Está em pauta o debate sobre posicionamento político de atletas, em variadas modalidades esportivas. O piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, por exemplo, tem ocupado um papel de destaque na luta contra o racismo a cada corrida aos domingos, enfrentando várias tentativas de proibição às suas manifestações. Já a jogadora de vôlei Carol Solberg será julgada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por ter se posicionado de forma crítica ao presidente da República durante o circuito brasileiro da modalidade. Antenado a essas questões do presente e inspirado na instigante trajetória de um jogador de futebol que também foi líder operário, o repórter do Globo Esporte Brenno Costa apresentou a saga de Eugenio Chemp, um goleador russo que se destacou no São Paulo, Botafogo e Náutico, também como metalúrgico, dirigente sindical e militante comunista, sendo perseguido pela ditadura militar brasileira.
Para a elaboração dessa reportagem especial, publicada em texto no site do GE e em podcast no programa Embolada, Brenno Costa contou com a colaboração de historiadoras e historiadores sociais do trabalho que se depararam com a trajetória de Eugenio Chemp em suas pesquisas, além de reunir inúmeros documentos importantes sobre ele. Assim, o repórter conseguiu articular histórias marcantes do esporte e da política na vida desse atleta operário.
O professor Felipe Ribeiro (da Universidade Estadual do Piauí – UESPI e pesquisador do LEHMT-UFRJ) relatou sobre uma entrevista concedida por um antigo tecelão e jogador do Andorinhas Futebol Clube, que mencionou a passagem de Eugenio Chemp como operário de uma fábrica de tecidos em Magé/RJ, quando também atuou no time dos trabalhadores locais, em meados da década de 1940, logo após sua saída do futebol profissional por conta de polêmicas sobre seu registro de estrangeiro no Brasil.
Já Murilo Leal Pereira Neto (professor da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e pesquisador associado do LEHMT-UFRJ) ressaltou a atuação de Chemp no sindicato dos metalúrgicos de São Paulo nas décadas de 1950 e 60, quando tornou-se dirigente da entidade e líder da categoria, com presença marcante em assembleias, greves e artigos publicados em jornais operários da época.
Larissa Rosa Correa (professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e pesquisadora associada do LEHMT-UFRJ) destacou a participação de Eugenio Chemp na “Greve dos 700 mil”, ocorrida em 1963 e que foi decisiva para o fortalecimento do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), organização intersindical bastante atuante em diversas lutas trabalhistas no período. Com o golpe de 1964, porém, a vida de Chemp e seus companheiros sofreu um duro revés, contexto que também foi abordado pela reportagem em uma entrevista inédita com Rosana Maria Chemp, filha de Eugenio.
Para conferir a reportagem publicada no site do Globo Esporte:
A versão podcast está disponível na plataforma Spotify:
Crédito da imagem de capa: Reprodução – montagem da equipe do Globo Esporte (Recife/PE)