Duas décadas com E. P. Thompson em cinco episódios
Görkem Akgöz (Turquia)
Professora da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg, Alemanha.
Episódio I – O Encontro Formativo
Meados dos anos 2000. Estou trabalhando duro para desenvolver minha pesquisa de doutorado. Eu estudo economia política global e sociologia histórica na State University of New York (SUNY), em Binghamton, o berço da teoria do sistema-mundo, e sede do Centro Fernand Braudel. Estou cercada por pessoas que escrevem sobre “grandes questões” como a Economia atlântica, os vários tipos de trabalho não-livre, sistemas de trabalho coloniais, e assim por diante. Sinto-me obrigada a corresponder ao escopo e à ambição de seus esforços e apresentar ideias relevantes sobre questões de grande escala, na perspectiva da longa duração.
Um dos lugares que gosto de frequentar em Binghamton, uma cidade estadunidense pós-industrial e decadente, é um sebo repleto de livros antigos deixados para trás por pessoas que saíram da cidade assim que terminaram a universidade. Durante uma de minhas incursões ao local, notei o exemplar bastante manuseado de um tijolaço, cuja capa estampava um homem andando em roupas brancas estranhamente limpas, com uma locomotiva a vapor sobre trilhos ao fundo. Mais tarde, descobri que se tratava de uma ilustração de 1814, “The Collier”, representando um trabalhador das minas de carvão em Middleton, no sul de Leeds, que retornava do trabalho em seu traje típico. A ilustração também era primeira imagem impressa conhecida de uma locomotiva a vapor.
A imagem de um trabalhador portando uma bengala, em primeiro plano, e a locomotiva a vapor ao fundo expelindo fumaça, sendo operada por dois trabalhadores, combinada ao estranho título The Making of the English Working-Class (que Thompson reconheceu no prefácio do original Edição de 1963: “Este livro tem um título desajeitado, mas que cumpre o seu propósito”) transmite, acima de tudo, a sensação de um mundo em movimento. Mais tarde, eu concluiria que aqueles personagens incorporam a essência das ideias e argumentos apresentados nas capas do livro. Mas o que resta desse primeiro encontro é a alegria pura de ler algumas páginas aleatórias da obra, a simpatia quase novelística, profunda e viciante de Thompson pelo seu tema, e a força intelectual e emocional do seu argumento: “Não vejo classe como uma ‘estrutura’ nem mesmo como uma ‘categoria’, mas como algo que de fato acontece (e pode ser demonstrado que aconteceu) nas relações humanas”. Estou imediatamente rendida; quase posso sentir o veneno correndo gradualmente em minhas veias. Finalmente sei o que vou escrever em meu doutorado: a formação da classe operária turca. A juventude traz uma autoconfiança injustificada; eu aprenderia minha lição da maneira mais dura nos próximos anos, e evitaria ser uma daquelas historiadoras que continua citando o livro de Thompson sem ser capaz de igualar o nível de detalhe histórico e análise que ele alcançou.
Episódio II – Um Envolvimento Arrebatador
Estamos nos anos 1990, uma década marcada por uma maior organização política na esteira do desmantelamento violento da sociedade civil pelo golpe de Estado militar de setembro de 1980 na Turquia. Uma série de mobilizações sociais abriu caminho para discussões sobre métodos organizacionais alternativos e programas socialistas pouco ortodoxos. Thompson havia ganhado popularidade entre uma nova geração de historiadores, tanto por causa de suas intervenções acadêmicas críticas ao marxismo ortodoxo quanto por seu envolvimento no movimento antinuclear e no anti-stalinismo. Logo, The Poverty of Theory foi o primeiro livro de Thompson a ser traduzido para o turco. O desenvolvimento de uma história social mais ampla na Turquia, influenciada sobretudo por essa obra, também ganhou força numa tradição historiográfica nacional melhor epitomizada na expressão “o paradigma do Estado forte”. Historiadores e cientistas sociais geralmente atribuem os problemas políticos, econômicos e sociais da Turquia à “forte herança estatal” do país do Império Otomano. Afirmam que o regime totalitário se esforçou por ocidentalizar a sociedade, empreender reformas de alto nível e solidificar sua supremacia social inquestionável. Perante esse estado repressivo, continua a narrativa, a sociedade turca foi incapaz de evoluir para a “sociedade” que existe na Europa; em vez disso, manteve-se como um grupo que defende e reproduz o passado do Estado, sem poder expressar suas próprias exigências. Tal conceitualização leva a duas conclusões lógicas: 1. A noção de agência ficou virtualmente restrita à ação do Estado e da elite; 2. Ou a classe não foi considerada uma categoria analítica na análise histórica, ou foi mais utilizada como categoria sociológica do que como uma relação histórica.
Com sua forte ênfase na agência da classe trabalhadora, The Making tornou-se a estrela-guia para os historiadores do trabalho em sua busca pela classe trabalhadora há muito perdida e pela sua atuação na história nacional. A primeira tarefa foi estabelecer a presença histórica e a agência das classes mais baixas como sujeitos de mérito próprio. Dado que essa se revelou uma longa e difícil empreitada (em parte devido a arranjos documentais muito problemáticos), o conceito de história dos trabalhadores como uma história social amplamente definida, incluindo todos os aspectos das suas vidas, fez pouco progresso. Quando decidi pesquisar exatamente isso, uma década depois, ainda não havia compreendido a profundidade do problema. Como outros profissionais da área, tive tremenda dificuldade em encontrar material de arquivo de onde pudesse ouvir a voz dos trabalhadores. Ao tentar construir os fundamentos do contexto histórico em termos de história social, limitamo-nos muitas vezes a uma perspectiva nacional restrita e ignoramos as conexões históricas e geográficas que relacionam o nosso caso particular aos sistemas globais. À medida que nos esforçávamos por fazer a transição da chamada velha história do trabalho para uma nova, abraçando o movimento historiográfico thompsoniano, a área começou a explorar outros caminhos após um período prolongado de crise disciplinar significativa, que durou quase vinte anos.
Episódio III – Uma Combinação Promissora
Estamos no início da década de 2010. Estou trabalhando duro para terminar minha tese sobre a industrialização liderada pelo Estado entre guerras na Turquia, no Instituto Internacional de História Social em Amsterdã, o berço dos estudos do trabalho global (GLH). A perspectiva GLH propôs que a história do trabalho abandonasse abordagens insulares e inserisse todos os processos históricos num contexto mais amplo, comparando-os a processos de outros lugares. Privilegia o estudo transnacional das relações laborais e dos movimentos sociais dos trabalhadores em sentido mais amplo, incluindo trabalho livre e não livre, remunerado ou não. The Making estava agora sendo criticado por tratar o processo inglês de formação de classes como um processo autônomo, e por negligenciar as conexões imperiais e o colonialismo. Apesar de seu feito historiográfico pioneiro, o livro incorre em dois pecados que tanto a antiga como a nova história do trabalho cometeram: o nacionalismo metodológico e o eurocentrismo.
Mas o que tudo isso significa para os estudiosos da história de vista de baixo, como eu? Teremos que abandonar o estudo dos sentimentos e ações dos trabalhadores concretos para podermos prestar atenção a processos sociais mais amplos? Será que a história global tem de ser apenas em grande escala? Ou poderia incluir também a micro-história? É possível uma história do trabalho global vista de baixo? Enquanto luto com essas questões, Marcel van der Linden vem em meu socorro. “É perfeitamente possível escrever uma história global de uma pequena aldeia, de um local de trabalho ou de uma família”, escreve ele, desde que sigamos as pistas que nos interessam para “além de fronteiras políticas e geográficas, prazos, territórios e limites disciplinares”. Percebi assim que a história do trabalho como objeto de estudo requer uma diversidade de pontos de vista e formas de ver, e que, como afirma o célebre micro-historiador italiano Carlo Ginzburg, tanto na história como no cinema o ponto de vista global está implícito em qualquer close-up. Mentalmente, pego a câmera e começo a brincar com a função zoom.
Episódio IV – Uma Inspiração Contínua
Estamos no início da década de 2020. Estou trabalhando duro para terminar o manuscrito de meu livro, In the Shadow of War and Empire: Industrialization, Nation-Building, and Working-Class Politics in Turkey (agora com acesso aberto disponível pela Brill). O trabalho oferece uma história localizada [a site-specific history] da industrialização otomana e turca através das lentes de uma fábrica de algodão de meados do século XIX na “Manchester turca”, nome escolhido pelos otomanos para o complexo industrial que construíram na década de 1840 em Istambul e que, nas palavras de um dos mais proeminentes teóricos marxistas contemporâneos do país, se tornou “o segredo e a base do capitalismo turco” na década de 1930. Qual foi o resultado desse segundo ciclo de industrialização periférica que começou apenas uma década após a República da Turquia se tornar o último estado-nação a emergir das cinzas do Império Otomano? De que formas a simultaneidade dos dois processos de construção nacional pós-imperial e de industrialização liderada pelo Estado afetou seu desenvolvimento? E como é que a política da classe trabalhadora moldou sua trajetória? Ao pontuar essas questões, situo a singular experiência político-econômica turca dos períodos entre guerras e do pós-guerra imediato num quadro global, e escrevo o desenrolar desta história ao longo do império e do capitalismo global.
O impacto de Thompson é evidente em meu livro de diversas maneiras. Em primeiro lugar, ao explorar as dimensões complexas da classe como uma experiência vivida e uma determinação estruturada, esforcei-me por superar a divisão entre o nível micro da produção e o nível macro da política estatal, fazendo uma história de baixo para cima. A interdisciplinaridade de Thompson, ampla mas historicamente centrada, guiou-me nesse esforço. Em segundo lugar, seus estudos me ensinaram que podemos continuar focados nas materialidades da classe enquanto empregamos abordagens mais culturalmente informadas, bem como sermos atentos à forma como as circunstâncias e desigualdades materiais contribuem para a formação de práticas discursivas, evitando as armadilhas da análise pós-estruturalista. Por último, mas não menos importante, Thompson inspirou minha relação com as fontes de arquivo. Ele não apenas abriu as páginas do passado a gentes várias; ele também abriu as práticas dos historiadores a diferentes abordagens, fontes e métodos.
Um aspecto intocado do prazer em ler Thompson é seu evidente deleite pelos detalhes precisos e significativos, pelas ilustrações emotivas e pelas anedotas valiosas. Ele utiliza largamente citações de fontes, dando aos leitores um vislumbre das vozes de uma classe trabalhadora que ainda está em processo de formação. A sonoridade dessas citações, que são frequentemente distintas e ocasionalmente fonéticas, é tal que os leitores quase conseguem ouvir as vozes de uma classe trabalhadora em seu fazer-se. Ele foi o modelo mais acabado do cuidado que os historiadores deveriam ter para com a natureza da fonte que esteja diante deles. Anedotas, folclore, poesia e fontes orais e literárias em sentido abrangente são alguns exemplos dos recursos históricos subvalorizados que ele utilizou. Embora as fontes possam ser um tanto incompletas e fragmentadas, elas realçam as cores e ampliam a perspectiva da imagem que ele retrata. Apesar do caráter extremamente desafiador do contexto arquivístico, a abordagem de Thompson às fontes – metódica, mas inovadora – e sua hábil capacidade de sintetizar e promover o diálogo entre elas foi inestimável para revelar as vozes suprimidas das classes trabalhadoras durante uma era crucial na história da Turquia.
Episódio V – Um Legado Duradouro
Estamos em 2023. Estou ministrando um curso de Crítica Cultural Aplicada na Universidade de Groningen. Por ser historiadora, abro a primeira sessão contextualizando a cultura, a crítica e a crítica cultural no século XX. Concentro a discussão em três livros que marcaram o surgimento dos estudos culturais, que desafiaram o papel residual e meramente reflexivo atribuído ao “cultural” e consideraram a cultura um elemento sem o qual os processos históricos, tanto passados como presentes, não poderiam ser compreendidos. Os estudantes de mestrado mais eruditos já estão familiarizados com dois dos livros de Raymond Williams e Richard Hoggart, mas somente agora estão sendo iniciados em The Making.
É quase desnecessário explicar por que o trabalho de Thompson ainda é importante para os historiadores do século XXI, mas seu significado para os estudantes de estudos culturais não estava imediatamente claro. Em minhas aulas, Thompson impressionou os alunos com sua abordagem de baixo para cima para recuperar movimentos radicais e populares negligenciados nos relatos acadêmicos, por sua ênfase nas tradições e práticas vividas através das quais a cultura é expressa e nas quais está incorporada, e finalmente pelo impacto que o autor exerceu sobre figuras fundadoras da disciplina que eles estudam. Acima de tudo, os alunos ficaram fascinados ao conhecerem as circunstâncias em que surgiu aquele novo e radical conceito de cultura. Os conceitos e ideias-chave que hoje constituem a base do projeto de estudos culturais surgiram da experimentação, interdisciplinaridade e do compromisso político da educação de adultos, com iniciativas muitas vezes vindas de baixo. Thompson, como Williams e Hoggart, passou muitos anos de sua carreira dedicando-se à educação de adultos, ensinando principalmente alunos da classe trabalhadora em aulas antes chamadas “de extensão” ou “extramuros”, que podemos agora descrever como “de alcance público”. O principal objetivo daquelas aulas não era dar aos estudantes um acesso ao conhecimento “burguês”, mas operar a partir de suas necessidades e interesses, o que exigia a investigação da cultura popular comum em que viviam. Para aqueles primeiros expoentes, os estudos culturais faziam parte de um movimento social mais amplo, uma forma de “política por outros meios”.
Foi principalmente esse alto nível de envolvimento crítico que Thompson e os outros tiveram com o “obsceno mundo exterior” que capturou a imaginação política dos estudantes, que então se revelaram críticos do distanciamento de sua área em relação a realidades atuais, bem como a perda da capacidade crítica, vítima a afetação acadêmica. Estamos atualmente testemunhando uma mudança fundamental no papel dos intelectuais e acadêmicos à medida que as universidades se tornam cada vez mais corporativas. Nas últimas três décadas, aproximadamente, as próprias universidades passaram por profundos retrocessos, resultando num afastamento generalizado das obrigações relativas à cidadania. Num breve artigo de 1987 (“Reflections on Jacoby and all that”), Thompson criticou o declínio do “diálogo com o público” devido ao “isolamento estrutural e ao autoisolamento da academia”. E acrescentou: “Todos perdem – os escritores, o público e a academia”. Sua obra, como toda história radical que se preze, ainda tem muito a nos ensinar, tanto sobre o presente quanto sobre o passado que o autor evoca tão meticulosamente. E isso também inclui as formas como permanecemos prisioneiros de nossos próprios contextos históricos.
E. P. Thompson discursando durante uma manifestação antinuclear em Oxford, 1980. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/E._P._Thompson
Tradução: Eneida Sela
Five episodes from a two-decade-long academic walk with E. P. Thompson
Görkem Akgöz (Turkey)
Lecturer, Albert-Ludwigs-Universität Freiburg, Germany
Episode I- The Formative Encounter
It’s the mid-2000s, and I’m working hard to develop my PhD research. I am studying global political economy and historical sociology at the State University of New York at Binghamton, the birthplace of world-system analysis and home to the Fernand Braudel Centre, and I am surrounded by people who are writing about “big issues” like the Atlantic economy, various types of unfree labour, colonial labour systems, and so on. I feel obliged to match the scope and ambition of their efforts and come up with significant ideas on large-scale issues from a longue durée perspective.
One of the few places I enjoy hanging out in Binghamton, a post-industrial, run-down American city, is a second-hand bookstore filled with old books left behind by people who fled the town as soon as they were done with the university. During one of my trips, I noticed a well-read, well-loved copy of a door-stopper book depicting a man in strangely clean, white clothes walking with a steam locomotive on rails in the background. I later discovered that this was an 1814 illustration of “The Collier,” depicting a coal miner from the Middleton Colliery in south Leeds returning from work in his typical garb, as well as the first known print image of a steam locomotive.
The juxtaposition of the image of a worker simply walking with a stick and the smoke-belching steam locomotive with two workers toiling on it, combined with the strange title The Making of the English Working-Class (which Thompson acknowledged in the preface to the original 1963 edition: “This book has a clumsy title, but it is one that meets its purpose.”), conveys, above all, a world in motion. Later, I would decide that they embody the essence of the ideas and arguments deployed within the covers of the book. But what remains from that first encounter is the unadulterated joy of reading a few random pages of the book, Thompson’s almost novelistic, profound, and addictive sympathy for his subject, and the intellectual and emotional force of his argument: “I do not see class as a “structure” nor even as a “category,” but as something that in fact happens (and can be shown to have happened) in human relationships.” I am immediately sold; I can almost feel the gradual passage of the poison in my veins. I finally know what I’m going to write for my dissertation: The Making of the Turkish Working Class. With youth comes unwarranted self-confidence; I would learn my lesson the hard way in the coming years and avoid being one of those historians who kept quoting his title without being able to match the level of historical detail and analysis he achieved.
Episode II- The Overwhelming Engagement
It is the 1990s, a decade marked by increased political organisation following the violent dismantling of civil society by the September 1980 military coup d’état in Turkey. A string of social mobilisations paved the way for discussions on alternative organisational methods and unorthodox socialist programs. Thompson gained currency among a new generation of historians both because of his critical academic interventions into orthodox Marxism and his involvement in the anti-nuclear movement and anti-Stalinism. Accordingly, The Poverty of Theory was Thompson’s first book to be translated into Turkish. The development of a broader social history in Turkey, influenced above all by The Making, alsogained traction in a national historiographical tradition best captured with the phrase “the strong state paradigm.” Historians and social scientists commonly attribute Turkey’s political, economic, and social problems to the country’s “strong state heritage” from the Ottoman Empire. They claim that the totalitarian regime has endeavoured to Westernise society, undertake high-level reforms, and solidify its unquestioned social supremacy. In the face of this repressive state, the narrative continued, society has been unable to evolve into the “society” that exists in Europe; instead, it has remained a group that upholds and reproduces the state’s past rather than being allowed to express its own demands. Such conceptualization leads to two logical conclusions: 1. The notion of agency has been virtually exclusively restricted to state and elite action; 2. Class has either not been considered an analytical category in historical analysis or it has been used more as a sociological category than a historical relationship.
With its strong emphasis on working-class agency, The Making becomes the north star for labour historians in their search for the long-lost working class and its historical agency in national history. Establishing the lower classes’ historical presence and agency as historical actors in their own right was the first order of business. Because this proved to be a long and difficult task, owing in part to very problematic archival arrangements, the concept of workers’ history as a broadly defined social history including all aspects of their lives has made little headway. By the time I set my mind to doing exactly this a decade later, I had not quite grasped the depth of the problem. Like others in the field, I had tremendous difficulty finding the archival material where I could hear the voice of the working people. In trying to construct the very basics of the historical context in social history terms, we often confine ourselves to a narrow national perspective and overlook the historical and geographical connections that link our case to global systems. As we endeavoured to achieve the transition from the so-called old labour history to the new one by embracing the Thompsonian historiography movement, labour history started exploring other paths following a prolonged period of significant disciplinary crisis lasting almost twenty years.
Episode III- The Promising Combination
It’s the beginning of the 2010s, and I am working hard to finish off my dissertation on interwar state-led industrialisation in Turkey at the International Institute of Social History in Amsterdam, the birthplace of global labour (GLH) perspective. The GLH perspective proposed that labour history abandon insular approaches and place all historical processes in a larger context by comparing them to processes elsewhere; focus on the transnational study of labour relations and workers’ social movements in the broadest sense of the word; and include both free and unfree labour, be it paid or unpaid. The Making was now being criticised for treating the English process of class formation as a self-contained process and for its almost disregard for imperial connections and colonialism. Despite its path-breaking historiographical achievement, the book is guilty of the two sins that both the Old and the New Labour History committed: methodological nationalism and Eurocentrism.
But what does this all mean for students of history from below, like myself? Do we have to abandon the study of the feelings and actions of concrete workers to be able to pay attention to wider social processes? Does doing global history have to be large-scale only? Or could it include micro-history as well? Is a global labour history from below possible? As I struggle with these questions, Marcel van der Linden comes to my rescue. “It is quite feasible to write a global history of a small village, a work site, or a family,” he writes, as long as we follow the traces of interest “across political and geographic frontiers, time frames, territories, and disciplinary boundaries.” As I read this, I realised that labour history as a subject of study requires a diversity of points of view and ways of looking at things, and that, as noted Italian micro-historian Carlo Ginzburg puts it, in both history and film, the global viewpoint is implicit in any close-up. In my head, I take up the camera and start toying with the zoom function.
Episode IV- The Continuing Inspiration
It’s the beginning of the 2020s, and I’m working hard to finish my book manuscript, In the Shadow of War and Empire: Industrialization, Nation-Building, and Working-Class Politics in Turkey (now available with open access from Brill). The book offers a site-specific history of Ottoman and Turkish industrialisation through the lens of a mid-nineteenth-century cotton factory in the “Turkish Manchester,” the name chosen by the Ottomans for the industrial complex they built in the 1840s in Istanbul, which, in the contemporary words of one of the country’s most prominent contemporary Marxist theorists, became “the secret to and the basis of Turkish capitalism” in the 1930s. What was the outcome of this second round of peripheral industrialization that began barely a decade after the Republic of Turkey became the last nation-state to emerge from the ashes of the Ottoman Empire? How did the simultaneity of the two processes of postimperial nation-building and state-led industrialization affect its development? And how did working-class politics shape its course? By posing these questions, I situate the unique Turkish political-economic experience of the interwar and immediate postwar periods in a global framework and write this history as it happened over the course of empire and global capitalism.
Thompson’s impact is evident throughout my book in a variety of ways. First, in exploring the complex dimensions of class as a lived experience and structured determination, I strived to overcome the divide between the micro level of the production floor and the macro level of state policy, doing history from the bottom up, all the way to the top. Thompson’s broad but historically-centred interdisciplinarity has guided me throughout this endeavour. Second, his scholarship has taught me that we can stay grounded in the materialities of class while employing more culturally informed approaches, as well as be sensitive to how material circumstances and inequalities contribute to the formation of discursive practices without falling into the traps of poststructuralist analysis. Last but not least, Thompson has inspired my approach to archival sources. He has not only opened the pages of the past to different peoples; he has also opened the practices of historians to different approaches, sources, and methods.
One aspect of the unadulterated joy of reading Thompson is his evident delight in the precise and meaningful details, the emotive illustrations, and the anecdotes that have great value. He makes extensive use of quotations from sources, giving readers a glimpse of the voices of a working class that is still in the process of making. The spelling of these quotations, which are frequently distinctive and occasionally phonetic, is such that readers can almost hear the voices of a working class in the making. He was a model of the sensitivity that a historian should have towards the character of the source that was in front of him. Anecdotes, folklore, poetry, and oral and literary sources in the broadest sense are examples of undervalued historical resources that he used. While the sources may be somewhat partial and fragmented, they enhance the vibrancy of the colours and broaden the perspective of the picture he portrays. Despite the extremely challenging nature of the archival context, Thompson’s methodical yet innovative approach to sources, together with his skilful ability to synthesise and facilitate dialogue among them, has been invaluable in uncovering the suppressed voices of the working classes during a crucial era in Turkey’s history.
Episode V -The Lasting Legacy
It is 2023, and I am co-teaching an Applied Cultural Criticism course at the University of Groningen. Because I am a historian, I begin the first session by contextualising culture, criticism, and cultural criticism in the twentieth century. I focus the discussion on three books that marked the emergence of cultural studies, which challenged the residual and merely reflective role assigned to “the cultural” and considered culture as a component without which historical processes, both past and present, could not be understood. The well-read MA students are already familiar with two of the books by Raymond Williams and Richard Hoggart, but this is their first introduction to The Making.
The question of why Thompson’s work is still important to twenty-first-century historians requires little explanation. What this means for cultural studies students is not immediately clear. In my classroom, Thompson impressed the students with his bottom-up approach to retrieving radical and popular movements neglected in academic accounts, his emphasis on the lived traditions and practices through which culture is expressed and in which it is embodied, and his impact on the founding figures of their discipline. Above all, they were fascinated to learn about the circumstances in which this new, radical concept of culture emerged. The key concepts and ideas that now constitute the basis of the cultural studies project sprang from adult education’s experimentation, interdisciplinarity, and political commitment, with initiatives often coming “from below.” Thompson, like Williams and Hoggart, spent many years of his career in adult education, mostly teaching working-class students in what were variably called “extension” or “extra-mural” classes, which we may now refer to as “public outreach.” The aim in these classrooms was not primarily to give working-class students access to “bourgeois” knowledge but to work with their needs and interests, which required investigating the ordinary popular culture in which these people lived. For these early exponents, cultural studies were part of a broader social movement, a form of “politics by other means.”
It was mainly this high level of critical engagement Thompson and the others had with the “dirty outside world” that captured the political imagination of the students, who were critical about the distance their discipline now has from current realities, as well as its loss of critical edge through falling victim to academic pretentiousness. We are currently witnessing a fundamental shift in the role of the intellectual and the academic as universities have become increasingly corporatized. In the last three decades or so, the universities themselves have undergone deeply regressive changes, resulting in a general withdrawal from civic obligations. In a 1987 brief paper (“Reflections on Jacoby and all that”), Thompson criticised the decline of “dialogue with a public” because of “the structural isolation and self-isolation of the academy.” And he added, “All parties are losers-the writers, the public audience, and the academy.” Thompson’s work, like all radical history worth its salt, still has a lot to teach us, both about the present and about the pasts he painstakingly conjures. And that also includes the ways that we ourselves remain prisoners of our own historical contexts.
E. P. Thompson speaking at an anti-nuclear demonstration in Oxford, 1980. Available at: https://pt.wikipedia.org/wiki/E._P._Thompson