Rosana Falcão Lessa (Doutora em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e Professora da Educação Básica da rede pública)
Apresentação da atividade
Segmento: Ensino Fundamental II (9o ano)
Unidade temática: O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do século XX.
Objetivos gerais:
– Entender as possibilidades de inserção social das mulheres negras no pós- abolição.
– Conhecer e refletir sobre o protagonismo das mulheres negras, frente aos desafios interseccionais (gênero, classe, raça) no contexto da primeira a Primeira República.
– Discutir sobre a importância da presença feminina na construção do operariado brasileiro, bem como sua centralidade nas ações de resistência à sistemática negação e violação de direitos, e humanidade.
Habilidades a serem desenvolvidas (de acordo com a BNCC):
(EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil.
(EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.
(EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica, política e social do Brasil.
(EF09HI05) Identificar os processos de urbanização e modernização da sociedade brasileira e avaliar suas contradições e impactos na região em que vive.
(EF09HI06) Identificar e discutir o papel do trabalhismo como força política, social e cultural no Brasil, em diferentes escalas (nacional, regional, cidade, comunidade).
(EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão, as pautas dos povos indígenas, no contexto republicano (até 1964), e das populações afrodescendentes.
Duração da atividade:
Aulas | Planejamento |
1 | Etapa 1 |
2 e 3 | Etapa 2 |
4 | Etapa 3 |
5 e 6 | Etapa 4 |
Conhecimentos prévios:
– Conhecer as hierarquias sociais no Brasil escravista.
– Compreender os conceitos de República e Cidadania.
– Conhecer o conceito/característica de uma Sociedade Patriarcal.
– Identificar situações que evidenciem o racismo, sexismo e importância do gênero como categoria análise.
Atividade
Recursos: Jornais, fotografias, livro didático, entrevistas, internet, música, data show, amplificador, cópias impressas.
Etapa 1: Sensibilização
O/a professor/a deverá projetar no data show ou distribuir em cópias impressas o conjunto de fontes abaixo:
Fonte 1. Trabalho feminino na Cia. de Charutos Dannemann, São Félix, década de 1930.Fonte:Arquivo Público de São Félix.
Fonte 2. Fichas de registro de meninas empregadas. Arquivo Público de São Félix.
Fonte 3. Jornal A Classe Operária, 30 de maio de 1925. Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/artigos/a-classe-operaria/. Acesso em: 20 jul. 2021.
TRANSCRIÇÃO DA MATÉRIA: “UNIÃO DOS TRABALHADORES EM FÁBRICAS DE FUMO”
O jornal A classe Operária, de 30 de maio de 1925, traz um apelo das charuteiras da Bahia:
A classe operária, 30 de maio de 1925.
As operária Charureiras da Bahia apellam para “A Classe Operária”.
São Félix, 12 de maio.
Levamos ao conhecimento do proletariado industrial e agrícola os horrores que sofremos. Somos tratadas como seres inferiores.
Por dia podemos fazer no máximo 300 charutos “a pau”, isto é, comuns. Sendo a mão as companheiras mais ligeiras conseguem fazer de 100 a 140. Os patrões pagam por um cento de charutos 1$500, 1$, $800, $ 700, $ 640, $ 620, $ 600 e até $ 500. Os charutos a mão são pagos a 2$ o cento.
Quando fazemos mais de cem os patrões descontam alegando que há alguns charutos com defeito. E então, perdemos o feito.
Nosso salário regula entre 15$ e 20$ semanais. Em cada cento, deixamos um charuto para o patrão. Havendo 600 operários e operárias só na Costa Ferreira e Penna, podemos calcular que esses senhores ficam diariamente com 1200 charutos grátis. São, portanto no fim do ano 360 mil charutos grátis.
Deixamos a mais dois dias de trabalho. Esses dois dias só são recebidos de seis em seis meses. Imagine o proletariado do Rio o que valem dois dias arrancados a 600 operários e operárias que ganham 2$ a 3$ por dia, isso mesmo só quando acham aviamentos.
Somos empreiteiras. Ganhamos pelo que fazemos. Os diaristas deste trabalho são poucos; trabalham em outra seção como a banca de capas que apronta os aviamentos.
Bebemos água em uma caneca. A caneca é uma lata de creolina que adaptamos. O depósito d’agua são duas jarras.
Há pouco com a greve, os burgueses daqui argumentaram 40 e 60 réis em um cento de charutos, fazendo de nós mendigas.
As companheiras grávidas continuam sentar-se com os mesmo tamboretes de pau tosco.
Os que nas grandes cidades, nas casas elegantes fumam os charutos finos de São Félix, mal sabem a exploração inominével a que vivemos submetidas.
Nossas aspirações são as seguintes:
(A) Econômicas
- Salário fixo de 4$ diários por 250 charutos a pau ou cem charutos a mão;
- Nenhum desconto quando a conta passar de cem charutos;
- Nem um só charuto de quebra;
- Pagamento semanal de todos os dias de trabalho;
- Extinção de empreitadas;
- Licença de 15 dias para as companheiras no parto e pagamento integral
(B) Higiênicos
- Água pura e Copos
- Bancos especiais para companheiras grávidas
(C) Políticas
- Direito a livre associação;
- Não sermos despedidas quando comemorar o 1º de maio.
Tais são as nossas aspirações imediatas. O primeiro de maio é feriado por lei, em todo país menos em São Félix.
Este ano os senhores da Costa Ferreira e Penna proibiram que comemorássemos nosso dia sob ameaça de irmos para rua.
Operárias charuteiras de São Félix.
Fonte 4. Jornal A Vanguarda, 1925. Fonte: Arquivo Público de São Félix.(Um grupo de senhorinhas da elite de São Félix Que serviram na festa da Igreja Católica)
A partir das fontes apresentadas, os/as estudantes deverão refletir sobre as seguintes questões:
1) O que podemos observar a respeito do mercado de trabalho destinado às mulheres na Primeira República, em São Félix-BA?
2) Quais eram as reivindicações das operárias das fábricas de fumo em São Félix-BA? Elas estavam apenas voltadas para o espaço de trabalho ou extrapolavam o chão de fábrica? Justifique.
3) Vocês consideram que trabalhar fora de casa era uma opção ou uma necessidade para as mulheres na Primeira República? Pensando a partir de um recorte racial, quais mulheres, majoritariamente, viam-se impelidas à ingressar no mercado de trabalho?
Como tarefa de casa, os/as estudantes, devem ser estimulados a observar como o racismo estrutural e as suas raízes históricas impactam, ainda hoje, a sociedade brasileira.
1) As mulheres brancas e negras possuem as mesmas oportunidades no mercado de trabalho?
2)Quais os lugares são naturalizados no mercado de trabalho para mulheres brancas? E as mulheres negras?
3)Quais as possibilidades de resistência da população negra na atualidade?
Etapa 2: Contextualização e aprofundamento
Após ouvir e debater as informações trazidas pelos/as estudantes que foram solicitadas na aula anterior, o/a professor/a deverá construir uma aula expositiva com base no livro didático, e refletir sobre temas como: a construção da cidadania nos primórdios da República, a invisibilidade da população negra e as diferenças interseccionais na construção feminilidade.
Para subsidiar as discussões, sugerimos dois recursos como forma de aprofundar as discussões: o primeiro é a reprodução do discurso de Sojourner Truth2, de 1851; o segundo, o vídeo da série “Coisa mais linda” que mostra assimetrias entre as demandas das mulheres negras e brancas, o que diferencia o feminismo negro e branco.
2 Sojourner Truth foi o nome adotado por Isabella Baumfree, mulher negra feminista, abolicionista e defensora dos direitos das mulheres. Com o discurso, Truth iniciava a crítica à invisibilidade da mulher negra até mesmo dentro do movimento feminista. Apesar de mais de quase 200 anos terem se passado desde o discurso de Truth, ainda é bastante dura a realidade enfrentada pelas mulheres negras. São elas as maiores vítimas do feminicídio e das agressões e também são as que recebem os menores salários. Truth nasceu em 1797 no cativeiro em Swartekill, Nova York, e faleceu em 1883, em Battle Creek, Michigan.
Recurso 1: “Não sou uma mulher”, de Sojourner Truth. Discurso proferido na Convenção pelos Direitos das Mulheres em Akron, Ohio, em 1851. O discurso deverá ser distribuído em folha impressa para a turma.
“Não sou uma mulher?
Aquele homem ali diz que é preciso
ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregar elas quando
atravessam um lamaçal e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca
ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o
melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu braço! Eu
capinei, eu plantei juntei palha nos celeiros e homem nenhum conseguiu me
superar! E não sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e comer tanto quanto um homem
– quando tinha o que comer – e também aguentei as chicotadas! E não sou mulher?
Pari cinco filhos e a maioria deles foi vendida como escravos. Quando
manifestei minha dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma
mulher?
E daí eles falam sobre aquela coisa que tem na
cabeça, como é mesmo que chamam? (uma pessoa da platéia murmura: “intelecto”).
É isto aí, meu bem. O que é que isto tem a ver com os direitos das mulheres ou
os direitos dos negros? Se minha caneca não está cheia nem pela metade e se sua
caneca está quase toda cheia, não seria mesquinho de sua parte não completar
minha medida?
Então aquele homenzinho vestido de preto diz que
as mulheres não podem ter tantos direitos quanto os homens porque Cristo não
era mulher! Mas de onde é que vem seu Cristo? De onde foi que Cristo veio? De
Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com Ele.
Se a primeira mulher que Deus criou foi
suficientemente forte para, sozinha, virar o mundo de cabeça para baixo, então
todas as mulheres, juntas, conseguirão mudar a situação e pôr novamente o mundo
de cabeça para cima! E agora elas estão pedindo para fazer isto. É melhor que
os homens não se metam. Obrigada por me ouvir e agora a velha Sojourner não tem
muito mais coisas para dizer.”.
Recurso 2: Exibição do trecho da série “Coisa mais linda” (2019)
Ao final da atividade, em uma roda de conversa, os/as alunos deverão dialogar sobre questões abaixo:
1) Quais as possibilidades de trabalho das mulheres negras fora âmbito doméstico?
2) Como explicar a centralidade das mulheres negras nas famílias pobres?
3) Estamos humanizando ou desumanizando as mulheres negras quando as naturalizamos como fortes e resistentes?
4) No decorrer da sua vida escolar, como vocês percebem que as mulheres negras aparecem no livro didático? Ou não aparecem?
5) Em quais momentos da sua vida escolar e da sua vida cotidiana as mulheres negras são vistas como agentes da sua história e essenciais para preservação, sustentação e perpetuação cultural, econômica e intelectual da população negra?
Etapa 3: Problematização
A partir desses conhecimentos, o/a professor/a deverá problematizar como os ex- escravizados, livres e libertos foram inseridos na sociedade brasileira no contexto do pós- abolição e da recém-instalada República. A proposta aqui é discutir como o racismo moldou as relações sociais no Brasil, a partir da identificação das formas estruturais de marginalização e invisibilização da população negra naquele período, bem como as estratégias de organização e resistência da população negra.
Propomos algumas fontes/ recursos abaixo para subsidiar as discussões:
Recurso 1: Distribuir a letra da canção e ouvir a música “14 de maio”, de Lazzo Matumbi (nome artístico de Lázaro Jerônimo Ferreira, cantor, compositor e ativista brasileiro. Um dos expoentes da música negra baiana, oriundos do bloco afro Ilê Aiyê).
Música
14 de Maio
Canção de Lazzo Matumbi
No dia 14 de maio, eu saí por aí
Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
Levando a senzala na alma, subi a favela
Pensando em um dia descer, mas eu nunca desci
Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia
Um dia com fome, no outro sem o que comer
Sem nome, sem identidade, sem fotografia
O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver
No dia 14 de maio, ninguém me deu bola
Eu tive que ser bom de bola pra sobreviver
Nenhuma lição, não havia lugar na escola
Pensaram que poderiam me fazer perder
Mas minha alma resiste, o meu corpo é de luta
Eu sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu
A coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa
Eu sou o que sou, pois agora eu sei quem sou eu
Será que deu pra entender a mensagem?
Se ligue no Ilê Aiyê
Se ligue no Ilê Aiyê, agora que você me vê
Repare como é belo, vê nosso povo lindo
Repare que é o maior prazer
Bom pra mim, bom pra você
Estou de olho aberto
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Será que deu pra entender a mensagem?
Se ligue no Ilê Aiyê
Se ligue no Ilê Aiyê, agora que você me vê
Repare como é belo, vê nosso povo lindo Repare que é o maior prazer
Bom pra mim, bom pra você
Estou de olho aberto
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Olha, moço, fique esperto, que eu não sou menino
Diz aí!
E aí, mano!
Recurso 2: Jornal O Campesino, 1921, São Gonçalo dos Campos/BA, que fala sobre a abertura de uma escola noturna por um membro dogrupo familiar Cazumbá3 Esse documento ilustra uma das estratégias resistência da população negra, através da educação, bem como seu protagonismo no processo luta por dignidade e humanização.
Transcrição:
Escola Noturna gratuita, sob os aupícios do nosso dedicado amigo e illustre conterrâneo Luiz Cardozo Cazumbá, fundou-se nesta cidade, no dia 4 do corrente, uma aula noturna gratuita, com o fim elevado e patriótico de combater o analfabetismo tão elevado em nosso meio. As aulas estão sendo dadas provisoriamente em sua residência, estão começando de 7 às 9 horas da noite com já adeantado número de alunnos. Levando um abraço sincero de parabéns ao nosso amigo Cazumbá pela sua brilhante ideia, fazemos votos para veja coroado de refulgentes êxito os seus imensos esforços, arrancando das trevas da ignorância muitos sangonçalenses, que poderão talvez amanhã, bebendo nas fontes do saber, vir a ser o futuro de glória desta terra.
3 Conforme os estudos do professor José Bento Rosa da Silva, a família Cazumbá é composta por descendentes de escravizados. Na documentação existente nos arquivos públicos e privados, bem como narrativas orais acerca da trajetória do grupo Cazumbá, apontaram para a excepcionalidade da trajetória deste grupo familiar, quando comparados com a trajetória de outros descendentes de africanos na região do Recôncavo, sobretudo na cidade de São Gonçalo dos Campos. Através da oralidade, são vistos como “negros altivos” e inteligentes; pertencentes à uma família negra “mas com dignidade”. Para mais, ver: SILVA, José Bento Rosa da. Prosopografia da família Cazumbá desde São Gonçalo dos Campos. [Recôncavo da Bahia, 1879- 2015]. https://sudeste2017.historiaoral.org.br/resources/anais/8/1501767416_ARQUIVO_ProsopografiadafamiliaCazumbadesdeSaoGoncalodosCampos.pdf
Após a apresentação dos recursos/ fontes, os/as estudantes deverão se reunir em grupos e recriar o seguinte trecho da música de Matumbi, procurando identificar ações de resistência da população negra à marginalização (como a que foi exemplificada na fonte apresentada), bem como outras que possam vir a ser apresentadas pelo/a professor/a.
“No dia 14 de maio, eu saí por aí (…)
Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
Levando a senzala na alma, subi a favela
Pensando em um dia descer, mas eu nunca desci
Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia
Um dia com fome, no outro sem o que comer
Sem nome, sem identidade, sem fotografia
O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver”.
Etapa 4
Diante do panorama explorado, os/as estudantes deverão se organizar em grupos e elaborar uma exposição na escola com imagens sobre a o papel das mulheres negras na história do trabalho/econômica no contexto em que estão inseridos. e os lugares que essas mulheres predominam socialmente na atualidade, pensando sempre na relação passado e presente. É importante trazer para a atividade a influência cultural e religiosa das mulheres negras, bem como fotografias delas ou dos grupos que representam irmandades, sindicatos, manifestações culturais. O objetivo da exposição é descontruir estereótipos e trazer para centralidade do debate histórico, a importância das mulheres negras enquanto sujeitos históricos.
Sugestão: Trazer para o trabalho uma pesquisa de imagens e referências sobre intelectuais como Audre Lord, Patrícia Hills, Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, dentre outras, cujo objetivo é popularizar e reconhecer as obras de intelectuais negras.
Bibliografia e Material de apoio:
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
FONTES, José Raimundo. Manifestações operárias na Bahia: o movimento grevista, 1888-1930. 1982. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1982.
LESSA, Rosana Falcão. Mulheres, trabalho e memória na Bahia: o caso da indústria fumageira de São Gonçalo dos Campos, 1950-1980. Salvador: Editora Devires, 2020.
NAS MALHAS DO FUMO: cotidiano, família e trabalho feminino no Recôncavo Fumageiro, 1870-1920 / ROSANA FALCÃO LESSA. — Rio de Janeiro, 2022. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em História.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira. Trabalhadores negros e o “paradigma da ausência”: 1 contribuições à História Social do Trabalho no Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 29, n. 59, p. 607-626, set./dez. 2016.
Créditos da imagem de capa: Fichas de registro de meninas empregadas,1923. Fonte: Arquivo Público de São Félix.
Chão de Escola
Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.
A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral, Samuel Oliveira, Felipe Ribeiro, João Christovão, Flavia Veras e Leonardo Ângelo.
Que trabalho lindo