Chão de Escola #01: O trabalho das profissionais da área de saúde nas pandemias de 1918 e 2020

Autora: Claudiane Torres (SME-RJ)

Apresentação da atividade

Segmento: Ensino Fundamental II – 9ºano

Unidade temática: O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do século XX

Objeto de conhecimento: Primeira República e suas características

Objetivos gerais:

– Contextualizar o período da pandemia de 1918 na Primeira República.

– Caracterizar o trabalho das profissionais de saúde na pandemia de 1918 em perspectiva comparada com a pandemia de 2020.

– Relacionar as conquistas de direitos políticos, sociais e civis à atuação de movimentos sociais.

Duração da atividade: 03 aulas de 50 min

AulasPlanejamento
01Execução das etapas 1, 2 e 3
02Atividade da etapa 4
03Etapa 5

Conhecimento prévio:

– Contextualização do período da Primeira República: aspectos políticos e sociais.

Atividade

Atividade e recursos:
A partir das características políticas e sociais da Primeira República no Brasil, previamente abordadas em sala de aula, a proposta desta atividade é iniciar um debate sobre os impactos no trabalho das profissionais de saúde na pandemia de 1918 e, então, discutir as condições sociais e os direitos das mulheres nesse contexto. Utilização de cópias e projetor com som.

Etapa 1: Divisão da turma em grupos de até quatro estudantes.

Etapa 2: Problematização
– Em 13 de maio de 2020, a pesquisadora Viviane Tavares publicou no site da Fiocruz um boletim sobre as condições dos trabalhadores e trabalhadoras da área de saúde durante o combate ao Covid-19 no Brasil. Esse boletim ressaltou que somente no país, cerca de 3,5 milhões de trabalhadores atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Aponta, também, que entre os principais desafios enfrentados por trabalhadores no enfrentamento da pandemia mundial provocada pelo Covid-19, estão a falta de equipamentos de proteção individual, sobrecarga de trabalho e impactos na saúde mental. Relatos, imagens e vídeos de trabalhadores da saúde, como médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde que estão atuando sem os equipamentos adequados como viseira, máscara e avental – no atendimento em geral – e máscaras N95, gorros e macacão impermeável – nas unidades de terapia intensiva e enfermarias. Além desses equipamentos de proteção individual, faltam ainda os mais básicos como luvas, álcool em gel e sabão líquido. Viviane Tavares chama atenção para o número de trabalhadores infectados que até a data da publicação da matéria chegava a cerca de 600 trabalhadores e trabalhadoras contaminados e afastados do trabalho. Sabemos que no contexto de uma pandemia é decretado o Estado de emergência no país e que as condições de trabalho estarão relacionadas às políticas públicas que o Estado já estabelecia previamente e passa a estabelecer a partir de então. Como você imagina ser o trabalho desses profissionais em plena pandemia? Agora imagine viver uma pandemia no início do século XX. Quais conhecimentos a medicina adquiria naquele momento? Como deve ter sido trabalhar como uma profissional da área de saúde em 1918 durante a pandemia da Gripe Espanhola?

Etapa 3: Contextualize e caracterize a Gripe Espanhola de 1918. Em seguida, ouça o podcast Vale Mais #04 – A Pandemia de 1918 e os mundos do trabalho

Imagem retirada da Infomatéria do Senado

Etapa 4: Distribuição cópias das duas matérias a seguir para os estudantes, estabelecendo um tempo para a leitura e orientando um pequeno debate sobre o que eles leram das condições de trabalho em plena pandemia a partir das questões abaixo.
– Qual assunto principal das duas matérias jornalísticas?
– Quem são as trabalhadoras que aparecem nas matérias?
– Como podemos caracterizá-las?
– Quais são as condições de trabalho dessas profissionais?
– Que semelhanças de condições de trabalho podemos verificar nos dois contextos de pandemia?

Matéria 1

Profissionais falam sobre falta de equipamentos, jornadas exaustivas e a dificuldade de dar conta da vida pessoal na categoria em que as mulheres são mais de 80% da força de trabalho

Matéria 2

Mulheres negras romperam o paradigma da enfermeira padrão no início do século 20, revela pesquisa

Etapa 5: Estimule os estudantes a produzirem um texto sobre os aspectos sociais e políticos comuns que aparecem nos dois contextos de pandemia.

Bibliografia e material de apoio:


Crédito da imagem de capa: Doação de sangue por ex combatentes à Cruz Vermelha Brasileira. Fundo Agência Nacional. Arquivo Nacional. Notação: BR_RJANRIO_EH_0_FOT_FEB_00114_10.


Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral, Samuel Oliveira, Felipe Ribeiro, João Christovão, Flavia Veras e Leonardo Ângelo.

LEHMT

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