Chão de Escola #12: O trabalho na economia canavieira e a questão indígena



Professor Adauto Santos da Rocha (PPHR-UFRRJ; GPHIAL-UNEAL)



Apresentação da atividade

Segmento: 9º Ano do Ensino Fundamental; 1º, 2° e 3° Ano do Ensino Médio

Objetivos gerais:

– Compreender a exploração da mão de obra indígena no mundo do trabalho;
– Refletir sobre o esbulho territorial e avanço das plantações de cana-de-açúcar no antigo aldeamento do Cocal, território Wassú-Cocal em Joaquim Gomes-AL, e na utilização da mão de obra Xukuru-Kariri, habitantes em Palmeira dos Índios-AL, para o corte de cana.  

Habilidades a serem desenvolvidas (de acordo com a BNCC)

(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.

(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.

(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.

(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores, condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.

Duração da atividade: 

Aulas (50 minutos)Planejamento
01Etapa 1 e 2
02Etapa 3
03Etapa 4
04Etapa 5

Conhecimentos prévios:

– Conceituação sobre trabalho, direitos e expansão capitalista no mundo rural no século XX.
– Contextualização acerca do trabalho indígena na ocupação do território brasileiro.

Atividade

Recursos: projetor; som; fotocópias.

Etapa 1: Essa etapa apresenta a exploração da cana-de-açúcar no estado de Alagoas e questiona a forma como os estudantes imaginam os trabalhadores rurais. No roteiro de perguntas, os estudantes são estimulados a imaginar a desigualdade na estrutura fundiária e relacioná-la com o latifúndio dos usineiros. Sugere-se ao professor que indique os Textos 1 e 2 para leitura e realização de atividade em casa, e, em sala de aula, faça uma leitura coletiva dos dois fragmentos e corrija as respostas dos estudantes, preparando a realização da Etapa 2

Texto 1

No estado do Alagoas, o cultivo da cana de açúcar iniciou-se no século XVI, no processo de colonização portuguesa no Brasil. Na década de 1950, ganhou novo impulso na região do agreste até o litoral. No livro Cana, casa e poder (2009), no qual, Cícero Ferreira de Albuquerque, sociólogo e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), é enfático ao expor a extrema desigualdade fundiária no estado:

A presença da cana é tão preponderante em Alagoas que ainda hoje parece impossível pensar o estado sem ela. Mesmo nos momentos de crise dessa atividade não se buscam com firmeza alternativas econômicas para substituí-la. A cana tem um doce que cativa. Mais de 60% das terras de Alagoas concentram-se nas mãos de 3% de proprietários, enquanto cerca de 40% das terras pertencem a quase 97% de pequenos e médios proprietários. Na zona canavieira, o domínio é do latifúndio. A concentração de terras é a matriz da pobreza e das perversas condições de vida a que estão submetidas as maiores parcelas da população local.

Fonte: ALBUQUERQUE, Cícero Ferreira de. Cana, casa e poder. Maceió: EdUFAL, 2009. p.29; 37. Adaptado.

Texto 2

Lúcio Veçorsa, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos, analisou as condições de trabalho no cultivo da cana de açúcar nas usinas em Alagoas (AL). Em reportagem para a Revista Fapesp explicou o processo de exploração da força de trabalho na região:

Em Alagoas, desde os anos 1950, a cana-de-açúcar é explorada nas zonas dos tabuleiros, do agreste até o litoral. A região alcança até 200 metros de altitude e inclina-se de forma abrupta em direção ao mar. “A produtividade por hectare é mais baixa, já que o solo é menos fértil – o Estado planta cana desde o século 16 – e poucas usinas adotaram a mecanização, algumas em razão da topografia”, afirma Verçoza.
A baixa produtividade é, em parte, compensada pela “superexploração” do trabalho. “Os safristas selecionados devem ser dotados de habilidade e resistência física máxima para atingir as metas fixadas pelo capital agroindustrial”, afirma Verçoza. Entre essas habilidades está “agarrar com um dos braços a touceira de cana, ao mesmo tempo em que se agacha e, com o outro braço, golpeia com o podão* para cortar a cana o mais rente possível do solo; depois é preciso se erguer e carregar a cana cortada até o centro do eito”. E isso tudo em meio à fuligem e um calor “inimaginável”.
O salário é calculado por tonelada de cana que cada trabalhador corta diariamente. Esse cálculo tem como base a quantidade de cana cortada (…). “Eles ganham R$ 6,72 por tonelada cortada”, diz Verçoza. (…)
Para alcançar o máximo de produtividade, as usinas ainda adotam um sistema de premiação – cestas básicas, bicicletas, fogões e rádio – que alimenta a competição entre os cortadores de cana e se traduz em mais esforço no trabalho. “Isso sem falar dos roubos na pesagem da cana, o que rebaixa ainda mais os salários.

Fonte: Os homens-cangurus do interior do Alagoas. Disponível em: Fonte: http://agencia.fapesp.br/os-homens-cangurus-dos-canaviais-de-alagoas/24099/ Acesso em 28/04/2020. Adaptado.

*Podão: Instrumento de metal e madeira com uma longa e espessa lâmina, utilizado para o corte de cana. Também conhecido como: facão, foice, “foiçita”, etc.

Leia os textos 1 e 2, e responda as perguntas abaixo:

  1. Descreva a estrutura fundiária do estado de Alagoas.
  2. A produção de cana-de-açúcar ocupa expressiva áreas do agreste ao litoral do estado, localidade com baixa produtividade do solo. Como os usineiros compensam a baixa produtividade canavieira?
  3. Cite e explique três estratégias para a exploração do trabalhador rural na economia canavieira.


Etapa 2: Ainda durante a aula 1, sugere-se a divisão da sala em duplas ou trios. Os Textos 1 e 2 discutem as condições do trabalho rural na economia canavieira, sem abordar a forma como a cana-de-açúcar afeta os povos indígenas. Nessa etapa, o professor deve estimular os estudantes a relacionar o trabalho agrícola e a condição de vida do indígena no estado.
Para realizar essa tarefa, leia coletivamente o Texto 3 e desafie o estudante a propor hipóteses sobre quem seria e como vive o trabalhador abaixo. Ao final das hipóteses dos estudantes, explique que o relato é de um indígena da Aldeia Fazenda Canto, em Palmeira dos Índios, município interiorano de Alagoras.

Texto 3

No verão, as roças aqui eram naquela serra ali, aí meu pai não tinha […] a gente trabalhava para o fazendeiro, ganhava um trocadinho, a diário do fazendeiro era muito barata aqui, e lá na usina eu ganhava uma diarinha maior, aí eu ia né?! Até quando eu me casei, que eu tinha dezenove anos, eu ainda fui uns dois anos, em setenta e cinco foi que eu deixei, que fui trabalhar de fichado em usina.

 Fonte: Entrevistado: Sebastião Cosme de Oliveira, “Basto Cosme” [65 anos]. Entrevistador: Adauto Santos da Rocha. Aldeia Fazenda Canto, Palmeira dos Índios, AL, 09 fev. 2019. Adaptado

Discuta em dupla ou trio e escreva uma pequena síntese sobre as seguintes questões:

  1. Como você imagina um indígena?
  2. Você consegue imaginar o indígena como um trabalhador rural?  Justifique.
  3. Como a indústria canavieira pode afetar os povos indígenas?

Etapa 3: Apresente em sala os Textos 4 e 5, e o mapa 1 e discuta sobre como a vida da etnia Wassu-cocal é afetada pela economia canavieira. Abaixo, há perguntas para direcionar o debate e a discussão.

Mapa 1 – Terra Indígena (TI) Wassu-Cocal, no estado de Alagoas (AL)

Fonte: GRISOLIA, Lucas Guimarães. Mapa Terra Indígena Wassú Cocal. apud FUNAI. Brasília: Boletin Informativo CGGAM, n. 4, 2019. p. 3 Adaptado

Texto 4

Em 1979, o professor Clóvis Antunes escreveu um relatório intitulado Etnografia do Brasil: estudo das Aldeias Indígenas de Alagoas. Ele descobriu um grupo remanescente da antiga Aldeia Cocal, no norte do estado de Alagoas (ver Mapa 1). O texto foi escrito para a FUNAI, órgão da política indigenista criado em 1967 e que continua a existir nos dias de hoje. No documento, o mencionado professor descreveu:

Tendo tido notícia de que havia um grupo humano provavelmente de remascente indígenas no lugar denominado Cocal, situado no município de Joaquim Gomes, Estado de Alagoas, fiz uma visita de reconhecimento, dia 18 de setembro de 1978. Constatei pelas informações colhidas com as famílias em entrevista que:

  1. Os habitantes de Cocal afirmam que são descendentes de índios da antiga aldeia, denominada Aldeia Cocal.
  2. Receberam “nos tempos antigos do Imperador quatro léguas de terras como doação pela participação na Guerra do Paraguai, que lhes foram aos poucos usurpada pela população branca”. Hoje, estão completamente ilhados pelo latifundiário dos canaviais, possuindo tão somente uma meia légua de terra.
  3. A população chega a 80 famílias, num total de 300 a 400 pessoas.

Fonte: Jornal de Notícias. Maceió, 03/1979, ano I, nº 3, p. 4. Disponível no acervo do Grupo de Pesquisas em História Indígena de Alagoas (GPHIAL). Adaptado

Texto 5

Os estudiosos, no entanto, são unânimes em afirmar que após o assentamento dos Wassu-Cocal naquelas terras teve início um processo sistemático de invasão por parte dos grandes proprietários rurais, plantadores de cana-de-açúcar. As terras férteis e irrigadas por diversos rios acirraram os conflitos entre índios e fazendeiros (…) Boa parte do sustento econômico das famílias vem do trabalho no corte de cana nas usinas de cana-de-açúcar que circundam a terra indígena.

Fonte: PEREIRA, Jéssika Danielle dos Santos. A educação escolar indígena entre os Wassu-Cocal: algumas pistas sobre a concepção da educação escolar a partir de seus professores. Maceió: UFAL, 2014 (Dissertação Mestrado em Educação). p.59; 62.

Após a leitura dos fragmentos e do texto 4 e 5, responda:

  1. Quem são o povo Wassú-Cocal?
  2. Observe o mapa e também pesquise na internet (ver site: Terras Indígenas no Brasil. Disponível em: https://terrasindigenas.org.br. Acesso 21/05/2021), e identifique os vários municípios que fazem fronteira com o território Wassu-Cocal.
  3. Como os Wassu-Cocal se relacionam com as plantações de cana na área próxima das terras indígenas?
  4. Os indígenas são cortadores de cana nos territórios que lhes pertencem e que foram invadidos pelos usineiros. É possível afirmar que o reconhecimento das terras indígenas coloca em xeque a estrutura latifundiária no estado de Alagoas? Justifique.

Etapa 4: Agora, leiamos os recortes de entrevistas realizadas com indígenas Xukuru-Kariri habitantes no município Palmeira dos Índios, Semiárido/Agreste alagoano. O território indígena foi reconhecido pelo Estado em 1952, passando a ser denominado de Aldeia Fazenda Canto, uma terra indígena demarcada que se encontrava em disputa com os latifundiários da região.
Sugira que os/as alunos/as leiam criticamente os recortes de entrevistas e analisem o mapa, atentando-se para os detalhes sobre as discussões fundiárias e o uso da mão de obra indígena Xukuru-Kariri na zona canavieira alagoana. Não devamos esquecer que são narrativas e memórias de trabalhadores que atuaram em diversas funções nos complexos canavieiros em Alagoas: cultivo; corte; transporte; pesagem e moenda de canas.
Utilize o Mapa 2 para identificar onde Palmeida dos Índios está geograficamente localizada, levando em conta as rotas de deslocamentos dos indígenas para a zona canavieira. 

Entrevista 01

Teve um tempo que eu tive uma necessidade maior aí saí daqui, trabalhei ali na usina Coruripe, trabalhei 3 meses, aí queriam me botar em um serviço muito perigoso, eu não quis, saí e voltei pra cá de novo. (…)Usina é bom, usina tem todo tipo de serviço, depende da função do cabra que trabalha, sabe? Porque tem tanta coisa que não dá nem para o cabra explicar dentro de um usina como é. Aí o cara disse: “olha Sebastião, você vai trabalhar 24 horas debaixo dessa esteira”, eu digo: não, quero nada. Eu trabalhava em todo serviço dentro da usina, era juntando taco de pau para encher carroção, era juntando caco de tijolo, tudo no mundo, serviço geral. Eu fui trabalhar na usina, rapaz, porque tem hora que a gente que trabalha assim no campo, tem hora que a gente acha, mas tem hora que o ganho é muito pouco, aí a gente tem que partir pra um canto, vê se arruma uma coisinha mais aumentada

Fonte: Entrevistado: Sebastião Ricardo da Silva, “Dato” [62 anos]. Entrevistador: Adauto Santos da Rocha. Aldeia Fazenda Canto, Palmeira dos Índios, AL, 06 fev. 2019.

Entrevista 02

Trabalhei no corte de cana, trabalhei um tempo, rapaz, na usina Ouricuri, trabalhava com uma turma daqui. Na usina todo ano eu ia, um mês, dois, e voltava, não ia mais. Às vezes […] a gente pegava um cabra ruimm um empeleiteiro* ruim infeliz para não pagar o povo, o cabra duro, ali tem cabra matador de gente. Às vezes o cara não recebia nem o dinheiro, corria e vinha simbora, para não morrer. Todo ano a gente ia, todo ano, passava um mês, dois, três e voltava. Todo ano a gente ia, trabalhava no inverno aqui quando terminava a safra da gente aí, ia ao corte de cana no “Sul”, era todo ano essa brincadeira. Eu fui para Camaçari, trabalhamos na Camaçari trabalhamos na Uruba, não tinha canto não, Uruba, Camaçari, trabalhamos na Utinga, trabalhamos naquela usina que tem perto de Cajueiro, trabalhei em um bocado de canto, não tinha canto não para trabalhar na usina, agora tudo des-fichado, sem ganhar nada, só trabalhava mesmo para ganhar… Essas usinas para cortar cana não ficham ninguém, você cortava no móio*. o empeleiteiro já ganha do usineiros, aí ele fazia aquela empeleitada com usineiros aí pega um bocado de homem e leva para lá, chega lá já vai para o barracão dele, ele já leva aquilo ali mode prender o cara lá naquele barracão, tudo caro pela hora da morte, você tem que comprar que tá lá, senão morre de fome agora se você fosse sabendo não, que nem eu quando ia mais a minha família – que foi eu e o meu sogro, […] aí nós comprava o peixe, comprava farinha, comprava o feijão de passara semana, quando era no fim da semana…”.

Fonte: Entrevistado: Francisco Félix da Silva, “Chico Aleixo” [63 anos]. Entrevistador: Adauto Santos da Rocha. Aldeia Fazenda Canto, Palmeira dos Índios, AL, 05 fev. 2019.

*Empreiteiro, “gato” ou turmeiro: trabalhador de confiança dos usineiros, designado para selecionar, organizar turmas de trabalhadores e efetuar os pagamentos pelos serviços prestados. 
*Móio: conjunto de canas cortadas que seriam medidas ou pesadas pelos cabos de turma a fim de efetuarem os pagamentos aos cortadores.
*Caba: expressão utilizada pelos indígenas para se auto referirem como trabalhadores resistentes à insolação e intempéries climáticas, sobretudo, em atividades rurais. Possíveis sinônimos da expressão evidenciados nas pesquisas foram “pinhão” e “cabra”.

Mapa – Os principais destinos Xukuru-Kariri na lavoura canavieira em Alagoas 

Fonte: Datum SIRGAS 2000; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Autoria: Adauto Santos da Rocha, 2020 a.

Os Xukuru-Kariri realizavam trabalhos sanzonais na Zona da Mata de Alagoas. Leia as entrevistas, analise o mapa e responda as questões:

  1. Identifique o município de origem dos Xukuru-Kariri e o município de destino para o trabalho sanzonal agrícola.
  2. Por que os Xukuru-Kariri migravam para a Zona da Mata de Alagoas?
  3. Descreva as estratégias que os usineiros usavam para explorar a mão de obra Xukuru-Kariri.
  4. Estabeleça uma relação entre o trabalho dos povos Xukuru-Kariri e Wassú-Cocal na lavoura canavieira.

Etapa 5: Como conclusão da atividade apresente o documentário “À sombra de um delírio verde”, produzido por An Baccaert, Cristiano Navarro e Nicolas Muñoz, que mostra a situação do povo Guaraní Kaiwá no Mato Grosso do Sul, diante do avanço do cultivo da cana-de-açúcar.

Faça um debate sobre o documentário após verem o vídeo, discutindo em que medida o problema enfrentando pelos povos Wassú-Cocal e Xukuru-Kariri é uma questão nacional. 
Como atividade síntese da sequência didática, peça que os estudantes escrevam uma reportagem que seria publicada em um jornal, a partir do comando abaixo.
Escreva uma reportagem relacionando as condições de trabalho no universo canavieiro alagoano com o debate acerca da questão indígena no país.


Bibliografia e Material de apoio:

ALBUQUERQUE, Cícero Ferreira de. Cana, casa e poder. Maceió: EdUFAL, 2009.
COSTA, Tiago Sandes. Conflitos e lutas de classe na organização do espaço agrário alagoano. In: XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária: “Territórios em disputa: os desafios da geografia agrária nas contradições do desenvolvimento brasileiro”, 2012, Uberlândia, p. 1-10.
COVER, Maciel. O tranco da roça e a vida no barraco: um estudo sobre os trabalhadores migrantes no setor do agronegócio canavieiro. João Pessoa: EdUFPB, 2011.
D’INCAO, Maria Conceição. O “bóia-fria”: acumulação e miséria. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1983.
FERREIRA FILHO, Marcelo Marques. Arquitetura espacial da plantation açucareira no Nordeste do Brasil (Pernambuco, século XX). Recife: UFPE, 2016 (Tese Doutorado em História).
FUNAI. Gestão Ambiental e Sustentabilidade nas Terras Indígenas da Caatinga. Boletin Informativo CGGAM, Brasília, n.4, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/arquivos/conteudo/cggam/pdf/2019/ti-wassu-cocal-versao-final.pdf. Acesso em 21/05/2021.
GRISOLIA, Lucas Guimarães. Mapa Terra Indígena Wassú Cocal. apud FUNAI. Brasília: Boletin Informativo CGGAM, n. 4, 2019.
MENEZES, Marilda Aparecida de. Redes e enredos nas trilhas dos migrantes: um estudo de famílias de camponeses-migrantes. João Pessoa: EdUFPB, 2002.
PEREIRA, Jéssika Danielle dos Santos. A educação escolar indígena entre os Wassu-Cocal: algumas pistas sobre a concepção da educação escolar a partir de seus professores. Maceió: UFAL, 2014 (Dissertação Mestrado em Educação).
ROCHA, Adauto Santos da. “Pro giro do ‘Sul’”: indígenas Xukuru-Kariri trabalhando na lavoura canavieira em Alagoas (1952-1990). In: Revista História Oral. N° 2, vol. 23, jul./dez. 2020a, p. 91-111.
ROCHA, Adauto Santos da. Xukuru-Kariri: migrações, cotidiano e dimensões do trabalho indígena em Alagoas e no Sudeste do país (1952-1990). Maceió: Editora Olyver, 2020b. 
SILVA, Edson. Xukuru: memórias e história dos índios da Serra do Ororubá (Pesqueira/PE), 1950 – 1988. Recife: EdUFPE, 2017.


Crédito da imagem de capa:  Montagem com a fotografia do indígena Xukuru-Kariri Sebastião Cosme de Oliveira com o fundo canavieiro, realizada por Vínicius Alves de Mendonça.


Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres, Luciana Pucu Wollmann do Amaral e Samuel Oliveira

Claudiane Torres da Silva, Samuel Oliveira e Luciana Wollmann

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Vale Mais #11 - Trabalhadores livres e escravizados

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Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho. O episódio #11 do Vale Mais é sobre Trabalhadores livres e escravizados. Este é o terceiro episódio da segunda temporada de Vale Mais, o podcast do site do LEHMT-UFRJ. Nesta temporada, conversamos com recém doutores/as no campo da História Social do Trabalho sobre seus temas de pesquisa e processos de elaboração de suas teses. Neste episódio, entrevistamos Rute Andrade Castro, professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Salvador. Em agosto de 2020, Rute defendeu a tese “Mundos do trabalho no seu fazer-se. Britânicos, livres, libertos e escravizados (Brasil, 1880-1905)”, sob orientação de Antonio Luigi Negro, no Programa de Pós-Graduação em História Social da UFBA. Por meio de fontes produzidas por britânicos em território brasileiro, a pesquisa analisou as discussões em torno do trabalho escravizado e “livre” entre os fins do século XIX e início do XX, abordando relações de trabalho pouco conhecidas e abordadas pela historiografia. Rute enfatiza a diversidade de sujeitos que compõem os mundos do trabalho, em particular nas regiões rurais do Nordeste brasileiro, e mostra a relevância de pesquisas que mobilizam perspectivas transnacionais na análise da história social do trabalho. Produção: Heliene Nagasava e Larissa Farias Roteiro: Heliene Nagasava e Larissa Farias Apresentação: Larissa Farias

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