Para uma ampliação da história global vista de baixo
Toby Boraman (Nova Zelândia)
Professor de Política e História do Trabalho em Aotearoa, Nova Zelândia
Muitos enfatizam que E.P. Thompson nos ajudou a compreender melhor a formação de classes. Ele entendia a classe trabalhadora e seus costumes como processos históricos fluidos que são feitos e refeitos por essas próprias pessoas ao longo do tempo, mas que também são desfeitos pelas elites e pelas suas estruturas. Outros sugerem que a principal inovação trazida pela história vista de baixo – que Thompson ajudou a fundar juntamente com outros historiadores de todo o mundo na década de 1950 – foi deixar em segundo plano a história elitista dos “grandes homens”, colocando em seu lugar as pessoas comuns.
Esses comentários são verdadeiros. Na história vista de baixo, muitos assuntos, costumes e eventos anteriormente negligenciados passam a ocupar o centro do palco. Por exemplo, descobri que durante um período de crise econômica na longa década de 1970, os trabalhadores da indústria de processamento de carne (ou meatpackers, como são conhecidos na América do Norte) empreenderam uma espécie de jogo cotidiano ou de guerrilha discreta contra a administração. Fizeram isso não só por aumento de salário, mas também para tornar mais humano e divertido seu trabalho desumanizante e repetitivo, e por fim para obter maior controle sobre as suas condições laborais. Àquela época, isso não era incomum entre outros operários de linha de montagem em escala mundial, mas uma das principais razões pelas quais os meatpackers conseguiram pôr em prática suas estratégias foi que haviam desenvolvido não só um sindicalismo de base poderoso e altamente democrático, mas também sua própria cultura informal de solidariedade baseada em famílias extensas e, no caso de muitos matadouros, nos costumes maori. As empresas se queixaram de que a resistência informal e cotidiana dos operários – que era também permeada de obediência e variava de fábrica para fábrica – lhes custou tanto prejuízo quanto as greves, ou ainda maior.[1] Suas culturas de trabalho, exceto pela influência dos maori, têm muitos paralelos com outros operários de outras partes do mundo, conforme documentado no excelente Assembling Cultures (2019) de Jack Saunders, sobre a indústria automobilística do Reino Unido pós-Segunda Guerra Mundial.
No entanto, subestima-se frequentemente que Thompson reafirmou em sua abordagem uma história marxista pouco ortodoxa, libertária, humanista e socialista, que destacou a capacidade de as pessoas se emanciparem, até certo ponto, a si próprias. Isto contrasta com o marxismo estruturalista impessoal e com o socialismo tal como exposto por Althusser e outros, com os quais Thompson volta e meia entrava em conflito. A abordagem estruturalista dominante muitas vezes reduziu a história ao estudo de instituições de esquerda, como os partidos, ou dos “grande socialistas” (na figura de vários líderes ativistas ou teóricos), ignorando assim, ironicamente, as vidas e capacidades dos próprios trabalhadores que aqueles marxistas ortodoxos procuravam liderar e libertar.
Thompson foi uma figura-chave na primeira geração da Nova Esquerda Britânica das décadas de 1950 e 1960. Após o sufocamento da revolução húngara pela URSS em 1956, ele ajudou a restabelecer o que Ernst Bloch chamou de “corrente quente” (“warm stream”) do marxismo. Essa corrente privilegia as ações, contradições, pensamentos, esperanças, fracassos e emoções dos indivíduos da classe trabalhadora. Em contraste, a “corrente fria” do marxismo enfatiza as estruturas do capitalismo, o Estado e as ideologias hegemônicas. Não estou sugerindo que a “corrente fria” seja irredimível, pois produziu análises estelares. Muitas vezes faz-se inclusive necessária uma fusão das duas linhas (o que o próprio Thompson conseguiu, como em Poverty of Theory).
Penso que a tradição explicitamente socialista da história vista de baixo é hoje mais relevante do que nunca, dada a surpreendente concentração de riqueza nas mãos de poucos em todo o mundo, e o fato de que ainda são ignorados tantos movimentos, costumes e lutas extraordinárias da classe trabalhadora. No entanto, a história vista de baixo parece ter saído de moda, com exceção de alguns pequenos bolsões. A imposição do capital neoliberal, ou “globalização” nos anos 1970 e 1980, o declínio a longo prazo dos sindicatos e das greves, e o fracasso de vários movimentos da classe trabalhadora talvez tenham causado um pessimismo sobre o valor da história vista de baixo. Isso foi agravado ainda pelo domínio do pós-estruturalismo liberal na maioria das universidades desde a década de 1990. Em geral, rejeitam a história socialista vista de baixo como ultrapassada, romântica e reducionista, acusando-a ainda de desprezar categorias como gênero, raça, deficiência física e outras pautas identitárias. Para esses críticos, a história vista de baixo supostamente essencializaria os sujeitos rebeldes, ignorando complexidades e diferenças entre eles.
Em resposta, não creio que a história socialista vista de baixo deva ser descartada, mas sim ampliada e atualizada para incluir não apenas revoltas, mas também levar em conta o conservadorismo, a ambiguidade e a apatia. O próprio Thompson escreveu histórias complexas e cheias de nuances que examinaram não apenas os tumultos e rebeliões por comida, mas também como as instituições de cima moldaram e reprimiram os proletários e seus aliados. Por exemplo, por vezes se esquece que The Making of the English Working Class teve como pano de fundo uma longa contrarrevolução, a onda de intensa repressão no Reino Unido após a Revolução Francesa. Thompson estudou como as culturas, comunidades e movimentos socialistas (ou protossocialistas) se espalharam e se infiltraram sob a superfície, e então emergiram em 1831-1832 quando, segundo ele, ocorreu uma quase-revolução na Inglaterra.
Thompson e outros historiadores de baixo foram criticados por se concentrarem nos trabalhadores assalariados brancos do sexo masculino, restritos a fronteiras nacionais. Em resposta, muitos deles empreenderam uma abordagem mais ampla e inclusiva da história social. Historiadoras feministas fizeram histórias vistas de baixo sobre as relações entre gênero e política da classe trabalhadora, como Anna Clark. Theodore Koditschek e outros desenvolveram de forma crucial um “novo e mais abrangente tipo de história vinda de baixo”, na qual a [concepção de ] classe se sofistica ao incorporar outras formas de subalternidade como gênero, sexualidade, alteridades coloniais ou raça, cujas análises, por sua vez, também se sofisticam ao considerarem a variante classe.[2] Marcus Rediker e Peter Linebaugh expandiram ainda mais o escopo dessa nova história vista de baixo para incluir os escravizados, ou o trabalho não-livre, bem como conexões transnacionais em revoltas.[3] Na verdade, muitos defenderam uma integração da história global e da história vista de baixo, e o livro de Rediker e Linebaugh é um excelente exemplo deste apelo.
Em Aotearoa, Nova Zelândia, a história vista de baixo continua marginalizada, e uma história do trabalho institucional, biográfica e tradicional ainda predomina. Ao contrário de na maioria dos países, a Nova Esquerda das décadas de 1950 a 1970 não gerou aqui uma corrente de história vista de baixo. No entanto, entre a década de 1970 e o começo do século XXI uma minoria de historiadores explorou essa vertente em menor ou maior extensão. Isso inclui Tony Simpson em seu The Sugarbag Years (1974), uma admirável história oral da depressão dos anos 1930, Steven Eldred-Grigg em New Zealand Working People (1990), Anna Green e suas publicações sobre estivadores, e Erik Olssen, que escreveu histórias do sindicalismo industrial antes da Primeira Guerra Mundial. Além desses escritos, cineastas produziram algumas histórias incríveis de várias greves durante as décadas de 1970 e 1980, como Wildcat e Even Dogs are Given Bones, sobre uma ocupação de fábrica.[4]
Aproximadamente desde os anos 2010, um novo grupo de historiadores vem estabelecendo paulatinamente uma corrente que utiliza em grande parte abordagens próprias de uma história vista de baixo ampliada, incluindo Cybele Locke, Jared Davidson, Grace Millar, Ryan Bodman, Ross Webb e meu próprio trabalho. Escrevi histórias vistas de baixo sobre a Nova Esquerda, os meatpackers, a reestruturação capitalista e a desindustrialização, e as experiências das greves de base. Minhas publicações procuram incluir os maori, os pasifika (migrantes das Ilhas do Pacífico), mulheres e tendências globais mais amplas. Embora Locke tenha se concentrado nos dirigentes sindicais remunerados menos do que nos de base, ela incorporou em suas histórias as experiências dos “trabalhadores nas margens” (mulheres, maori e desempregados). Essa autora fez recentemente uma biografia social de um importante líder sindical, utilizando uma quantidade expressiva de fontes de história oral relativas a trabalhadores de base, e tentando entrelaçar histórias de vida pessoais com lutas políticas mais amplas (Comrade, 2022). Millar escreveu histórias sociais sobre a paralisação ocorrida na orla marítima em 1951, com base em histórias orais enfocadas na enorme contribuição das mulheres em seus lares para sustentar aquela luta. Davidson produziu histórias vistas de baixo sobre a repressão, os anarquistas, socialistas, pacifistas, e mais recentemente, sobre presidiários (Blood and Dirt, 2023). Bodman escreveu uma história popular da liga de rugby, esporte tradicionalmente jogado por operários incluindo muitos maori e pasifika (Rugby League in New Zealand, 2023). Webb estudou os trabalhadores da indústria de carne, também utilizando-se da história oral. No entanto, a principal contribuição explícita para o estudo de Thompson em Aotearoa veio de Scott Hamilton, que escreveu uma história intelectual e crítica de E.P. Thompson.[5]
Os desafios para os adeptos da história vista de baixo na Oceania, tal como em outros países colonizados, parecem diferentes daqueles da Europa, onde muitos historiadores de baixo vasculham antigas fontes legais de centenas de anos atrás, ou da Revolução Industrial, para tentar traçar a história oculta dos pobres e da classe trabalhadora em geral. Esse tipo de estudo não é tão viável aqui, visto que Aotearoa foi colonizada em 1840 pelos britânicos. Assim, a documentação arquivística é relativamente escassa. Além disso, as tradições orais dos maori e de outros povos originários do Pacífico fazem com que aqui a história oral seja altamente significativa. Além disso, a região não sofreu um processo de industrialização. Após os sangrentos cercos das terras maori, o capital britânico e local basicamente estabeleceram um grande latifúndio para produzir matérias-primas para a Grã-Bretanha, já que não podiam encurralar os maori e os migrantes britânicos e irlandeses em fábricas e minas inexistentes. Em muitos aspectos, talvez tenhamos mais em comum com outros países agroexportadores da América do Sul, como o Uruguai e a Argentina, e partes do Brasil.[6] Portanto, em vez de uma demanda mais tradicional em estudar as relações e os costumes nos locais de trabalho e nos espaços domésticos, a questão da terra é de suma importância aqui, assim como o imbricamento entre capital e racismo (e como numerosos membros brancos da classe trabalhadora, ou pakeha, se beneficiaram da colonização e da expropriação de terras).
A história vista de baixo em todo o mundo tem ignorado amplamente os trabalhadores indígenas até hoje, incluindo os do Pacífico Sul. A maioria assume que os trabalhadores indígenas eram, e são, altamente marginalizados e alocados nas zonas rurais.[7] No entanto, os maori e outros lutaram continuamente, e também foram (são) fundamentais para a economia por terem sido empregados como trabalhadores assalariados baratos, tanto em ambientes rurais como urbanos, após cercamentos das suas terras. Em termos gerais o legado de Thompson, para mim, inspira o desafio de integrar um marxismo “quente” e uma história vista de baixo mais ampla – que estude condições, contradições e experiências complexas de pessoas da classe trabalhadora em nossas partes do mundo – com as correntes mais “frias”, como a história do trabalho global. Se quisermos produzir uma história do trabalho verdadeiramente global a partir de baixo, precisamos de considerar não apenas as ondas de industrialização, globalização, comércio, resistência transnacional, interconexões e diferenças, mas também os profundos efeitos globais e locais da colonização.
Tradução: Eneida Sela
[1] Ver Toby Boraman, “Indigeneity, Dissent, and Solidarity: Māori and Strikes in the Meat Industry in Aotearoa New Zealand During the Long 1970s,” International Review of Social History, 64 (2019): 1–35, e “Destructuring the dis-assembly line: the reversal of power relations in the Aotearoa/New Zealand meat processing industry,” in Marcel van der Linden and Nicole Mayer-Ahuja, eds., Power and Work: A global perspective on Control and Resistance (Berlim: De Gruyter, 2023), 161–86.
[2] Ver Theodore Koditschek, “The Future of Class in History: What’s Left of the Social?,” Journal of Modern History, 81 (2009): 374.
[3] Peter Linebaugh e Marcus Rediker, The Many-Headed Hydra: Sailors, Slaves, Commoners, and the Hidden History of the Revolutionary Atlantic (Boston: Beacon Press, 2004).
[4] Wild Cat, direção de Rod Prosser, Russell Campbell e Alastair Barry (Vanguard Films, 1981); Even Dogs are Given Bones, direção de Carole Stewart (Dyke Productions, 1982).
[5] Scott Hamilton, The Crisis of Theory: E.P. Thompson the New Left and Postwar British Politics. Manchester: Manchester University Press, 2011.
[6] Para boas comparações, ver Buchanan e Nicholls, Labor Politics in Small Open Democracies, 2003
[7] Para um panorama dessa literatura, ver Boraman, “Indigeneity, Dissent, and Solidarity”, 1–2.
For an expanded global history from below
Toby Boraman (Nova Zelândia)
Lecturer in Politics and a labour historian in Aotearoa, New Zealand
Many stress that E.P. Thompson helped us better comprehend class formation. He viewed class, and working-class customs, as fluid, historical processes that are made and re-made by working-class people over time, yet also unmade by elites and their structures. Others suggest the main innovation of the history from below tradition, which Thompson helped found along with many other historians globally in the 1950s, was to turn the normal elitist history of ‘great men’ upside down by seeking to put ‘ordinary’ people’s histories at the centre of history.
These comments are both deeply true. By using history from below, many previously overlooked subjects, customs, and events take the centre stage. For example, I have found that meat processing workers (or ‘meatpackers’, as they are known in North America) undertook – during a period of economic crisis in the long 1970s – a sort of everyday ‘industrial game’ or low-intensity guerrilla warfare on the job against management. They did this to not only receive higher pay, but also to make their dehumanising and repetitive work more humane and fun, and to gain greater control over their work conditions. This was not unusual globally at the time among other assembly-line workers, but a key reason why meatworkers were able to do so was because they had established not only powerful and highly democratic rank-and-file unionism, but their own solidaristic informal cultures at work based on extended families, and in many slaughterhouses, Māori customs. Companies complained that meatworkers’ informal, everyday resistance – which was intermixed with compliance, and varied from plant to plant – cost companies as much lost production and profit as strikes (if not more).[1] Their work cultures, except for the influence of Māori, have many parallels with other assembly-line workers globally – as documented in Jack Saunders’ excellent Assembling Cultures (2019) in the post-WWII UK auto industry.
Yet it is often downplayed that Thompson re-asserted an unorthodox libertarian Marxist and ‘socialist humanist’ approach to history that stressed people’s ability to emancipate, to some degree, themselves. This contrasts with impersonalist structuralist Marxism and socialism, as expounded by Althusser and others, that Thompson frequently clashed with. The dominant structuralist approach often reduced history to the study of leftist institutions such as parties, or socialist ‘great men’ in the form of various socialist leaders (activist or theoreticians), and thus ironically overlooked the lives, and capacities, of the very working-class people that those orthodox Marxists were seeking to lead and liberate.
Thompson was a key figure in the first British New Left of the 1950s and 1960s. After the USSR’s crushing of the Hungarian revolution in 1956, he helped re-establish, along with many others, what Ernst Bloch called the ‘warm stream’ of Marxism. That current emphasises the actions, contradictions, thoughts, hopes, failures and emotions of working-class people. In contrast, the ‘cold’ current of Marxism emphasises the structures of capitalism, the state and hegemonic ideologies. This is not to suggest the ‘cold stream’ is irredeemable – it has produced many stellar analyses – and what often is sorely needed is a merging of the two currents (which Thompson often achieved himself, such as in Poverty of Theory).
I think the (explicitly socialist) history from below tradition is more relevant than ever today, given the astonishing concentration of wealth in the hands of the few globally, and how there are so many remarkable working-class movements, customs, and struggles that have been ignored. Yet the history from below tradition seems to have gone out of style, apart from a few small pockets. Since the lasting imposition of neoliberal capital, or ‘globalisation’, since the mid-1970s and 1980s, the long-term decline of unions and strikes, and the failure of various working-class movements to unseat neoliberal capital, perhaps a pessimism has set in about the value of history from below. This has been compounded by the dominance of liberal post-structuralism in most universities since the 1990s. In general, they dismiss socialist history from below as outdated, romantic, and class-reductionist, and dismissive of gender, race, disability and so on. History from below allegedly essentialises rebellious subjects, and overlooks complexity and difference.
In response to these critics, I do not think socialist history from below needs to be jettisoned. Instead, it needs to be expanded and updated to include not only revolts, but also to take account of conservatism, ambiguity, and apathy. Thompson himself wrote complex and nuanced histories that examined not only food riots and rebellions, but also how institutions from above shaped, and repressed, proletarians and their allies. For example, it is sometimes forgotten that his Making of the English Working Class was set against the backdrop of a long counter-revolution (the wave of intense repression in the UK following the French revolution of the late 1700s). Thompson studied how socialist (or proto-socialist) cultures, communities, and movements spread and percolated under the surface, which then emerged in 1831–1832 when, according to Thompson, a near revolution occurred in England.
Thompson and other historians from below have been criticised for focussing on white, male wage-workers within narrow national boundaries. In response, many historians from below have developed a broader, and more inclusive, approach to social history. Feminist herstorians have developed histories from below of the interplay between gender and working-class politics, such as Anna Clark. Theodore Koditschek and others have crucially developed a ‘new kind of more expansive’ history-from-below, in which in which ‘class is complicated by and in turn complicates other forms of subalternity, such as gender, sexuality, colonial-otherness, or race’.[2] Marcus Rediker and Peter Linebaugh have further developed this expanded history-from-below framework to include slaves, or unfree labour, as well as transnational connections in uprisings.[3] Indeed, many have argued for an integration of global history and history from below, and Rediker and Linebaugh’s book is an excellent example of this call.
In Aotearoa New Zealand, history from below has been marginalised. Traditional institutional and biographical labour history is still dominant. Unlike most countries, the New Left of the 1950s to 1970s here did not spawn a history from below current. However, a small minority of historians from the 1970s to early 2000s explored history from below to lesser or greater extents. This includes Tony Simpson in his The Sugarbag Years (1974) a magnificent oral history of the 1930s depression, Steven Eldred-Grigg (in his New Zealand Working People (1990)), Anna Green (in her publications about dockworkers), and Erik Olssen, who wrote histories of syndicalism and industrial unionism before WWI. Outside the written word, filmmakers produced some wonderful histories from below of various strikes during the 1970s and 1980s such as Wildcat and Even Dogs are Given Bones (about a factory occupation).[4]
Since about the 2010s, a new grouping of historians have slowly established a minor undercurrent which largely uses an expanded history from below framework. This includes Cybele Locke, Jared Davidson, Grace Millar, Ryan Bodman, Ross Webb, and myself. I have written histories from below of the New Left, meatworkers, capitalist restructuring and de-industrialisation, and rank-and-file experiences of strikes. My publications attempt to be inclusive of Māori, Pasifika (Pacific Island migrants), women and broader global trends. While Locke’s focus has been more on paid union officials than the rank-and-file, she has integrated the experiences of ‘workers in the margins’ (women, Māori, and the unemployed) into labour histories. She has recently written a ‘social biography’ of a major trade union leader that uses substantial oral history of rank-and-file workers, and attempts to interweave personal life stories with broader political struggles (Comrade, 2022). Millar has written social histories of the 1951 waterfront lockout, based on oral histories, which focusses on women’s massive contribution in the home to sustaining that struggle. Davidson has written histories from below of anarchists, socialists, war resisters, repression, and most recently prisoners (Blood and Dirt, 2023). Bodman has written a ‘people’s history’ of rugby league, a game traditionally played by blue-collar workers including many Māori and Pasifika (Rugby League in New Zealand, 2023). Webb has written about meatworkers based on oral history. However, the major explicit contribution to studying Thompson in Aotearoa New Zealand has come from Scott Hamilton, who wrote an intellectual, and critical, history of E.P. Thompson.[5]
The challenges for historians from below in Oceania, like other colonised countries, seem different from those in Europe. Many European historians from below scour old court records from hundreds of years ago, or during industrialisation, to try and trace the hidden history of ‘the poor’ and broader working class. That kind of study is not as feasible here given Aotearoa New Zealand was colonised in 1840 by the British. Hence archival records are relatively sparse. Furthermore, the oral traditions of Māori, and other indigenous Pacific peoples, means that oral history here is highly significant. Further, major industrialisation did not develop here. After the bloody enclosures of Māori land, the British and local capital basically established a giant farm to produce primary produce for Britain, rather than corralling Māori, and British and Irish migrants, into non-existent factories and mines. In many respects, we have more in common perhaps with other agro-export countries in South America such as Uruguay and Argentina, and parts of Brazil, than Europe (for useful comparisons, see Buchanan and Nicholls, Labour Politics in Small Open Democracies, 2003). Hence rather than the traditional need to study labour relations and customs in the workplace and in the home, the question of land is of paramount importance here, as is the intertwining of capital and racism (and how numerous working-class whites or Pākehā have benefited from colonisation and land expropriation).
History from below globally has largely ignored indigenous workers to date, including those in the South Pacific. Most assume that indigenous workers were, and are, highly marginalised and rurally based.[6] Yet Māori and others have consistently fought back, and were, and are, also central to the economy in terms of being employed, after enclosures of their land, as ‘cheap’ wage-labourers in both rural and urban settings. Overall, the legacy of Thompson’s work, for me, is how to integrate a ‘warm’ Marxism, and an expanded history from below that is based on the conditions, contradictions, and complex experiences of working-class people in our parts of the world, with the more ‘cold’ streams, such as global labour history. If we are to produce a truly global labour history from below, we need to consider not just waves of industrialisation, globalisation, trade, transnational resistance, and interconnections (and divergences), but the profound ongoing global and local effects of colonisation.
[1] For example, see Toby Boraman, ‘Indigeneity, Dissent, and Solidarity: Māori and Strikes in the Meat Industry in Aotearoa New Zealand During the Long 1970s,’ International Review of Social History, 64 (2019), pp.1–35 and ‘Destructuring the dis-assembly line: the reversal of power relations in the Aotearoa/New Zealand meat processing industry.’ In Power and Work: A global perspective on Control and Resistance, eds. Marcel van der Linden and Nicole Mayer-Ahuja, Berlin: De Gruyter, 2023, pp.161–186.
[2] Theodore Koditschek, ‘The Future of Class in History: What’s Left of the Social?,’ Journal of Modern History, 81 (2009), p.374.
[3] Peter Linebaugh and Marcus Rediker, The Many-Headed Hydra: Sailors, Slaves, Commoners, and the Hidden History of the Revolutionary Atlantic (Boston: Beacon Press, 2004).
[4] Rod Prosser, Russell Campbell and Alastair Barry, directors. Wildcat, Vanguard Films, 1981; Carole Stewart dir., Even Dogs are Given Bones, Dyke Productions, 1982.
[5] Scott Hamilton, The Crisis of Theory : E.P. Thompson the New Left and Postwar British Politics. Manchester: Manchester University Press, 2011.
[6] For an overview of this literature see Boraman, ‘Indigeneity, Dissent, and Solidarity, pp.1-2.