Pesquisadores do LEHMT publicam artigos na Revista Perspectiva Histórica – Leonardo Ângelo e Felipe Ribeiro

Os historiadores Leonardo Ângelo da Silva e Felipe Ribeiro, membros do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT), acabaram de publicar seus artigos na Revista Perspectiva Histórica, em dossiê intitulado “Histórias de Trabalho: Lutas, subsistência e experiências” (v.9, n.14, jul-dez/2019). O periódico é publicado semestralmente pelo Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas (CEBEP), sediado em Salvador/BA.

O artigo de Leonardo Ângelo, intitulado “Companhia Siderúrgica Nacional (CSN): a construção do discurso de classe trabalhadora como máscara para o racismo estrutural? (1946-1997)”, é baseado na tese de doutoramento do autor sobre os trabalhadores da CSN em Volta Redonda/RJ, no sul fluminense. O trabalho procura analisar o quanto o discurso de e para a classe trabalhadora em formação, nas décadas de 1940-1950, foi motor de perpetuação e continuidade de um ideal de democracia racial. Trata-se de uma contribuição, partilhada mais amplamente por vários campos historiográficos, entre os quais a história social do trabalho, da escravidão e do pós-abolição, de produzir conteúdos para um público amplo e que questionem a naturalidade das disparidades raciais presentes em seus objetos. Assim, a análise de imagens, dados extraídos do periódico da CSN (O Lingote), bem como algumas entrevistas serviram de fontes primárias para os argumentos do artigo.

Já o artigo de Felipe Ribeiro, intitulado “‘Sendo de urgente necessidade a introdução de trabalhadores livres’: as políticas imigratórias do Rio de Janeiro a partir da instalação da Hospedaria da Ilha das Flores (1883-1902)”, analisa os relatórios da Provincia do Rio de Janeiro no período, buscando compreender os debates sobre imigração em território fluminense desde a criação da Hospedaria da Ilha das Flores, administrada pelo governo brasileiro e localizada no atual município de São Gonçalo/RJ. O autor buscou articular suas experiências como auxiliar do Museu da Imigração da Ilha das Flores (2013-2015) e professor-pesquisador de história social do trabalho, tendo como foco o contexto de abolição da escravidão no país.

Por ser um dossiê específico sobre história do trabalho, a revista traz ainda outros importantes artigos e entrevistas sobre a temática. Para conferir, basta acessar o link http://www.perspectivahistorica.com.br/index.php

Crédito da imagem de capa: Centro de Documentação da Companhia Siderúrgica Nacional (CDOC – CSN). Sumário/Ficha: Auto Forno N1 / Volta Redonda. Figura A196-13 – Assentamento de refratário já no fim da rampa. 28.07.1955. 

Labuta #12 O que é história social do trabalho? – Entrevista com Angela de Castro Gomes – Parte 2 (final)


Angela de Castro Gomes é uma das mais reconhecidas historiadoras do país. É pesquisadora 1A do CNPq. Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado e doutorado em Ciência Política pelo IUPERJ. É professora titular aposentada de História do Brasil da Universidade Federal Fluminense e é Professora Emérita do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, onde trabalhou de 1976 a 2013. Foi Pesquisadora Visitante Sênior Nacional na Unirio (2014-2020). Publicou dezenas de livros e artigos, com destaque para Burguesia e Trabalho: política e legislação social no Brasil (1917-1937) (Campus, 1979); A invenção do trabalhismo. (Vértice, 1988); Cidadania e direitos do trabalho (Jorge Zahar, 2002); A Justiça do Trabalho e sua história (com Fernando T. da Silva, Editora Unicamp, 2013); e Trabalho escravo contemporâneo: tempo presente e usos do passado (com Regina Guimarães Neto, Editora FGV, 2018).

A Parte 2 será publicada em maio de 2020.

Direção, Roteiro e Produção: Deivison Amaral, Heliene Nagasava e Paulo Fontes.
Ano de produção: 2020
Duração: 20’34’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade.


Esse é o último episódio da série “O que é história social do trabalho?”, mas o Labuta, o canal de vídeos do LEHMT, voltará em breve com mais uma temporada que trará outras séries temáticas sobre história, trabalho e sociedade.

Produzida pelo Laboratório de Estudos da História dos Mundos do Trabalho (LEHMT-UFRJ) e publicada no Labuta, o canal de vídeos do LEHMT no Youtube, a série é composta por 11 entrevistas com especialistas. Em conjunto, os episódios formam um mosaico de visões sobre o campo de estudos.

Os episódios anteriores tiveram a participação de Fabiane Popinigis, Alexandre Fortes, Marcelo Badaró de Mattos, Álvaro Nascimento, Beatriz Mamigonian, Benito Schmidt, Larissa Rosa Corrêa, Norberto Ferreras, Cristiana Schettini e Antonio Luigi Negro.

Todos os outros episódios estão disponíveis no Labuta, o canal de vídeos do LEHMT.



www.lehmt.org
Produção do LEHMT – Laboratório de Estudos da História dos Mundos do Trabalho da UFRJ

Contribuição especial #04: Panela de pressão: O 1º de maio de 1980 e a greve dos metalúrgicos do ABC, 40 anos de história

Contribuição especial de Luís Paulo Bresciani e Deise Cavignato¹


“É possível saber que um dia será histórico quando você está nele? Ou depende de uma avaliação posterior, baseada em um conjunto de acontecimentos?”, se perguntou Nelson Campanholo ao ver quase cem mil pessoas na praça da Igreja Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo de Campo. Era 1º de maio de 1980, Dia do Trabalhador, dia de lutar pelos direitos, mas também dia de mostrar a resistência à ditadura militar.

Defender a redução da jornada de trabalho, estabilidade no emprego e aumento salarial significava questionar o governo. E quem não gostaria de vencer uma partida de xadrez contra um regime que controlava o tabuleiro, mas não os peões? Já estava em xeque um novo momento político, as massas entrando no jogo.

Aquele 1º de maio seria um catalisador do descontentamento, a panela de pressão prestes a explodir. A greve servia para denunciar muitas coisas, entre elas, o arrocho salarial, que foi a espinha dorsal que sustentava a política econômica da ditadura militar. O país estava crescendo com a exportação de automóveis e autopeças, e o grau de intensidade de trabalho era absurda, com uma jornada extremamente longa, com 48h normais para época, além das horas extras. Todos tinham algo em comum, antes da greve, as conversas escondidas sobre o encontro do 1º de maio eram normais aos peões, isso revelou o quanto os trabalhadores eram unidos e a ditadura frágil, vulnerável e provisória.

Nelson Campanholo aos 40 anos, idade em que participou do 1º de Maio.

Nelson Campanholo sabia disso, os metalúrgicos do ABC estavam há 30 dias em greve e teriam mais 11 dias pela frente, ainda sem saber disso. Naquele dia, ele não pôde dar um beijo na mulher e nos filhos ao sair de casa, e nem lá ele estava. Um carro estranho, parado há dias em sua porta, fez com que a família rumasse para a casa de parentes, enquanto ele pulava de lar em lar, acolhido por seus companheiros. Campanholo era perseguido pela polícia, que o queria preso junto ao restante da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Os sindicalistas que encabeçavam a greve não puderam participar do ato do 1º de maio, Luiz Inácio Lula da Silva e outros estavam encarcerados há dias pela polícia política, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social).

As mulheres tiveram um papel fundamental na preparação daquele dia. As esposas de alguns trabalhadores e dirigentes sindicais, que estavam presos, saíram à frente da passeata aos gritos de “a greve continua”. As forças policias, acostumadas a intimidar, intimidadas recuavam diante da força da multidão.

Mesmo com a aglomeração na praça, o exímio soldador na Karmann Ghia, e então secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, encontrou personalidades como o deputado federal Ulysses Guimarães, o senador Teotônio Vilela, o escritor Fernando Moraes, o advogado Almir Pazzianotto e outros apoiadores da causa de toda a categoria. Ali, naquela praça, se escrevia uma história que seria contada por muito tempo depois. E nem o apoio firme da Pastoral da Juventude e das comunidades eclesiásticas de base fez com que os metalúrgicos se sentissem seguros ao lado da igreja ou dentro dela.


Nelson Campanholo lembraria para sempre as palavras de Teotônio Vilela aos oficiais do Exército que tentavam cercar os trabalhadores, mesmo sendo inviável confrontar aquela massa de operários: “Coronel, ontem na Câmara eu deixei bem claro que o que aconteceria aqui hoje seria problema de vocês”. O Exército sabia que os trabalhadores estavam ali e que seria um dia como nenhum outro antes.

Com as palavras de Teotônio Vilela, abriu-se o caminho para os manifestantes saírem em passeata até o velho Estádio da Vila Euclides, hoje orgulhosamente chamado Primeiro de Maio. Aquele seria o único local capaz de caber a gigantesca concentração de pessoas. No entanto, quando Campanholo começou a atravessar a rua Faria Lima, o então deputado Ulysses Guimarães pegou em seu braço e disse: “Entre no meu carro, ‘eles’ querem pegar você”. Sem pensar muito e já sabendo que estava ‘foragido’ há tempos, entrou no carro e foi parar próximo aos antigos estúdios da Vera Cruz. “Fiquei debaixo daquelas árvores sozinho desde manhã até umas 15h e fui para a casa de um amigo. À noite me encontrei com todos novamente, desta vez na casa do senador Severo Gomes, no Morumbi, para discutir as medidas que deveriam ser tomadas, mas não chegamos a um acordo. De qualquer forma, eu sabia que o ato tinha sido grandioso”.

Ironicamente, mesmo sendo um dos organizadores do evento, ele não pôde estar no olho do furacão, no coração pulsante da greve, o velho estádio. O impacto das greves do ABC seria enorme, a pauta econômica andava de mãos dadas com a pauta política, o fim da ditadura estaria próximo, mas Campanholo ainda não sabia o quanto. As palavras autoridade, administração, comando, domínio, governo, liderança e poder eram os sinônimos de controle a cada dia de trabalho, não apenas o controle do feitor, termo que vinha lá da escravidão: o controle também era da ditadura sobre os inúmeros ‘chãos de fábrica’, em cada cidade industrial do Brasil.

“Lutávamos porque não tínhamos liberdade para nada. Às vezes batalhávamos por um refeitório ou um vestiário, não tínhamos nenhum direito de manifestação, nosso trabalho era conquistar direitos”, lembra Campanholo.

Ele viveria a greve do Primeiro de Maio de 1980 pelos olhos de seus companheiros, e não se arrependeu. A História estava feita, a mudança estava plantada, e os 40 anos que se seguiram trazem as marcas daquele dia inesquecível, no gramado da Vila Euclides.

Hoje, aos 80 anos, Nelson tem orgulho de sua história.

¹ Luís Paulo Bresciani é professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e da Fundação Getúlio Vargas – SP, e Coordenador da Subseção DIEESE no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Deise Cavignato é mestre em Comunicação, professora da pós-graduação da FMU, jornalista e escritora.

Nosso agradecimento à historiadora Luci Praun, e muito especialmente para Osvaldo Cavignato, por nos trazer até aqui.

Crédito da imagem de capa: Fotógrafo Ricardo Alves.

Contribuição especial #03: O grito de justiça de Sacco e Vanzetti ainda ecoa

Contribuição especial de Edilene Toledo¹

Há exatos cem anos, em 15 de abril de 1920, durante um assalto a uma fábrica, um contador e um guarda foram assassinados a tiros na cidade de South Braintree, Massachusetts, Estados Unidos. Nicola Sacco, sapateiro, e Bartolomeo Vanzetti, vendedor de peixes, imigrantes italianos e anarquistas, foram responsabilizados pelo duplo homicídio. Ao fim de um processo muito polêmico, os dois foram condenados à morte e executados, na cadeira elétrica, em 23 de agosto de 1927. Os indícios contra eles eram muito frágeis e manipulados. Mesmo quando o verdadeiro autor dos crimes confessou, Sacco e Vanzetti não tiveram direito a revisão do processo e nem clemência. Desde então, eles se tornaram símbolos da luta contra a intolerância e a injustiça e foram lembrados inúmeras vezes em jornais, canções, poesias, filmes e peças de teatro.

A condenação de Sacco e Vanzetti ocorreu no contexto de uma duríssima campanha contra os trabalhadores organizados e ativistas políticos que o governo dos Estados Unidos desencadeou entre os anos de 1919 e 1921. Era uma resposta, vivida também em muitos outros países, ao ciclo de agitação social global ocorrido a partir de 1917 e em reação às repercussões da Revolução Russa e o temor do avanço das forças de esquerda. Além de milhares de prisões e deportações de centenas de imigrantes, um outro anarquista italiano, Andrea Salsedo, tinha morrido, em circunstâncias misteriosas, caindo da janela de uma delegacia durante um interrogatório. Naqueles anos, mais de 100 sindicalistas da Industrial Workers of the World foram condenados por subversão a 20 anos de prisão.

Nicola Sacco era do sul da Itália, da região da Puglia, enquanto Bartolomeo Vanzetti era do norte, do Piemonte. Ambos tinham chegado nos Estados Unidos no mesmo período, um em 1908 e outro em 1909, com cerca de 20 anos, com a esperança de melhorar as próprias condições de vida, como outros 5 milhões de italianos entre o final do século XIX e a Primeira Guerra, foram “fazer a América”. A maioria deles empregou-se nas ascendentes indústrias norte-americanas. Mas, para muitos, os Estados Unidos mostraram-se uma terra distante dos sonhos de bem-estar e liberdade que tanto atraíam os imigrantes.

A radicalização da posição política de Sacco e Vanzetti ocorreu já em solo americano.  Eles se conheceram em 1916 e juntos passaram a fazer parte de um grupo anarquista. Tinham fugido para o México para escapar da convocação para a Primeira Guerra Mundial. A fé anarquista e a oposição à guerra, que caracterizou a ação libertária nas Américas, fizeram deles os alvos ideais da cruzada americana contra os radicais de esquerda.

Foi também a origem italiana que marcou o destino deles. A retomada da imigração para os Estados Unidos após o fim da guerra acentuou a xenofobia de uma parte da população que considerava alguns grupos imigrantes etnicamente inferiores e inassimiláveis. Os italianos, sobretudo os do sul da Itália, eram acusados de mal-educados, violentos e propensos ao crime. Naqueles anos, linchamentos racistas atingiam os afro-americanos, mas também vitimaram 30 italianos.

Durante todo o processo, sindicatos e grupos de esquerda iniciaram uma enorme campanha para obter apoio da opinião pública e arrecadação de fundos para a defesa de Sacco e Vanzetti. O drama dos dois trabalhadores provocou comoção e indignação entre os trabalhadores de todo o mundo, sendo um catalisador da identidade de classe. Protestos imponentes se multiplicaram em quase todas as capitais do mundo.

O impacto sobre o movimento operário mundial foi muito grande, configurando o mais significativo fenômeno de solidariedade internacional do período. Para além da solidariedade étnico-nacional de trabalhadores italianos, a condenação de Sacco e Vanzetti foi sentida como um processo contra a classe operária em todo o mundo, contribuindo para que os trabalhadores se reconhecessem como membros de uma classe transnacional e sujeitos políticos ao longos dos anos 20.

No Brasil, greves, manifestações e comícios de solidariedade ocorreram em vários estados e principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foram os sindicatos a organizar comitês de Agitação pró Sacco e Vanzetti, com a colaboração de anarquistas e comunistas. Nos dias que antecederam a execução dos anarquistas, a polícia agiu com violência para reprimir a multidão de trabalhadores que tomaram as ruas em bairros operários da cidade de São Paulo, como o Brás e o Ipiranga. Comícios chegaram a ocorrer duas vezes por semana. O jornal anarquista A Plebe noticiou que no dia da execução houve um comício na praça do Patriarca do qual participou “toda a classe operária da capital”. Outros jornais registraram gritos de vivas à memória de Sacco e Vanzetti  e à solidariedade operária.

Somente 50 anos depois da execução, em 1977, o governador de Massachusetts reabilitou a memória de Sacco e Vanzetti, reconhecendo a inocência e os preconceitos, de várias ordens, que haviam determinado a condenação. Muitos trabalhadores e militantes em todo o mundo esperaram que a morte deles permanecesse como um alerta contra a intolerância e a xenofobia, que, infelizmente, custam a desaparecer e de tanto em tanto reemergem com toda a sua irracionalidade. Antes de morrer, Vanzetti escreveu “Defendi o direito de liberdade de pensamento, inalienável como o direito à vida”.

¹ Edilene Toledo é professora do Departamento de História da UNIFESP, Campus Guarulhos.

Referências:
Coccia, Andrea. Quanto ci mancano Sacco e Vanzetti. Linkiesta, 23 de agosto de 2017.
Fast, Howard. Sacco e Vanzetti. Dois mártires da luta pela liberdade. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009.
Franzina, Emilio. Gli italiani al Nuovo Mondo. L´emigrazione italiana in America, 1492-1942. Milão: Mondadori, 1995.
Luconi, Stefano. Sacco e Vanzetti, quando gli italiani erano “bastardi”. Il Manifesto, 22-08-2017.
Moura, Clóvis. Sacco e Vanzetti: o protesto brasileiro. São Paulo: Anita Garibaldi; Fundação Maurício Grabois, 2017.
Renshaw, Patrick. The Wobblies: the story of Syndicalism in the United States. Eyre & Spottiswoode, 1967.

Crédito da imagem de capa: Sacco e Vanzetti. Biblioteca Pública de Boston.

Vale Mais #04 – A Pandemia de 1918 e os mundos do trabalho


Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ. O objetivo é discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da perspectiva da história social.

O episódio #04 é sobre A Pandemia de 1918 e os mundos do trabalho.

Há pouco mais de 100 anos, a pandemia da Gripe Espanhola, em 1918, aterrorizou o planeta, causando milhares de mortes em todo o globo. Nosso programa hoje procura entender o que foi essa pandemia, como o Brasil lidou com ela e como a gripe espanhola afetou os mundos do trabalho em nosso país.

Quem responde essas perguntas é a historiadora Liane Bertucci, professora da Universidade Federal do Paraná e especialista em história social da saúde.

Produção: Deivison Amaral, Heliene Nagasava, Paulo Fontes e Yasmin Getirana.
Roteiro: Heliene Nagasava e Paulo Fontes.
Apresentação: Yasmin Getirana.

Créditos da Imagem de Capa : Hospital de Campanha no Kansas, Estados Unidos, durante a pandemia da Gripe Espanhola em 1918. Foto: Alamy.

Labuta #11 O que é história social do trabalho? – Entrevista com Angela de Castro Gomes – Parte 1


Angela de Castro Gomes é uma das mais reconhecidas historiadoras do país. É pesquisadora 1A do CNPq. Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado e doutorado em Ciência Política pelo IUPERJ. É professora titular aposentada de História do Brasil da Universidade Federal Fluminense e é Professora Emérita do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, onde trabalhou de 1976 a 2013. Foi Pesquisadora Visitante Sênior Nacional na Unirio (2014-2020). Publicou dezenas de livros e artigos, com destaque para Burguesia e Trabalho: política e legislação social no Brasil (1917-1937) (Campus, 1979); A invenção do trabalhismo. (Vértice, 1988); Cidadania e direitos do trabalho (Jorge Zahar, 2002); A Justiça do Trabalho e sua história (com Fernando T. da Silva, Editora Unicamp, 2013); e Trabalho escravo contemporâneo: tempo presente e usos do passado (com Regina Guimarães Neto, Editora FGV, 2018).

A Parte 2 será publicada em maio de 2020.

Direção, Roteiro e Produção: Deivison Amaral, Heliene Nagasava e Paulo Fontes.
Ano de produção: 2020
Duração: 13’54’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade.
A série “O que é história social do trabalho?” inaugura o Labuta. Durante o ano de 2019, publicaremos a série, que tem por objetivo apresentar o campo de estudos da história social do trabalho a partir de entrevistas com especialistas.

www.lehmt.org
Produção do LEHMT – Laboratório de Estudos da História dos Mundos do Trabalho da UFRJ

Chamada para publicação de artigo em Dossiê Temático “Mundos do Trabalho”

A Revista Cantareira – periódico do corpo discente da Universidade Federal Fluminense – convida à chamada de artigos para o dossiê Mundos do Trabalho.

Diante da pluralidade do campo, o dossiê abre chamada para trabalhos que busquem discutir as diferentes experiências históricas do trabalho, trabalhadores e seus marcadores sociais, as formas de produção, seus espaços de sociabilidade e cultura, e sua organização de classe e participação política, assim como o seu relacionamento com as instituições, em períodos democráticos ou ditatoriais.

O dossiê é organizado por Clarisse Pereira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da UFF, e Heliene Nagasava, doutoranda do CPDOC/FGV e membro do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT/UFRJ)

Prazo de recepção dos trabalhos: 20 de julho de 2020.

Para maiores informações, acessar: https://periodicos.uff.br/cantareira/announcement/view/359

“O futuro promete?”: resenha de filmes sobre os mundos do trabalho

Em tempos de aumento da precarização do trabalho, alguns filmes retrataram essa dinâmica e são o objeto da resenha feita por Renata Moraes, professora do departamento de história da UERJ e pesquisadora do LEHMT, e publicada em 2020, no site da HH magazine. O ganhador do Oscar de melhor documentário, American Factory, é o ponto de partida para pensar as mudanças nas relações de trabalho atuais. A resenha também aborda o recém lançado filme do premiado cineasta britânico Ken Loach, Você não estava aqui, uma ficção baseada em fatos reais e no mundo dos entregadores de mercadorias. O trabalho no Brasil é tratado no documentário de Marcelo Gomes, Estou me guardando para quando o carnaval chegar, que aborda o cotidiano de uma cidade no interior de Pernambuco, grande produtora de jeans. A resenha “‘O futuro promete’: a precarização do trabalho nas telas do cinema” é uma reflexão sobre o porvir que tende a ser ainda pior para os trabalhadores, principalmente diante de um discurso de empreendedorismo e redução de direitos no trabalho.

Link para a resenha https://hhmagazine.com.br/o-futuro-promete-a-precarizacao-do-trabalho-nas-telas-do-cinema/ 

Crédito da imagem de capa: American Factory. Netflix.

Dossiê História do Trabalho e trabalhadores: dimensões políticas, econômicas e sociais

A Revista Ars Histórica, do corpo discente do programa de pós-graduação em História Social da UFRJ, acaba de publicar seu número 19 com um dossiê intitulado “História do Trabalho e trabalhadores: dimensões políticas, econômicas e sociais”. Isabelle Pires e Yasmin Getirana, pesquisadoras do LEHMT, fazem parte do conselho editorial da revista.O dossiê conta com apresentação de Paulo Fontes, professor do IH-UFRJ e coordenador do LEHMT.Os artigos do dossiê tratam de uma variedade de temas e contextos: trabalhadores/as entre o controle, a repressão, a vigilância e o duro cotidiano de trabalho no período da ditadura militar; os processos de construção de gênero entre as operárias de um estabelecimento industrial no Sul do país; o trabalho escravo abordado sob a perspectiva de suas especialidades e “qualificações”; o clássico tema da relação entre os trabalhadores e as lideranças políticas reatualizado para o contexto local da cidade do Rio de Janeiro nos anos 1930; dentre outras temáticas. A qualidade das pesquisas, a diversidade dos temas e a pluralidade de abordagens são mais uma demonstração da vitalidade e do potencial da historiografia do trabalho brasileiro neste momento tão decisivo de nossa história.

Artigo ‘O testemunho audiovisual e imaginário da cultura negra’ – Samuel Oliveira

Samuel Silva Rodrigues de Oliveira, membro do LEHMT, e Roberto Carlos da Silva Borges, ambos professores do CEFET-RJ, publicaram o artigo “O testemunho Visual e imaginário da cultura negra” no livro Alteridade em Tempos de Incerteza: escutas sensíveis organizado por Miriam Hermeto, Gabriel Amato, Carolina Delamore da editora Letra e Voz. O livro foi publicado no final de 2019.

O artigo é um dos resultados de pesquisa coordenada pelos autores sobre a história e memória do cinema negro no Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais do CEFET-RJ. É também parte de um esforço mais geral de vários campos historiográficos, entre os quais a história social do trabalho, da escravidão e do pós-abolição em produzir conteúdos para um público amplo. Na área do audiovisual, os historiadores estabeleceram diálogos com outros atores, redefiniram a recepção de suas narrativas, ao criarem estratégias de produção e distribuição, e disputaram perspectivas de olhar o passado com outros agentes sociais que também produziram documentários.

O artigo em questão analisa e apresenta a mostra de documentários sobre a cultura negra produzidos por historiadores, antropólogos, cineastas e pela televisão pública brasileira. 

Link para venda do livro: https://www.letraevoz.com.br/produtos/alteridades-em-tempos-de-incerteza-escutas-sensiveis-miriam-hermeto-gabriel-amato-e-carolina-dellamore/