socialism, as well as a wonderful essay, ‘Homage to Tom Maguire’ about the militant ‘new unionist’ organiser who wrote poems about women workers in Leeds.3
He was in the process of correcting the manuscript of The Making of the English Working Class and lent me the proofs which I read with mounting excitement.
I found myself entering the England of journeymen breeches makers, Spitalfield silk weavers, renegade Methodists, severe Calvinists and fiery Anabaptists, not to mention ‘Mudlarks, Scufflehunters, Bludgeon Men, Morocco Men, Flash Coachmen, Bear Baiters and Strolling Minstrels’.4
His account of how economic transformation led to new ways of organising industry which affected the daily experiences of individual men and women made a profound impression upon me. He demonstrates how, amidst shifting circumstances, came new conditions of work and daily life which affected behaviour and customary assumptions.
I had studied ‘the industrial revolution’ as a remote and distant process, but Edward’s The Making of the English Working Class took me right into the middle of what it meant to live through the tremendous upheaval which occurred from the 1790s to the 1830s, as old skills and working practices became side lined and new ones began to predominate.
He is careful to point out that the circumstances in poor areas before the factory system had been hardly idyllic, quoting the observation of the radical politician , Francis Place on how in Lancashire towns ‘a stranger walking through’ was likely to be “touted” ie hooted, and an “outcomling” was sometimes pelted with stones’.5 Nonetheless, because working people had grown accustomed to living amidst networks of basic survival , they had found ways of getting by.
As old ways of doing things disintegrated and declined, these strategies became no longer possible. Though new ones sprouted alongside them, their consequences were not uniform. While a minority prospered amidst change; many did not. Edward captures the dramatic impact of this overlapping process, tracing an emergent consciousness among people without power through a myriad of long – forgotten aspirations. Sometimes they organised mass peaceful protests. When these failed, privation and the unknown resulted in extreme responses; repression necessitated secrecy. Painstakingly he enables his readers to see and hear what they did and what they said. Moreover, by piecing together innumerable fragments, he records a buried awareness that some kind of transformatory change was needed.
The Making of the English Working Class was my introduction to a new and exhilarating way of seeing the history of the eighteenth and early nineteenth century and it captivated me, though I was to struggle with some unfamiliar allusions. I had never come across William Cobbett’s term for moderate reformers, ‘shoy-hoys’ before, but could work out that they were scarecrows from the text.6 But when Edward describes William Blake’s The Everlasting Gospel as an ‘almost-Antinomian affirmation of the joy of sexuality, and the affirmation of innocence.’7 I was stumped, never having come across any Antinomians. I was even more confused when Edward and Dorothy laughed and declared that I was one!
Yet , while so much in it was revelatory, there were nevertheless enough recognisable points of reference for me to connect what I was reading with things I already knew. I had been brought up in West Yorkshire and so many of the places that Edward mentions were familiar; not just Leeds and Bradford, but smaller ones like Heptonstall and Holmfirth, Cleckheaton, Heckmondwike, Pudsey and Todmorden.
Also, because I had already discovered radical intellectuals and writers like William Godwin and Mary Wollstonecraft, I was able to see how Edward’s work extended further and dug deeper. It was exciting to be introduced to the members of the London Corresponding Society or to Representatives of the Association of Bath and Bristol and encouraging to encounter John Thelwell fulminating against the factory system.8
Alongside overt rebellion, Edward uncovers a less explicit social discontent through a multitude of voices expressing puzzlement, complaint and protest as customary ground gave way beneath their feet. ‘I cares nothing about politics neither, but I’m a chartist’.9 He also draws on a vast range of sources including songs, ‘Wey liv’t upon nettles whoile nettles were good.’10 You tyrants of England, your race may soon be run,/You may be brought to account for what you’ve sorely done.’11
When I read The Making of the English Working Class in the early 1960s I realised it was unlike any history book I had ever read. It combined a sense of immediacy, vivid descriptions and great drama, with a profound conceptual challenge to the assumption that history was to be told only from the vantage point of the rulers. It taught me that a rebel consciousness comes from a complex mix of experience and takes many forms.
With hindsight, of course, it is evident that there are omissions. For example there is no reference to how the wealth in England had accrued through slavery and, like most other historians writing in the 1950s and early 1960s, Edward focuses predominantly on the experiences and action of men.
I was so accustomed to this lopsidedness in the history I studied as an undergraduate that I barely noticed these gaps. But I did identify with one of the few women that appear, remarking on the telephone to him how good it was to read about the bravery of Susannah Wright. Many years later Edward, would tell me that this had made him feel guilty because he had not stressed women more.
In some ways then The Making of the English Working Class was a book of its time. Yet in the context of the early 1960s, it burst through the confines of how history was customarily written and regarded. The combination of scholarship and radical commitment delighted many members of a young new left like myself and reminded older socialists of the continuing relevance of labour history.
Even after so many decades, it remains a truly remarkable source for understanding the active ‘making’ of a working class and a resounding testimony to why we need history from below. Moreover, it has inspired a formidable array of radical historians in many, many countries to further explore the past through the experiences of all kinds of people who were denied fulfilment and power.
Notes
1 E.P. Thompson, The Making of the English Working Class, Penguin Books, 1982, p. 13.
2 See Sheila Rowbotham, Promise of a Dream, Allen Lane, Penguin, London 2000, 2001, Verso, 2019 and Sheila Rowbotham, Daring to Hope: My Life in the 1970s, Verso, London 2021. I also wrote about the influence of Edward and Dorothy Thompson upon me in Remenbering Dorothy and Edward, (pamphlet) pastpixels, Worcester, 2012.
3 E. P Thompson , William Morris, Romantic to Revolutionary, Merlin Press, London, 1955, 1976, 1996, 2019; E.P.Thompson, ‘Homage to Tom Maguire’, eds. Asa Briggs and John Saville, Essays in Labour History, Macmillan, London, Macmillan 1960, pp. 276-316.
4 Thompson, The Making of the English Working Class, p. 59.
5 Ibid p.451.
6 Ibid pp. 824-5.
7 Ibid p. 411.
8 Ibid pp.90-1.
9 Ibid f.n.3 p.266.
10 Ibid p.323.
11 Ibid p.330.