Juliana da Silva Barros (Mestra em Ensino de História UFPB-PROFHISTÓRIA e professora do Instituto Educacional Professora Bernadete Marinho)
Apresentação da atividade
Segmento: Ensino Fundamental Anos Finais – 8º e 9º ano
Unidade temática: Mundos do Trabalho – formas de organização social, econômica e cultural
Objetos de conhecimento:
– Condições de trabalho e exploração em diferentes contextos históricos;
– Os protagonismos da sociedade civil e as alterações da sociedade brasileira;
– Brasil e suas relações na era da globalização.
Objetivos gerais:
– Debater sentidos e conceito de trabalho;
– Identificar as condições de trabalho e exploração no meio rural e urbano;
– Compreender as marcas da exploração do trabalho como um processo histórico;
– Reconhecer os processos de lutas por direitos trabalhistas e melhores condições de vida;
– Perceber os avanços da Precarização nas condições de trabalho no contexto atual.
Habilidades a serem desenvolvidas (de acordo com a BNCC):
(EF08HI03) Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
(EF08HI20) Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados da escravidão no Brasil e discutir a importância de ações afirmativas.
(EF09HI09) Relacionar as conquistas de direitos políticos, sociais e civis à atuação de movimentos sociais.
(EF09HI32) Analisar mudanças e permanências associadas ao processo de globalização, considerando os argumentos dos movimentos críticos às políticas globais.
(EF09HI33) Analisar as transformações nas relações políticas locais e globais geradas pelo desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação.
Duração da atividade: 3 aulas de 50 minutos
Aulas | Planejamento |
1 | Etapa 1 e 2 |
2 | Etapa 3 |
3 | Etapa 4 |
4 | Etapa 4 e 5 |
5 | Etapa 5 e 6 |
Conhecimentos prévios:
Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas;
História do Brasil: transformações políticas, econômicas, sociais e culturais a partir de 1930.
Atividade
Recursos: lousa e caneta pincel; livro didático; textos complementares (cópias); projetor multimídia, celular, computador conectado à internet ou fotografias impressas.
Etapa 1: Apresentação da temática
A introdução da temática pode ser feita de maneira bem simples, por meio de perguntas geradoras, no sentido de avaliar o conhecimento comum dos alunos. No desenvolvimento utilizei a dinâmica do mapa conceitual: escreva na lousa os conceitos-chave da temática abordada (exemplo: trabalho, condição de vida, exploração). Em seguida questione cada aluno da turma sobre o que aquela palavra representa. Anote as respostas ou solicite que os alunos escrevam na lousa.
Em seguida, debater sobre como essas definições foram elaboradas, de onde buscaram informações ou como chegaram a essa conclusão. Introduzir as definições históricas, procurando gerar uma reflexão entre o senso comum e o conhecimento científico.
O trecho abaixo pode ser usado como referência:
A noção de trabalho, como toda ideia humana, muda de definição ao longo do tempo. Em sua definição mais comum, trabalho é toda ação de transformação da matéria natural em cultura, ou seja, toda transformação executada por ação humana. Mas o trabalho tem significados diferentes de acordo com a cultura que o vivencia e, em muitos casos, o que é considerado trabalho em uma não é na outra.
No contexto do mundo industrial, e pós-industrial, o trabalho é uma categoria que representa um esforço coletivo e socialmente organizado. Porém cada cultura vê o trabalho de forma diferente: Na maior parte do Brasil, influenciado pela tradição da Reforma Católica na Idade Moderna, para a qual o trabalho era um castigo imposto ao homem por Deus, trabalhar é uma atividade necessária, mas vista como imposição.
Podemos ver o conceito de trabalho em nossa sociedade na definição do IBGE, para quem trabalho são todas as ocupações remuneradas em dinheiro, mercadoria ou benefício, desenvolvidas na produção de bens e serviços, assim como qualquer ocupação remunerada no serviço doméstico e qualquer ocupação não remunerada na produção de bens e serviços desenvolvidas em, pelo menos, uma hora por semana. Essa definição, apesar de bastante ampla e de incluir as empregadas domésticas, exclui as donas de casa, que continuam a ser consideradas, no Brasil, economicamente inativas.
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2009. ed. 2. p. 400-404 (adaptado pela autora)
Questões Geradoras:
1) Por que o Trabalho é um elemento social importante?
2) Todos temos direito a boas condições de Trabalho?
Etapa 2: Atividade Prática – produção fotográfica
Nesse momento, incentive os alunos a sintetizarem os conhecimentos da aula por meio da fotografia. Essa atividade pode ser solicitada como “tarefa de casa”, uma vez que os alunos precisam de tempo para explorar o seu entorno e realizar os registros fotográficos. Caso tenha oportunidade, outra estratégia muito válida é conduzir os alunos aos espaços no entorno da escola (ruas, praças, etc.), onde possam observar e fotografar.
Para que os alunos compreendam melhor a dinâmica, é necessária uma explicação detalhada, em vez de exercícios e textos escritos. A tarefa consiste em apresentar os conceitos e temáticas apreendidas em uma fotografia autoral, que eles podem realizar com o próprio celular ou outra ferramenta de captura de imagem que tiver a disposição, também estão livres para editar as fotografias como preferir por meio de aplicativos, redes sociais ou sites da internet.
Etapa 3: Problematização do objeto fotográfico como fonte de conhecimento histórico
O objetivo desse momento é problematizar as fotografias como documento/monumento histórico e objeto de mediação na compreensão dos contextos históricos. Como texto provocador, sugiro a leitura coletivo das conclusões do artigo de Ana Maria Mauad (1996), reproduzo o trecho a seguir:
Nunca ficamos passivos diante de uma fotografia: ela incita nossa imaginação, nos faz pensar sobre o passado, a partir do dado de materialidade que persiste na imagem. Um indício, um fantasma, talvez uma ilusão que, em certo momento da história, deixou sua marca registrada, numa superfície sensível.
Discute-se a possibilidade de mentir da imagem fotográfica. A revolução digital, provocada pelos avanços da informática, torna cada vez maior esta possibilidade, permitindo até que os mortos ressurjam para tomar mais um chope, tal como a publicidade já mostrou. Não importa se a imagem mente; o importante é saber porque mentiu e como mentiu. O desenvolvimento dos recursos tecnológicos demandará uma nova crítica, que envolva o conhecimento das tecnologias feitas para mentir.
Toda a imagem é histórica. O marco de sua produção e o momento da sua execução estão indefectivelmente decalcados nas superfícies da foto, do quadro, da escultura, da fachada do edifício. A história embrenha as imagens, nas opções realizadas por quem escolhe, uma expressão e um conteúdo, compondo através de signos, de natureza não verbal, objetos de civilização, significados de cultura.
MAUAD, Ana Maria. Através da Imagem: fotografia e história – interfaces. Revista Tempo. Rio de Janeiro: dez 1996. v.1. n. 2. p. 73-98, (adaptado pela autora).
Questões geradoras podem guiar o debate e a interpretação do texto:
1) Qual a importância das fotografias nos registros históricos?
2) Como analisar uma fotografia de forma histórica?
3) O que esse objeto pode nos revelar sobre as sociedades passadas?
Etapa 4: Análise temática
Momento dedicado a análise da fotografia como fonte histórica para a compreensão dos Mundos do Trabalho. Os registros fotográficos escolhidos procuraram se aproximar da realidade vivida pelos alunos, tratar de contextos locais e nacionais e relacionar passado e presente. Outra sugestão para a seleção das fotografias é recorrer a exemplares presentes no próprio livro didático, inclusive para inserir o aluno no processo de problematização das fotografias vinculadas a esse material.
As fotografias podem ser visualizadas coletivamente utilizando projetor multimídia e computador, impressas e distribuídas entre os alunos, ou ainda podem ser acessadas pelos celulares dos próprios alunos, uma vez que as fotografias estejam disponíveis na internet. Inclusive, acessando as páginas de origem das fotografias, os estudantes terão acesso a um grande leque de informações.
Após essa primeira leitura visual, seguindo as proposições de Bittencourt (2011), dê início a análise interna e externa das fotografias junto aos alunos.
Fotografia 1: Agricultores em uma Plantação de abacaxi na cidade de Pilar – PB, 1938
Fotografia 2: Empreendedor! São Paulo – SP, maio de 2022
Análise interna
a) Descrever a cena, os personagens e demais elementos retratados;
b) Identificar a temática, os contextos e as informações históricas apresentadas;
c) Identificar as diferentes técnicas de fotografia usadas em cada imagem.
Análise externa
a) Autor da fotografia;
b) Ano;
c) Local onde foi registrada;
d) Identificar o porquê e o para que foram realizadas.
As análises podem ser feitas de forma individual ou em grupo, anotadas pelos alunos e depois debatidas coletivamente.
Baseado nas informações recolhidas, o próximo passo é a problematização da temática em si, situando as reflexões dos conteúdos em cada contexto histórico apresentado nas fotografias. Ao logo do debate é importante que o professor acrescente informações a fim de mediar a leitura do aluno a respeito da sociedade que originou a fotografia. Para substanciar o debate, some à análise das fotografias, a textos introdutórios de acordo com as temáticas que pretende evidenciar. Importante destacar que uma mesma fotografia pode servir de mediação para uma variedade de temáticas. A escolha do que será abordado pode ficar a critério do professor ou dos elementos identificados pelos alunos.
Nessa proposta, procure destacar tanto nas fotografias quanto nos textos introdutórios os elementos que levem os estudantes a perceber formas de exploração no trabalho, a precarização das condições de vida e a importância dos diretos trabalhistas no espaço rural e urbano, procurando fazê-los relacionar passado e presente.
Atividade Fotografia 1
Refletir sobre as condições de trabalho e de vida no mundo rural relacionando passado e presente;
Debater o fato de que os trabalhadores rurais não foram diretamente atingidos pelos direitos garantidos com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, 1943).
Sugestão de Leitura coletiva: A era Vargas e a legislação trabalhista aplicada aos trabalhadores rurais
Em tese, a CLT aplicou regras semelhantes aos trabalhadores rurais e urbanos no que se refere ao salário mínimo, ao contrato de trabalho, aviso prévio, férias, entre outros benefícios, possibilitando aos trabalhadores do campo pleitear o mínimo de direitos. No entanto, a CLT não abarcava as particularidades do trabalho rural[…].
No estado atual da nossa legislação o homem do campo, lavrador ou não, desde que se julgue prejudicado poderá se dirigir a Justiça acionando quem lhe pareça responsável pela lesão aos seus interesses. Mas para que os Juízes de Direito, no interior, funcionem como magistrados trabalhistas, é preciso que seja comprovada a existência de um contrato de trabalho entre as partes litigantes. Comprovada a relação contratual especial ver-se-á se o pedido é baseado em disposições sobre salários, […] aviso-prévio. A competência da Justiça do Trabalho é restrita. Verificada a existência de uma parceria entre as partes a incompetência se denúncia.
Dois aspectos importante se destacam: o reconhecimento da inexistência de órgãos trabalhistas especializados no interior do país; bem como o fato de que a reclamação deveria ser acompanhada pela comprovação do contrato de trabalho, algo bastante incomum uma vez que as relações de trabalho no mundo rural se sustentavam pela informalidade dos contratos trabalhistas. Além desses trâmites legais, as tímidas normas postas pela CLT não representaram grandes mudanças no cotidiano dos trabalhadores em algumas atividades, a maioria vivia em casas que pareciam senzalas, sem direito a fazer a lavoura. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) não lhe foi especificamente concedida.
COSTA, Lidineide Vieira da. A conquista de Direitos Trabalhistas: lutas sociais dos assalariados rurais da cana-de-açúcar no agreste e brejo paraibano (1980-1987). Dissertação de Mestrado – UFPB, 2019 (Adaptado pela autora).
Questões geradoras:
1) Quais os regimes de Trabalho vivenciados pelos trabalhadores no meio rural brasileiro?
2) As leis trabalhistas têm conseguido garantir os direitos sociais desses trabalhadores?
3) É possível identificar movimentos de lutas e resistências de trabalhadores rurais por melhores condições de vida e de Trabalho?
Atividade Fotografia 2
Trabalhar os conceitos de Empreendedorismo e Uberização;
Debater a questão da precarização das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores no mundo capitalista globalizado e seus antecedentes históricos.
Sugestão de leitura coletiva: Empreendedorismo e Uberização
Segundo a Associação Brasileira de Letras o termo Uberização é usado para indicar a transição para o modelo de negócio sob demanda caracterizado pela relação informal de trabalho, que funciona por meio de um aplicativo (plataforma de economia colaborativa), criado e gerenciado por uma empresa de tecnologia que conecta os fornecedores de serviços diretamente aos clientes, a custos baixos e alta eficiência; por extensão, designa a adoção deste tipo de relação (na esfera econômica, política, etc.), com as implicações suscitadas por este novo formato. O termo é derivado do nome da empresa Uber Technologies Inc., uma multinacional americana que introduziu este novo tipo de negócio em vários setores e serviços.
Por sua vez a palavra “empreendedorismo” teria origem no termo francês “entrepeneur” usado para se referir às pessoas que assumem risco e começam algo novo. O dicionário define o termo como a capacidade de projetar novos negócios ou de idealizar transformações inovadoras e arriscadas nas companhias e empresas ou a vocação, aptidão e habilidade de desconstruir, de gerenciar e de desenvolver projetos, atividades ou negócios.
Embora em muitos contextos associem a Uberização a uma prática empreendedora, é importante perceber que os termos são diferentes estruturalmente. Essa associação é bastante comum no Brasil, tendo em vista o crescente desemprego e desvalorização do trabalho formal, o Empreendedorismo passou a ser valorizado, para ele foi criado toda uma estrutura de idealização da informalidade nas relações de trabalho, visto como uma forma de melhorar a qualidade do trabalho e as condições de vida da classe trabalhadora brasileira. Como afirmou o sociólogo Ricardo Antunes, em entrevista à Uol: o Empreendedorismo é mito em país que não cria trabalho digno. Em resumo essa hipervalorização do trabalho informal provida pelas novas relações de trabalho como o Empreendedorismo e a Uberização mascaram o contexto de precarização do trabalho, aumento da exploração e o esvaziamento dos direitos trabalhistas, conquistados pela luta permanente da classe trabalhadora.
Trecho elaborado pela autora a partir das seguintes referências: definição de Uberização (https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/uberizacao); definição de Empreendedorismo (https://www.dicio.com.br/empreendedorismo/#); Matéria e entrevista completa com Ricardo Antunes (https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2019/09/14/entrevista-sociologo-ricardo-antunes-trabalho-emprego-empreendedorismo.htm)
Questões geradoras:
1) De que maneira os conceitos de Empreendedorismo e Uberização se relacionam?
2) A partir de qual contexto histórico podemos observar as crescentes mudanças nas relações de trabalho?
3) Quais impactos o processo de globalização tem causado nas relações de trabalho no Brasil e no mundo?
4) De que forma as leis trabalhistas e os movimentos sociais de trabalhadores têm lidado com a crescente precarização das condições de trabalho?
5) Por que o trabalho informal baseado em sistema como o Empreendedorismo e a Uberização vem se tornando cada vez mais valorizado no mundo globalizado?
Etapa 5: Encaminhamentos finais
Após os debates gerais sobre os conteúdos, retome os dados da análise interna e externa das fotografias, inserindo a ideia de fotografia como mediação de uma realidade histórica. Por fim, solicite aos alunos que levantem hipóteses (que podem ser socializadas de forma oral ou escrita) sobre o contexto de produção de cada fotografia abordada:
Questões geradoras:
1) Que visões de trabalho são vinculadas a partir dessas fotografias?
2) O que as imagens retratadas podem nos mostrar sobre a sociedade e o contexto históricos em que foram realizadas?
Caminhando para o encerramento da oficina, é feita a retomada da produção fotográfica dos alunos. Abordando o fato de que as fotografias realizadas por eles são produtoras de conhecimentos e mediadoras de uma realidade histórica, que além de estudantes, eles são sujeitos históricos, filtros culturais de contextos históricos que foram registrados na imagem fotográfica. Suas fotografias, portanto, são perpetuadoras de sentidos e memórias das perspectivas dos Mundos de Trabalho em que eles vivem.
A fim de compreender melhor essa reflexão, procurei estimular os alunos a comentar sobre o processo que eles realizaram para a seleção do que buscaram retratar, bem como a mensagem que eles procuraram transmitir ao realizar a fotografia.
Etapa 5: Encaminhamentos finais
Como momento de encerramento da oficina, instrui aos alunos que atribuam uma legenda para suas fotografias. Em seguida, destaquem a importância da socialização do conhecimento histórico dentro e fora da escola, estimulando-os a publicizar suas fotografias e conhecimentos apreendidos, por meio das redes sociais de imagens, a exemplo do Instagram ou Facebook. Outra sugestão muito válida é a elaboração de uma exposição fotográfica na escola.
Importante ter em mente que as fotografias produzidas também podem despontar para outros aprendizados e temáticas. Destaco alguns exemplos produzidos e sugestões de utilização didática em novos debates:
Fotografia 03: Trabalho rural
Um aluno retratou o universo do trabalho rural, do qual ele e sua família fazem parte. Embora a base econômica de muitas cidades pequenas seja predominantemente a agricultura, as relações de trabalho e experiências dos trabalhadores que vivem dessa atividade hoje, no geral, são pouco conhecidas. A fotografia pode servir de provocação para diversos aspectos acerca de como essas relações de trabalho são mantidas, tais como as questões da segurança desses trabalhadores (notar os poucos equipamentos de proteção), como se dão os contratos de trabalho e os salários pagos, as horas de trabalho e os direitos que são garantidos a esses trabalhadores na atualidade, os sindicatos e outras organizações de trabalhadores que existam na cidade.
Fotografia 04: Trabalho informal durante a pandemia de Covid-19
Em outra fotografia, que retrata um motorista por aplicativo, destacam-se as condições de trabalho informal durante a pandemia do Covid-19, as necessidades do trabalho, dificuldades e os perigos enfrentados pelos trabalhadores que colocaram suas vidas em risco ao exerceram suas atividades durante a pandemia, uma vez que nesse contexto não houve, por parte dos órgãos governamentais, debates ou medidas que promovessem a segurança adequada desses trabalhadores.
Fotografia 05: Permanência das profissões manuais
Por fim, compartilho essa fotografia realizada no entorno da escola. O trabalhador em questão é um marceneiro. Os alunos do 8º ano podem observar que as profissões manuais, como a marcenaria, não são mais tão comuns e identificaram essa transformação como resultado das mudanças produzidas pelo processo de industrialização. Ao mesmo tempo se questionaram sobre a permanência e resistência dessas atividades manuais, levantando hipóteses sobre as condições de trabalho e vida desses trabalhadores. Entre elas, observaram que no mundo capitalista contemporâneo esses trabalhadores são vistos como integrantes do trabalho informal, chamados de empreendedores, sem que se discuta com profundidade as suas condições de trabalho e de vida.
Bibliografia e Material de apoio:
BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED) / Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144
BARROS, Juliana da Silva. Construindo pontes: o ensino da História Social do Trabalho entre a academia e a escola. Dissertação de Mestrado – PROFHISTÓRIA (UFPB) João Pessoa, 2022
BITTENCOURT, Circe M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. 4ª ed. São Paulo, Cortez, 2011
CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens. A fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900-1930).Rio de Janeiro: DP&A, 2002
KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. 3. ed. – São Paulo: Ateliê Editorial, 2014
COSTA, Lidineide Vieira da. A conquista de Direitos Trabalhistas: lutas sociais dos assalariados rurais da cana-de-açúcar no agreste e brejo paraibano (1980-1987). Dissertação de Mestrado – UFPB, 2019
MAUAD, Ana Maria. Através da Imagem: fotografia e história – interfaces. Revista Tempo, Rio de Janeiro, v.1, n. 2, p. 73-98, dez. 1996
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos – 2.ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2009
Créditos da imagem de capa: Agricultores em uma Plantação de abacaxi na cidade de Pilar – PB, 1938. Reprodução/Acervo Biblioteca Nacional. Imagem retirada do perfil de Instagram O Historiador Parahybano (https://www.instagram.com/historiadorparahybano/?hl=pt-br).
Chão de Escola
Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.
A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral, Samuel Oliveira, Felipe Ribeiro, João Christovão, Flavia Veras e Leonardo Ângelo.