LMT #139: Chhehrata, Amritsar City, India – Rana Behal




Em 6 de junho de 2025, o The Tribune, um conhecido periódico de Chandigarh, publicou uma matéria para marcar o Dia do Trabalhador, em 1º de maio de 2025, intitulada “Chheharta: de polo industrial a cidade esquecida”, que parece ser uma peça nostálgica e quase um obituário, escrita por Manmeet Singh Gill. Ele escreveu: “Outrora um distrito industrial próspero com uma identidade própria, a história de Chheharta é agora de declínio e abandono. Localizada nos arredores da cidade sagrada de Amritsar, Chheharta era um centro movimentado, abrigando mais de uma dúzia de grandes fábricas e inúmeras indústrias de pequeno porte, teares mecânicos e manuais”. Chheharta é uma cidade suburbana situada a 7 km a oeste da cidade de Amritsar (estado de Punjab e lar do Templo Dourado, o local mais sagrado da religião sikh), na Índia, ao longo da Grand Trunk Road que leva à fronteira com o Paquistão.

Chheharta tinha uma tradição de movimentos trabalhistas e atividades sindicais vibrantes durante os anos 1930 e 1940. A União dos Trabalhadores Têxteis foi formada em 1944, e antes disso já existiam Federações de Trabalhadores. O Congresso Sindical de Toda a Índia (All India Trade Union Congress, AITUC) estava presente em Amritsar antes de 1947. O Partido Comunista da Índia foi muito ativo na região. A maioria dos mazdoors (termo punjabi para trabalhadores), antes da Partição entre Índia e Paquistão, eram muçulmanos das periferias da cidade, além de alguns sikhs e hindus oriundos do interior agrário. No entanto, a Partição do subcontinente indiano em 1947 foi um choque traumático para a cidade. A violência sectária em larga escala afetou gravemente as empresas industriais e comerciais. A grande maioria dos mazdoors muçulmanos foi forçada a partir para o Paquistão, privando a indústria de sua força de trabalho. No entanto, a chegada de refugiados hindus e sikhs vindos do Paquistão substituiu parcialmente os mazdoors muçulmanos, juntamente com a força de trabalho local existente, o que ajudou na retomada da atividade industrial. Nas décadas seguintes, muitos migrantes vindos de Himachal, Uttar Pradesh (UP) e Bihar passaram a fazer parte da força de trabalho no complexo industrial de Chheharta. Muitos dos migrantes vindos de UP e Bihar pertenciam a comunidades de castas inferiores.

Houve um ressurgimento das atividades industriais nas três décadas seguintes à Partição em Chheharta. Uma variedade de produtos passou a ser fabricada, com os têxteis, incluindo tecidos de lã, algodão, seda, tapetes e xales, destacando-se entre todas as indústrias em Amritsar. As fábricas têxteis passaram a dominar o espaço industrial de Chheharta. Os sindicatos e as atividades trabalhistas voltaram a ganhar força.


O Congresso Sindical de Toda a Índia (AITUC), controlado pelo Partido Comunista da Índia, desempenhou um papel importante na organização dos mazdoors para lutar por seus direitos.


O novo partido no poder da Índia independente, o Congresso Nacional Indiano, também criou o Congresso Sindical Nacional Indiano (Indian National Trade Union Congress, INTUC).

A luta dos mazdoors durante a segunda metade do século XX em Chheharta está entrelaçada com o lendário casal comunista e sindicalista, os camaradas Satya Pal Dang e Vimla Dang. Ambos vieram de famílias de classe média e se envolveram com o movimento comunista durante os tempos de faculdade em Lahore, antes da Independência. Chegaram a Amritsar em 1952 como parte do AITUC e permaneceram comprometidos com a luta dos mazdoors por mais de seis décadas até o fim de suas vidas. Sua popularidade entre os mazdoors se refletiu em ambos terem se tornado presidentes do Comitê Municipal de Chheharta em diferentes períodos. Vimla Dang sempre destacou  o papel das trabalhadoras e de suas famílias nos movimentos operários de Chheharta. Ela organizou uma Istri Sabha (Assembléia de Mulheres) para defender a causa das mulheres que apoiavam as greves dos mazdoors, tanto participando diretamente quanto angariando alimentos durante as paralisações. Após o massacre de sikhs em 1984, no norte da Índia, ela viajou pelo país arrecadando fundos para o sustento das viúvas sikhs e suas famílias. O casal viveu de forma simples e frugal, permanecendo parte integrante da comunidade da classe trabalhadora em Chheharta.

Outro líder igualmente importante da AITUC, porém menos mencionado, foi o camarada Parduman Singh que, assim como o casal Dang, foi parte fundamental na organização de greves coletivas dos trabalhadores têxteis em 1955 e 1965. Essas greves foram bem-sucedidas em forçar os empregadores a aceitarem reivindicações por jornadas de trabalho mais curtas, salários mais altos, folgas, bônus, igualdade salarial para as trabalhadoras e reintegração de trabalhadores que haviam sido punidos por participarem das paralisações. Singh escreveu e publicou a história da AITUC na língua punjabi para comemorar seus 25 anos em Amritsar, em 1981. Durante o curso da luta operária, ambos os líderes, junto com centenas de trabalhadores, enfrentaram severa repressão estatal, como sentenças de prisão, ou tiveram que se esconder para escapar dela.

Enquanto o casal Dang e Parduman, que vieram da classe média e tiveram acesso à educação, tiveram suas vidas e trabalhos documentados, muitos ativistas e mazdoors permaneceram invisíveis, apesar de sua longa associação e compromisso com as lutas em Chheharta. Alguns deles também vieram de contextos marginalizados e de castas inferiores. Destacarei brevemente as histórias de alguns trabalhadores que participaram das lutas mazdoor e que continuam engajados até os dias atuais. O camarada Jagdish Sharma, da AITUC, chegou à Índia como refugiado ainda adolescente, após 1947. Depois de quatro ou cinco anos de incertezas financeiras e de passar por diversos campos de refugiados em Punjab, conseguiu um emprego como mazdoor em uma fábrica têxtil em Chheharta, em 1951. Durante os vinte anos em que trabalhou como operário têxtil, envolveu-se no movimento comunista e, em 1971, tornou-se trabalhador em tempo integral da AITUC. Há 75 anos ele permanece um comunista e ativista sindical dedicado, movido por convicção. Viveu com sua família em alojamentos da classe trabalhadora. Ele recorda: “Como muitos outros, também fui influenciado pelas ideias e pelos ativistas comunistas. Desde que me tornei mazdoor, sou e continuo sendo comunista. Nunca olhei para outro caminho, nem mesmo em sonhos”. Agora, já com mais de 80 anos, embora mais devagar, ele continua sendo um trabalhador comunista dedicado, em tempo integral, da AITUC. Foi com sua memória afiada que aprendi muitos aspectos e relatos anedóticos das lutas mazdoor e da repressão estatal em 1955, 1965 e 1972.

Kawanljit Singh, ex-trabalhador e ativista comunista, agora na casa dos 70 anos, relembra sua vida como operário e militante: O trabalho têxtil era um negócio muito importante naqueles tempos. Comecei a trabalhar em 1962, na fábrica têxtil Radhakrishen Harbanslal, e trabalhei lá por muito tempo. Os trabalhadores vinham da cidade, de vilarejos próximos e até alguns eram migrantes de lugares mais distantes. Aprendi a operar as máquinas com um instrutor da própria fábrica, enquanto trabalhava lá. Naquela época, trabalhar em uma fábrica têxtil era considerado algo muito bom”.

O camarada Barjinder, do Partido Comunista da Índia Marxista (Communist Party of India Marxist, CPI M, um grupo dissidente), relembrou com nostalgia os tempos áureos das intensas lutas mazdoor das décadas de 1960 e 1970: “Os trabalhadores das fábricas têxteis eram respeitados e tinham orgulho de seu status como operários. Meu pai trabalhava com tear mecânico em uma fábrica têxtil. Naquela época, esse tipo de trabalho pagava salários melhores. Ele atribuía isso à presença de jathebandis mazdoor (organizações sindicais fortes), que lutavam por melhores salários”.

Já o camarada Amarjit Singh Assal, atual secretário da AITUC em Putlighar, veio de uma família de sem-terra da casta dos dalits. Sua origem marginalizada o aproximou do comunismo. Seu pai era um trabalhador que carregava sacos de grãos na estação de Patti. A oportunidade de estudar o levou a Chhehrata em 1977, onde se conectou com a ala estudantil do CPI, a Federação de Estudantes de Toda a Índia (All India Students Federation,  AISF): “Desde 1983, venho atuando regularmente no Partido”. Naquela época, a luta mazdoor e a situação dos sindicatos passavam por um momento de enfraquecimento, um ponto crucial para sua sobrevivência. Como secretário do partido, ele conhece tanto a história quanto a situação atual do movimento sindical na antiga cidade industrial.

Da mesma forma, Mohinder Singh Walia, ex-trabalhador das ferrovias, está ligado à AITUC há quarenta anos. Mesmo após a aposentadoria, continua atuando no Partido, sem receber nenhum benefício financeiro: “A política da classe trabalhadora e suas atividades se expandiram, enviando sinais claros aos empregadores contra demissões arbitrárias ou o descumprimento das leis trabalhistas”, comentou. No entanto, ele e seus colegas se mostram decepcionados com o declínio dos sindicatos e fechamento das fábricas. Ele contesta as acusações de que a política mazdoor seria a responsável por isso: “Lutamos pela aprovação das leis trabalhistas e, agora, lutamos por sua aplicação. As razões para o fechamento das fábricas foram outras. As terras das fábricas se tornaram muito valiosas, e os proprietários encontraram negócios mais lucrativos ao vendê-las”.

A década de 1980 foi marcada por um forte declínio industrial em cidades conhecidas como Bombaim, Ahmedabad e Kanpur. O declínio da cidade industrial de Chhehrata  começou aproximadamente na mesma época, devido ao surgimento do militantismo sikh na política de Punjab. Amritsar tornou-se o principal centro do conflito armado entre militantes sikhs e o Estado indiano. O clima de violência instaurado, tanto pelos militantes quanto pelo Estado, afetou a vida cotidiana das pessoas em Amritsar. Militantes sikhs também passaram a mirar os sindicatos e começaram a extorquir os donos das fábricas. As tendências de declínio se agravaram ainda mais com a adoção de políticas econômicas neoliberais pelo Estado indiano no início da década de 1990. Muitos empresários industriais e comerciais deixaram a região e se realocaram em outras partes da Índia.

Iniciei este artigo com a reportagem do jornal The Tribune sobre a situação marginalizada do distrito industrial de Chhehrata. Em 2017, enquanto me levava de moto pela Grant Trunk Road em Chhehrta, o camarada Barjinder apontou para ambos os lados da estrada, onde antes grandes fábricas dominavam a paisagem de todo o trecho de Chhehrta até o cruzamento de Putlighar. Hoje, essas são apenas memórias nostálgicas, já que toda a paisagem da área industrial foi transformada em shoppings, hotéis, lojas sofisticadas de automóveis, hospitais particulares, instituições privadas de ensino e formação, etc. As fábricas com suas chaminés e seus trabalhadores desapareceram. A presença da classe trabalhadora nos bairros diminuiu. As chamadas reformas trabalhistas introduzidas por um governo autoritário retiraram os direitos trabalhistas conquistados ao longo de décadas de lutas e, consequentemente, enfraqueceram a organização da classe trabalhadora em toda a Índia. Ao me postar em frente ao escritório da AITUC em Putlighar, só consigo ver uma única e simbólica grande chaminé que sobreviveu a esses tempos turbulentos.

Foto do escritório da AITUC em Putlighar, Chheharta. Um símbolo do que já foi um sindicato muito poderoso em Chheharta.


  • Portelli, ‘The Peculiarities of Oral History’ in History Workshop Journal. Vol. 12. No. 1, 1981, pp. 96-107.
  • Praduman Singh, Amritsar di Mazdoor Tahireek Da Sankhep Itihas: Textile Mazdoor Ekta Union Amritsar de Panjhi Saal 1955-1980 [A Short History of Labour in Amritsar: 25 Years of Textile Unity Union in Amritsar], (Amritsar: Textile Mazdoor Ekta Union, 1981); Amritsar District Gazetteer 1971. 
  •  Bashir Ahmed Bakhtiar, ‘Labour Movement and Me’ translated from Urdu to English by Ahmad Azhar in Ravi Ahuja (ed.) Working Lives & Worker Militancy: The Politics of Labour in Colonial India (New Delhi: Tulika books, 2013), pp. 274-328.
  • Chitra Joshi, Lost Worlds: Indian Labour and Its Forgotten Histories (New Delhi: Permanent Black), 2003.

Crédito da imagem de capa: Fotografia de arquivo do líder do CPI, Satya Pal Dang, a discursar numa reunião de trabalhadores em Punjab. Disponível em: https://www.tribuneindia.com/news/in-depth/the-dangs-of-chheharta-legacy-that-endures/


Lugares de Memória dos Trabalhadores

As marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados. Na batalha de memórias, os mundos do trabalho e seus lugares também são negligenciados. Nossa série Lugares de Memória dos Trabalhadores procura justamente dar visibilidade para essa “geografia social do trabalho” procurando estimular uma reflexão sobre os espaços onde vivemos e como sua história e memória são tratadas. Mensalmente, um pequeno artigo com imagens, escrito por um(a) especialista, fará uma “biografia” de espaços relevantes da história dos trabalhadores de todo o Brasil. Nossa perspectiva é ampla. São lugares de atuação política e social, de lazer, de protestos, de repressão, de rituais e de criação de sociabilidades. Estátuas, praças, ruas, cemitérios, locais de trabalho, agências estatais, sedes de organizações, entre muitos outros. Todos eles, espaços que rotineiramente ou em alguns poucos episódios marcaram a história dos trabalhadores no Brasil, em alguma região ou mesmo em uma pequena comunidade.

A seção Lugares de Memória dos Trabalhadores é coordenada por Paulo Fontes.

Vale Mais #31: Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil, por Itan Cruz




Está no ar o quarto episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ!

Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho.

Neste quarto episódio, conversamos com Itan Cruz, doutor em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sobre sua tese Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil (1880-1889). Ao longo da conversa, Itan mostra como investigou de que maneira políticos baianos, como Saraiva, Dantas e Cotegipe, influenciaram os últimos anos do cativeiro no Brasil. Entre jogos de poder, alianças improváveis e disputas internas, revelamos como o baianismo atravessou gabinetes, salões, senzalas e até as relações íntimas do Império.

Para saber mais, ouça o episódio. E não deixe de acompanhar a nova temporada do Vale Mais!

Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco
Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco
Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias
Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco
Diretor da série: Thompson Clímaco
Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias

Vale Mais #34: À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro, por Jéssica Santanna Vale Mais

Está no ar o sexto episódio da nova temporada do Vale Mais, o podcast do LEHMT-UFRJ. Nessa temporada, convidamos pesquisadores para discutir livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No sexto episódio, conversamos com Jessica Santana, doutora em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Jessica contou um pouco sobre sua tese “À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro (1850-1889)”, que recebeu Menção Honrosa no Prêmio de Teses Capes 2025. Não deixe também de compartilhar e acompanhar os próximos episódios! Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco Diretor da série: Thompson Clímaco Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias
  1. Vale Mais #34: À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro, por Jéssica Santanna
  2. Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin
  3. Vale Mais #32: Breve dicionário analítico sobre a obra de Edward Palmer Thompson, por César Queirós e Marcos Braga
  4. Vale Mais #31: Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil, por Itan Cruz
  5. Vale Mais #30: A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21, por Thayara Lima

LdC #53: Estado-Patrão e a Luta Operária: O Caso FNM, por Alex Ivo

No 53° episódio de Livros de Classe, Alex Ivo, professor do Instituto Federal da Bahia (IFBA), apresenta o livro Estado-Patrão e a Luta Operária: O Caso FNM, de José Ricardo Ramalho. Publicado em 1989, a obra analisa a experiência dos operários da antiga Fábrica Nacional de Motores, em Duque de Caxias.

Livros de Classe

Os estudantes de graduação são desafiados constantemente a elaborar uma percepção analítica sobre os diversos campos da história. Nossa série Livros de Classe procura refletir justamente sobre esse processo de formação, trazendo obras que são emblemáticas para professores/as, pesquisadores/as e atores sociais ligados à história do trabalho. Em cada episódio, um/a especialista apresenta um livro de impacto em sua trajetória, assim como a importância da obra para a história social do trabalho. Em um formato dinâmico, com vídeos de curtíssima duração, procuramos conectar estudantes a pessoas que hoje são referências nos mais diversos temas, períodos e locais nos mundos do trabalho, construindo, junto com os convidados, um mosaico de clássicos do campo.

A seção Livros de Classe é coordenada por Ana Clara Tavares.

LEHMT-UFRJ é homenageado pelo TST com a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho


O Tribunal Superior do Trabalho (TST) vai realizar, nessa quarta-feira, dia 13 de agosto, a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho (OMJT) de 2025. A solenidade será às 17h, no edifício-sede do Tribunal, em Brasília. Criada na década de 1970, a comenda reconhece personalidades e instituições que se destacam no exercício de suas atividades ou que contribuíram de forma relevante para a sociedade e para a Justiça do Trabalho.

O Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT) da UFRJ será agraciado com a OMJT na figura de seu coordenador, Professor Paulo Fontes (IH-UFRJ). Também receberão a Ordem a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e o Hospital de Amor (Hospital de Câncer de Barretos). Lideranças dos três Poderes, como a Ministra de Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, Gleise Hoffman, o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, entre outras autoridades, serão igualmente homenageadas.

O evento será transmitido ao vivo pelo canal do TST no You Tube (https://www.youtube.com/@tst)) e pela TV TST (https://www.tst.jus.br/tv))

LMT #138: Takaparawhau/Bastion Point, Auckland, Nova Zelândia – Toby Boraman




Os green bans (bloqueios verdes) foram um avanço inovador em relação aos black bans. Tratavam-se de paralisações políticas de cunho ecológico, iniciadas em 1970 por sindicatos de trabalhadores da construção civil na Austrália. A Federação dos Trabalhadores da Construção (Builders’ Labourers’ Federation) impôs green bans em terras em disputa, habitats naturais, edifícios e bairros operários ameaçados por empreendimentos imobiliários. Eles só o faziam após um pedido de algum grupo comunitário. Uma vez estabelecido o green ban, os trabalhadores da construção se recusavam a atuar no local. Assim, os green bans eram ao mesmo tempo uma forma de controle dos trabalhadores e de proteção ambiental. Seu sucesso notável em impedir projetos de construção caros levou à repressão. No entanto, muitos desses bans ainda são respeitados — por exemplo, eles salvaram diversos bairros históricos de Sydney.

Os green bans foram celebrados por muitos como exemplos de como os sindicatos podem realizar ações diretas bem-sucedidas em apoio a causas ambientais nesta era de mudanças climáticas, além de contestar a visão de que o movimento operário é incompatível com o ambientalismo. Embora os green bans australianos tenham ganhado certo reconhecimento internacional, os da Nova Zelândia ainda são quase desconhecidos fora do país. Em Aotearoa, os green bans também foram inovadores: tratavam-se de adaptações indígenas da prática australiana. Eles foram aplicados em apoio às reivindicações Māori por terras e áreas de pesca das quais haviam sido expulsos no final da década de 1970.



Na década de 1840, os Ngāti Whātua haviam doado grande parte de suas terras em Auckland ao governador britânico. Eles mantiveram o território de Ōrākei (que incluía Takaparawhau) para que pudessem continuar vivendo em suas terras tradicionais. No entanto, apesar de uma decisão judicial de 1869 afirmar que o terreno de Ōrākei, com 700 acres, era inalienável, ao longo dos anos o governo colonial acabou comprando ou tomando compulsoriamente quase toda essa terra até 1951.

Em 1951, o governo expulsou de forma humilhante os Ngāti Whātua Ōrākei da pequena porção de terra que ainda lhes restava e incendiou tanto a casa de reunião comunitária quanto as residências particulares, reduzindo-as a cinzas. Joe Hawke, uma das lideranças do Grupo de Ação do Comitê Māori de Ōrākei (Ōrākei Māori Committee Action Group – ŌMCAG), que organizou a ocupação, foi expulso ainda criança junto com sua família, após a destruição de sua casa.

Em 1977, Hawke escreveu sobre Ōrākei:

restava agora apenas um quarto de acre — o urupā, ou cemitério… Hoje, em Bastion Point, os Ngāti Whātua lutam contra a divisão, pelo governo, do que é legitimamente a sua terra… Nosso povo não aceitará mais a desonra e a humilhação. Bastion Point representa a luta dos Ngāti Whātua pela devolução de seu mana [prestígio ou autoridade], honra e terra ancestral.

O green ban foi imposto antes que a ocupação passasse a impedir a chegada dos tratores ao local. Isso aconteceu após o ŌMCAG solicitar ao Conselho de Sindicatos de Auckland (Auckland Trades Council – ATC) que proibisse qualquer trabalho no terreno. O então presidente interino do ATC, Dave Clarke (do povo Te Paatu e membro do Sindicato dos Trabalhadores Marítimos), concordou com o pedido, e o green ban foi posteriormente confirmado pela Executiva completa do ATC após o retorno das férias de verão. O ATC era o órgão coordenador regional de Auckland para os sindicatos do setor privado filiados à Federação de Trabalhadores da Nova Zelândia.

Representantes do ŌMCAG então contataram com urgência os locais de trabalho que seriam responsáveis por iniciar as obras no terreno, a fim de por em prática o green ban. Foram organizadas assembleias sindicais com esses trabalhadores, incluindo fornecedores de brita e caminhoneiros, e eles votaram unanimemente a favor do ban, além da contribuição financeira para a ocupação. Os sindicatos contatados, entre eles os dos operários da construção civil e os dos motoristas, contavam com muitos membros Māori. Consequentemente, nenhuma obra foi iniciada em Takaparawhau, incluindo trabalhos de terraplanagem e infraestrutura, como a construção de estradas, por exemplo.

Em 5 de janeiro de 1977, a ocupação começou. Foi montada uma grande “cidade de barracas” (sem eletricidade ou água) para ocupar a terra. Milhares de apoiadores visitaram o local. Hortas foram plantadas, construções erguidas, e uma grande marae (casa de reunião comunitária) foi construída. Parte dos materiais de construção foi fornecida por sindicalistas. Muitos sindicalistas participaram diretamente, ou apoiaram, a ocupação.

Quatro meses após o início da ocupação, o governo ameaçou expulsar os ocupantes. Considerava os manifestantes como “invasores” e as barracas como uma “favela”. Apesar da ocupação estar desrespeitando a lei de invasão de propriedade (trespass law), o governo “teve que recuar por causa do amplo apoio popular à nossa causa”, segundo o ŌMCAG.

O comitê continuou enviando seus representantes às reuniões sindicais para obter apoio e reforçar o green ban. Após esses encontros, professores, estivadores/portuários, marítimos, ferroviários, operários da construção civil, enfermeiros, trabalhadores dos frigoríficos, entre outros, doaram dinheiro. Trabalhadores de uma cervejaria passaram a destinar semanalmente uma parte de seus salários à ocupação. No entanto, Syd Keepa, membro do sindicato dos caminhoneiros, lembra que alguns dirigentes sindicais apresentaram o green ban aos trabalhadores como uma ação contra os esforços do primeiro-ministro Muldoon, uma figura profundamente polarizadora, de “construir casas para gente rica naquele local”, a fim de contornar alguns membros do sindicato que estavam “um pouco incertos” quanto aos direitos dos Māori.

Em abril de 1978, foi concedida uma liminar para impedir que os manifestantes “invadissem, utilizassem ou ocupassem a terra” em Takaparawhau. O ŌMCAG, em um “apelo especial aos trabalhadores”, pediu que estes “defendessem Bastion Point” e “demonstrassem solidariedade de classe conosco em nossa luta… Uma agressão contra um é uma agressão contra todos!” O ATC convocou um grande piquete sindical caso uma tentativa de despejo fosse realizada. Segundo Syd Jackson, membro da Executiva do ATC e importante liderança do movimento pela soberania Māori, vários trabalhadores entraram em greve para se dirigirem rapidamente para a ocupação em solidariedade, quando surgiram ameaças de despejo.

Apesar desses chamados, em 25 de maio de 1978 o Estado desalojou à força os ocupantes e prendeu 222 pessoas. Centenas de apoiadores, incluindo sindicalistas, não conseguiram chegar a Takaparawhau, pois a polícia havia bloqueado todas as estradas da região. A ocupação durou 17 meses. Funcionários do governo, membros de um sindicato conservador do setor público que não fazia parte do ATC, furaram o green ban ao demolir as construções. O despejo de 1951 havia se repetido, apesar da resistência massiva e não violenta.

Para o ŌMCAG, o governo havia retirado sua “máscara de democracia” e revelado sua “verdadeira face de violência estatal, ao usar 600 policiais, além de membros do Exército, da Marinha e da Força Aérea… Bastion Point seria loteado para uma elite rica. O espírito dos povos Māori e Pākehā [europeus /brancos] diante da força massiva do Estado foi formidável”. Muitos sindicalistas estavam entre os presos. As duzentas prisões representaram uma das maiores detenções em massa de manifestantes na história do país.

Sindicatos, tanto local quanto globalmente, geralmente negligenciaram as questões indígenas. O green ban em Takaparawhau foi um exemplo de aliança prática bem-sucedida entre povos indígenas e sindicatos, além de ter sido uma ação ambiental. Sua aparente derrota, devido à repressão estatal, acabou se transformando em vitória quando, após uma audiência no Tribunal de Waitangi em 1987, o governo finalmente devolveu a maior parte de Takaparawhau ao Ngāti Whātua (o terreno havia permanecido sem construções, e o green ban continuou em vigor após o despejo). Hoje, grande parte dessa terra é uma reserva pública, a Reserva Takaparawhau, “para o benefício de todos” e é gerida conjuntamente pelo Ngāti Whātua Ōrākei e pela Câmara Municipal de Auckland.

Hoje, a ocupação é celebrada como um marco histórico. Ela representou um ponto de virada em um importante renascimento Māori. Na década de 1970, os Māori já haviam perdido cerca de 95% de suas terras desde o início da colonização, por meio de guerras, confisco e compras forçadas. Takaparawhau foi uma das primeiras (embora pequenas) porções de terra a serem devolvidas aos Māori no contexto do esforço do Estado para reparar essas injustiças, que começou em meados da década de 1980 com o Tribunal de Waitangi. A ocupação abriu os olhos de muitos neozelandeses Pākehā para a natureza sistêmica e contínua da expropriação de terras e do racismo.

O green ban também foi um ponto alto da ação direta dos trabalhadores em apoio aos direitos de terra dos Māori. Os Māori (inclusive os que integravam o ŌMCAG) estavam concentrados predominantemente na classe trabalhadora de operários manuais, e frequentemente desempenhavam um papel central em muitos sindicatos considerados “militantes” e em greves. As conexões mútuas e tradições de solidariedade com outros sindicalistas, desenvolvidas ao longo da década de 1970, o período com mais greves e protestos da história do país, lançaram as bases para o green ban. Vários outros green bans também foram impostos sobre áreas tradicionais de pesca e terras alienadas na década de 1970. Mas, após as derrotas progressivas dos sindicatos e seu esvaziamento, nas décadas de 1980 e 1990, pela desindustrialização e pelo neoliberalismo, os green bans não voltaram a ser aplicados, até onde se sabe.

Takaparawhau hoje. A reserva Takaparawhau é o parque na parte inferior central da foto. Fonte: https://bastionpointprotest.weebly.com/impact-on-new-zeland.html


  • Meredith Burgmann and Verity Burgmann, Green bans, Red union: Environmental activism and the New South Wales Builders’ Labourers’ Federation (1998)
  • Rocking the Foundations (1985 documentary about the NSW BLF). Link: https://youtu.be/2FcQomXcpGk?si=bf4a2QZpS0IrSgI_
  • Sharon Hawke, ed. Takaparawhau: The People’s Story (1988)
  • Bastion Point: The Untold Story (1999 documentary)
  • Cybele Locke, Comrade: Bill Andersen, A Communist Working-Class Life (2022)

Crédito da imagem de capa: Takaparawhau, Auckland, 1978. Photo credit: Robin Morrison Estate, Auckland Museum, Tāmaki Paenga Hira.


Lugares de Memória dos Trabalhadores

As marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados. Na batalha de memórias, os mundos do trabalho e seus lugares também são negligenciados. Nossa série Lugares de Memória dos Trabalhadores procura justamente dar visibilidade para essa “geografia social do trabalho” procurando estimular uma reflexão sobre os espaços onde vivemos e como sua história e memória são tratadas. Mensalmente, um pequeno artigo com imagens, escrito por um(a) especialista, fará uma “biografia” de espaços relevantes da história dos trabalhadores de todo o Brasil. Nossa perspectiva é ampla. São lugares de atuação política e social, de lazer, de protestos, de repressão, de rituais e de criação de sociabilidades. Estátuas, praças, ruas, cemitérios, locais de trabalho, agências estatais, sedes de organizações, entre muitos outros. Todos eles, espaços que rotineiramente ou em alguns poucos episódios marcaram a história dos trabalhadores no Brasil, em alguma região ou mesmo em uma pequena comunidade.

A seção Lugares de Memória dos Trabalhadores é coordenada por Paulo Fontes.

Vale Mais #30: A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21, por Thayara Lima

Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho.

No terceiro episódio, conversamos com Thayara de Lima, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora do livro A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21 (2024). A obra propõe o conceito de “cultura de luta antirracista” e discute as noções de fragmentação, capilarização e descentralização do movimento negro. A autora destaca, ainda, o papel das mulheres negras como protagonistas de um processo de reeducação social. Para saber mais, ouça o episódio aqui. E não deixe de acompanhar a nova temporada do Vale Mais!

LdC #52: Mulheres e trabalhadoras: A presença feminina na constituição do sistema fabril, de Maria Valéria Pena, por Glaucia Konrad


No 52° episódio de Livros de Classe, Glaucia Konrad, professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apresenta o livro Mulheres e trabalhadoras: A presença feminina na constituição do sistema fabril, de Maria Valéria Pena. Publicado em 1981, o livro é resultado da tese de doutorado da autora e analisa o trabalho feminino entre 1850 e 1950.

Livros de Classe

Os estudantes de graduação são desafiados constantemente a elaborar uma percepção analítica sobre os diversos campos da história. Nossa série Livros de Classe procura refletir justamente sobre esse processo de formação, trazendo obras que são emblemáticas para professores/as, pesquisadores/as e atores sociais ligados à história do trabalho. Em cada episódio, um/a especialista apresenta um livro de impacto em sua trajetória, assim como a importância da obra para a história social do trabalho. Em um formato dinâmico, com vídeos de curtíssima duração, procuramos conectar estudantes a pessoas que hoje são referências nos mais diversos temas, períodos e locais nos mundos do trabalho, construindo, junto com os convidados, um mosaico de clássicos do campo.

A seção Livros de Classe é coordenada por Ana Clara Tavares.

Chão de Escola #50: Conheça o CdE: Trabalhadores Docentes no Chão de Escola, por Márcio Arcoverde

Márcio Romerito da Silva Arcoverde (Professor do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas da UFRPE e Doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)

Apresentação da atividade

Segmento: Docente da Educação Básica

Unidade Temática: Ensino de História; História Pública

Atividade

Conheça o CdE: Trabalhadores Docentes no Chão de Escola

Márcio Romerito da Silva Arcoverde, professor do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (UFRPE) e doutorando em História pela PUC-Rio, convida você a conhecer o Chão de Escola (CdE), seção de História Pública do LEHMT/UFRJ dedicada a levar a História Social do Trabalho para dentro da sala de aula.

Desde 2020, o CdE já disponibilizou, no site do LEHMT, 46 publicações — entre sequências didáticas e entrevistas — oferecendo a estudantes da educação básica ferramentas para construírem uma visão crítica sobre o mundo do trabalho, em diálogo com a BNCC e o ensino de História. Esses materiais gratuitos, prontos para uso em diferentes segmentos e alinhados às novas abordagens historiográficas, colocam trabalhadoras e trabalhadores no centro das narrativas.

Se você é professor(a) e produz atividades nessa perspectiva, envie sua sequência didática e fortaleça essa rede de troca e criação coletiva.

Para entrar em contato com a equipe do Chão de Escola, utilize o e-mail: cdelehmt@gmail.com

Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral e Samuel Oliveira.

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes




Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ!

Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho.

No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio!

Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!

Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco
Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco
Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias
Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco
Diretor da série: Thompson Clímaco
Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias

Vale Mais #34: À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro, por Jéssica Santanna Vale Mais

Está no ar o sexto episódio da nova temporada do Vale Mais, o podcast do LEHMT-UFRJ. Nessa temporada, convidamos pesquisadores para discutir livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No sexto episódio, conversamos com Jessica Santana, doutora em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Jessica contou um pouco sobre sua tese “À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro (1850-1889)”, que recebeu Menção Honrosa no Prêmio de Teses Capes 2025. Não deixe também de compartilhar e acompanhar os próximos episódios! Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco Diretor da série: Thompson Clímaco Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias
  1. Vale Mais #34: À frente dos negócios: a atuação das viúvas na direção de comércios de secos e molhados na cidade do Rio de Janeiro, por Jéssica Santanna
  2. Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin
  3. Vale Mais #32: Breve dicionário analítico sobre a obra de Edward Palmer Thompson, por César Queirós e Marcos Braga
  4. Vale Mais #31: Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil, por Itan Cruz
  5. Vale Mais #30: A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21, por Thayara Lima

ERRATA:
O professor se refere, em certo momento, a “janeiro de 1941”, mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo.

LdC #51: Que tenhas teu corpo, por Flávia Veras

Neste episódio de Livros de Classe, Flávia Veras, professora do Instituto Federal do Pará (IFPA), apresenta o livro “Que tenhas teu corpo”: Uma história social da prostituição no Rio de Janeiro das primeiras décadas republicanas, de Cristiana Schettini. Publicado inicialmente em 2006, o livro conta com uma segunda edição, disponível gratuitamente no site da CECULT-Unicamp.

Livros de Classe

Os estudantes de graduação são desafiados constantemente a elaborar uma percepção analítica sobre os diversos campos da história. Nossa série Livros de Classe procura refletir justamente sobre esse processo de formação, trazendo obras que são emblemáticas para professores/as, pesquisadores/as e atores sociais ligados à história do trabalho. Em cada episódio, um/a especialista apresenta um livro de impacto em sua trajetória, assim como a importância da obra para a história social do trabalho. Em um formato dinâmico, com vídeos de curtíssima duração, procuramos conectar estudantes a pessoas que hoje são referências nos mais diversos temas, períodos e locais nos mundos do trabalho, construindo, junto com os convidados, um mosaico de clássicos do campo.

A seção Livros de Classe é coordenada por Ana Clara Tavares.