Vale Mais #01 – Ministério do Trabalho




Vale Mais é um podcast do Laboratório de Estudos dos Mundos do Trabalho da UFRJ. O objetivo é discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da perspectiva da história social.

O episódio #01 é sobre o Ministério do Trabalho, que foi fundado em 1930, durante o governo de Getulio Vargas, e extinto em janeiro de 2019, na reforma ministerial do governo de Jair Bolsonaro. Para falar sobre isso convidamos a historiadora especialista no tema, e servidora do Arquivo Nacional, Heliene Nagasava, e o historiador e professor da UFRJ, Paulo Fontes.

Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

Roteiro e Produção: Deivison Amaral, Heliene Nagasava e Yasmin Getirana.

Disponível também no Spotify, Castbox e PocketCasts.
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Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus Vale Mais

Na décima quarta edição da série “Vale a Dica”, Larissa Farias, mestranda pelo PPGHIS/UFRJ e pesquisadora do LEHMT-UFRJ, indica “Orgulho e Esperança”, de Matthew Warchus. O filme narra a história real de solidariedade entre o grupo Lesbians and Gays Support the Miners (LGSM) e os mineiros britânicos durante a greve de 1984-1985. Destaca o impacto do apoio mútuo em um momento em que o governo de Margaret Thatcher ameaçava milhares de empregos e comunidades. Como destaca a historiadora, a greve foi além da luta por salários e melhores condições de trabalho, mas buscou preservar comunidades inteiras. Ao mesmo tempo, o LGSM expandiu o ativismo LGBT ao abordar questões de classe e inserir pautas LGBT na agenda trabalhista. Projeto e execução: Alexandra Veras, Isabelle Pires, Larissa Farias, Victória Cunha e Yasmin Getirana Edição: Brenda Dias
  1. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  2. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  3. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins
  4. Vale a Dica #11: O futuro das profissões, de curadoria de André Couto, Maria Carla Corrochano e Paulo Fontes
  5. Vale a Dica #10: Meu querido Zelador, de Mariano Cohn e Gastón Duprat

Artigo Apontamentos sobre a Indústria Têxtil Fluminense no Contexto Pós Segunda Guerra Mundial: Padrões e Peculiaridades de Fábricas com Vila Operária – Felipe Ribeiro

O artigo compõe um dossiê sobre industrialização fluminense e busca apresentar um panorama do setor têxtil de algodão no estado do Rio de Janeiro a partir da Segunda Guerra Mundial, período considerado “áureo” para as fábricas de tecidos no país. O texto propõe uma análise de algumas unidades fabris e suas vilas operárias, a partir do conceito proposto pelo antropólogo José Sérgio Leite Lopes, interpretando padrões e peculiaridades entre as fábricas estudadas.

Artigo Apontamentos sobre a Indústria Têxtil Fluminense no Contexto Pós Segunda Guerra Mundial: Padrões e Peculiaridades de Fábricas com Vila Operária, na Revista Espaço e Economia. Acessar: https://journals.openedition.org/espacoeconomia/3269?fbclid=IwAR2JJZZpNu32DOWI3v3-Egfya_375Ts0hXkRTohy-rheCzQ-FR1DNPRasWU

Ilustração: Vila Operária da Fábrica Andorinhas no início da década de 1940 (Acervo Felipe Ribeiro)

Dossiê Baixada Fluminense: um Calhamaço de Pesquisa para Superar o Close-Up da Fronteira – Felipe Ribeiro

O dossiê reúne uma coletânea de artigos sobre a Baixada Fluminense, assinada por uma nova geração de historiadores, cuja produção acadêmica tem se destacado nas últimas décadas. Partindo de uma reportagem da revista “O Cruzeiro”, datada de 1961, repleta de clichês e estigmas sobre a Baixada – representada como a “fronteira sangrenta do Rio de Janeiro” – este dossiê propõe outras imagens sobre a região, mais densas, instigantes e críticas. Organizado por Jean Sales, Alexandre Fortes, Álvaro Nascimento e Felipe Ribeiro, a coletânea de artigos apresenta um “calhamaço” de estudos recentes sobre a Baixada Fluminense, visando desconstruir caricaturas e reforçando análises criteriosas que deem conta da complexidade da região.

Dossiê Baixada Fluminense: um Calhamaço de Pesquisa para Superar o Close-Up da Fronteira, na Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ)

Ilustração: Revista “O Cruzeiro”. 04/11/1961. p.22.

Artigo Associativismos de trabalhadores favelados no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte (1955-1964) – Samuel Oliveira

Associações de moradores, entidades recreativas, escolas de samba, grupos religiosos, entre outros compõe um complexo repertório das formas associativas nas favelas, atravessado por diferentes identidades de classe e projetos sociais e políticos. Entre 1954 e 1964, nas favelas do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, organizaram-se “uniões”, “federações” ou “coligações” de trabalhadores favelados, articulando mais de uma localidade com objetivo de lutar pelo direito de moradia.

Os movimentos de trabalhadores favelados construíram uma gramática que politizava as injustiças sociais do processo de urbanização brasileiro e propuseram uma “reforma urbana” nas mobilizações pelas Reformas de Base no final dos anos 1950 e início de 1960. Contestavam um urbanismo que estigmatizava as favelas e viam esses espaços como transitório no tecido urbano-industrial. Lutavam pelo direito de moradia e urbanização de várias localidades.

Analisando esse movimento social, o artigo critica as interpretações clássicas do populismo no sistema político brasileiro. Construída a partir de um viés elitista, essa interpretação do passado considerou os moradores de favelas despreparados para o exercício da democracia e cultura urbana, por serem migrantes que tinham um comportamento político dos “sertões” e do interior do Brasil. Essa interprestação desconsiderou a complexa mediação entre as estratégias de ocupação do tecido urbano, a cultura popular e a expansão dos direitos políticos e civis no período de 1945 e 1964.

Associativismos de trabalhadores favelados no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte (1955-1964), na revista Estudos Históricos v. 31, n. 65 (2018). Acessar: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/74943

Ilustração: O folheto Carta dos Direitos do Trabalhador Favelado foi distribuído entre os participantes do I Congresso dos Trabalhadores Favelados organizado em Belo Horizonte, em 1 de maio de 1962. Cf. ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Fundo DOPS. Arq. Pasta 0119.

Artigo “Luta pela Terra ao Longo do Caminho: a Construção da Estrada Santo Aleixo – Piabetá e as Mobilizações dos Trabalhadores Rurais no Município de Magé” – Felipe Ribeiro

O artigo trata da construção de um caminho rodoviário e as inúmeras tensões que surgiram entre proprietários de terras, grileiros e trabalhadores rurais em decorrência dessa estrada. Localizada ao fundo da Baía de Guanabara, na Baixada Fluminense, a Estrada Santo Aleixo – Piabetá cortava antigas e importantes fazendas do século XIX, que na ocasião se encontravam em grande parte abandonadas e ocupadas por lavradores (posseiros, meeiros, parceleiros e sitiantes). A obra também margeava as terras da Companhia América Fabril, uma das principais empresas têxteis do país, que mantinha fábricas de tecidos na região. Este estudo analisa as mobilizações de trabalhadores rurais ao longo dessa estrada em sua luta pelo acesso à terra, enfrentando uma intensa valorização imobiliária nas redondezas, que foi gerada desde o anúncio da obra.

“Luta pela Terra ao Longo do Caminho: a Construção da Estrada Santo Aleixo – Piabetá e as Mobilizações dos Trabalhadores Rurais no Município de Magé”, na revista Tempos Históricos (v.22. n.2. 2018). Acessar: http://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/20703?fbclid=IwAR1YFV1Jbfg4INfMCVwtMt1b17oFohUZ-YyAsuxX1XZzQ6LgaxfeyQJoyDU

Ilustração: Capa do jornal “O Fluminense”, em 09-01-1963 p.1 (Acervo Biblioteca Nacional).

Entrevista ao Boletim Eletrônico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) para a reportagem intitulada “Pesquisadores formam rede para estudar a história do trabalho têxtil no País” – Felipe Ribeiro

A reportagem aborda sobre os resultados do Projeto de Pós-Doutorado ‘Deu pano pra manga’: experiências de trabalhadores em fábricas de tecidos, da Segunda Guerra Mundial ao processo de desindustrialização, desenvolvido por Felipe Ribeiro na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ao realizar um mapeamento de estudos sobre fábricas de tecidos e seus trabalhadores no Brasil, o projeto contribuiu para a formação de uma rede de pesquisadoras e pesquisadores sobre o trabalho têxtil, permitindo um panorama histórico bastante instigante e abrangente sobre este setor industrial no país.

Link para a reportagem:http://www.faperj.br/?id=3668.2.0&fbclid=IwAR0hvsKloOYG_N8-W_hYo0XbGnUNxP1GyiZws-V6zjJpbdHBuWvilzaBQaU

Ilustração: Setor de Fiação da Fábrica Andorinhas durante a década de 1930 (Acervo: Felipe Ribeiro).

Artigo “Todos são culpados até que se prove o contrário”: As intervenções sindicais no governo Castelo Branco – Heliene Nagasava

Depois do golpe de 1964, o primeiro Ministro do Trabalho, Arnaldo Sussekind, iniciou uma forte ação repressiva contra os sindicatos. Sussekind tinha uma longa trajetória dentro do Ministério, tendo participado da criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Sua chegada ao poder significou que uma nova política trabalhista estava para ser implementada.

A ação dos trabalhadores e seus sindicatos era temida pela classe patronal e pelos militares. Portanto, após o golpe, eles deveriam ser contidos. A intenção nunca foi acabar com os sindicatos, mas colocar nas suas lideranças pessoas alinhadas com a política golpista. Uma das formas de alcançar esse objetivo, foi através das intervenções sindicais.

A intervenção sindical era prevista na CLT e era uma forma de garantir que determinadas lideranças não agissem contra os trabalhadores. Diante de uma grave irregularidade, o Ministério do Trabalho poderia suspender o mandato do presidente de um sindicato e abrir investigação para regularizar as suas atividades. Como essa ação era altamente autoritária, nos governos democráticos, ela praticamente não foi utilizada. Porém, a ditadura não respeitou os ritos legais e passou a intervir em massa nos sindicatos, sem saber sequer se existia um problema.

Esse artigo analisa como se deram as intervenções a partir de 1964 e o papel que o ministro do Trabalho, Arnaldo Sussekind, teve nesse processo.

Artigo “Todos são culpados até que se prove o contrário”: As intervenções sindicais no governo Castelo Branco – Heliene Nagasava publicado na Varia Historia, v.34 n.65. Acessar: http://www.scielo.br/pdf/vh/v34n65/0104-8775-vh-34-65-0537.pdf

Ilustração: Arnaldo Sussekind. Fonte: Arquivo Nacional. Agência Nacional. Subsérie PPU. Série FOT.

Digitalização de filme raro sobre a cidade de Magé, da década de 1950

Um filme raríssimo sobre a cidade de Magé, produzido durante a administração do Prefeito Waldemar Lima Teixeira (1951-1954), foi digitalizado e exibido – pela primeira vez – durante a Feira Literária de Magé (FLIM), em 10 de agosto de 2018. Com apenas quatro minutos de duração, o filme (mudo e Preto&Branco) apresenta imagens da Fábrica de Tecidos Pau Grande e sua vila operária (da Companhia América Fabril), da Fábrica de Pólvora Estrela, do trem em Vila Inhomirim, além de desfiles cívicos e comícios no centro da cidade. Disponibilizada por um colecionador local, a película foi digitalizada com recursos do Projeto de Pós Doutorado de Felipe Ribeiro (FAPERJ – UFRRJ), intitulado Deu Pano pra Manga: Experiências de Trabalhadores em Fábricas de Tecidos, da Segunda Guerra Mundial ao Processo de Desindustrialização.

Acessar: https://youtu.be/d1_M5rgKvfM

Ilustração: Prédio da Associação de Operários da América Fabril, em Pau Grande (retratada no filme).

Artigo Labor and Dictatorship in Brazil: A Historiographical Review – Paulo Fontes e Larissa Corrêa

Em “Labor and Dictatorship in Brazil: A Historiographical Review”, publicado no n. 93 (2018) da revista norte-americana International Labor and Working-Class History, Paulo Fontes e Larissa Correa apresentam um estado da arte do “lugar” da história do trabalho no período da ditadura militar brasileira. Além de um balanço historiográfico, o texto apresenta os desafios e perspectivas que a análise dos mundos do trabalho podem possibilitar para a crescente produção acadêmica sobre o regime ditatorial.

Labor and Dictatorship in Brazil: A Historiographical Review na revista International Labor and Working-Class History. Acessar: https://www.cambridge.org/core/journals/international-labor-and-working-class-history/article/labor-and-dictatorship-in-brazil-a-historiographical-review/4FF282F5B4A08827D2FC98722A178096

Crédito da imagem de capa: Arquivo Nacional. Fundo Agência Nacional. Notação: BRRJANRIO.PH.0.FOT.00229.0034