Vale Mais #24: Precarização do trabalho e superexploração



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

 O episódio #24 do Vale Mais é sobre Precarização do trabalho e superexploração

Neste episódio conversamos com Alexsandro Magalhães Pinto que é mestre pela Universidade Federal Fluminense tendo defendido a dissertação intitulada “Precarização e Informalidade no Setor Vestuário de Nova Friburgo/RJ – As Condições de Vida e Trabalho das Costureiras no Tempo Presente (2003-2016)”, sob orientação da professora Virgínia Fontes (UFF), e desde 2021 é doutorando pela mesma instituição.
Em seu trabalho de conclusão do curso de História também na UFF, Alexsandro abordou o processo de desindustrialização em Nova Friburgo focalizando os casos dos setores têxteis e de vestuário. Desenvolvendo seu interesse pelo tema, no mestrado, concentrou-se no trabalho das costureiras da cidade com ênfase em questões raciais entre 2003 e 2016. Ao recuar no tempo, o autor percebe que desde o pós-abolição, as mulheres negras já estavam presentes nas primeiras fábricas têxteis da cidade demonstrando que elas perpassaram o processo de industrialização e desindustrialização de Nova Friburgo.
Alexsandro nos conta que devido a uma demissão em massa de uma grande fábrica de vestuário da cidade na década de 1990, centenas de costureiras ficaram desempregadas. Diante de tal situação, elas se organizaram em cooperativas, compraram suas próprias máquinas e passaram a trabalhar em suas residências. Nesse contexto de desindustrialização, Nova Friburgo fica conhecida como um polo de produção de moda íntima, visto que essas pequenas cooperativas passaram a se dedicar a abastecer o mercado interno.
Impactado pela pandemia e a impossibilidade de pesquisar em arquivos e fazer entrevistas presenciais, o autor teve se adequar às restrições do período e optou por analisar fontes do IBGE, dados do DIEESE e utilizou entrevistas semiestruturadas por meio da plataforma Google Forms. Com as informações obtidas, Alexsandro Pinto considera que configurava-se no setor de vestuário de Nova Friburgo o que é possível chamar de superexploração do trabalho.

Produção: Alexandra Veras, Heliene Nagasava, Isabelle Pires e Larissa Farias
Roteiro: Alexandra Veras, Heliene Nagasava, Isabelle Pires e Larissa Farias
Apresentação: Larissa Farias 

Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin Vale Mais

Está no ar o quinto episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No sexto episódio, conversamos com Felipe Treviso Bresolin, doutorando em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Felipe conversou com os entrevistadores do Vale Mais sobre o livro “Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande/RS (1901-1930)”, fruto de sua dissertação de mestrado, defendida em 2023. Não deixe também de compartilhar e acompanhar os próximos episódios! Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco Diretor da série: Thompson Clímaco Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias
  1. Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin
  2. Vale Mais #32: Breve dicionário analítico sobre a obra de Edward Palmer Thompson, por César Queirós e Marcos Braga
  3. Vale Mais #31: Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil, por Itan Cruz
  4. Vale Mais #30: A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21, por Thayara Lima
  5. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes

LABUTA – Mundos do Trabalho e Independência #07 – com Ynaê Lopes dos Santos

A Série “Mundos do Trabalho e Independência” é uma parceria entre o LEHMT/UFRJ, o LEDDES/UERJ e o Laboratório de Conexões Atlânticas/PUC-Rio. Nos sete episódios da série, historiadoras e historiadores apresentam pesquisas que destacam a diversidade de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras na história da fundação do Estado nacional brasileiro.

No último episódio, a professora Ynaê Santos demonstra os ecos atlânticos do Haiti no efervescente contexto da época encerrando essa série que se dispôs a refletir sobre o bicentenário da independência em uma chave original que põe em evidência avanços fundamentais da pesquisa historiográfica recente.

Direção e Roteiro: Felipe A. Souza e Renata Moraes. Gravação e produção:
Natalia Gomes e Thompson Clímaco

Ano de produção: 2022
Duração: 10’38’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade

Livros de Classe #23: Errantes do fim do século, de Maria Aparecida Moraes Silva, por Marilda Menezes

Neste episódio, Marilda Menezes, professora da UFABC (Universidade Federal do ABC), apresenta o livro “Errantes do fim do século”, de Maria Aparecida Moraes Silva. Publicada em 1999, a partir de pesquisa realizada no final da década de 1980, a obra trouxe para os estudos sobre o trabalho assalariado rural os eixos analíticos de gênero, classe e raça, de modo interseccionado e não hierarquizado.

Livros de Classe

Os estudantes de graduação são desafiados constantemente a elaborar uma percepção analítica sobre os diversos campos da história. Nossa série Livros de Classe procura refletir justamente sobre esse processo de formação, trazendo obras que são emblemáticas para professores/as, pesquisadores/as e atores sociais ligados à história do trabalho. Em cada episódio, um/a especialista apresenta um livro de impacto em sua trajetória, assim como a importância da obra para a história social do trabalho. Em um formato dinâmico, com vídeos de curtíssima duração, procuramos conectar estudantes a pessoas que hoje são referências nos mais diversos temas, períodos e locais nos mundos do trabalho, construindo, junto com os convidados, um mosaico de clássicos do campo.

A seção Livros de Classe é coordenada por Ana Clara Tavares.

LMT #114: Clube 24 de Agosto, Jaguarão (RS) – Fernanda Oliveira e Caiuá  Cardoso Al-Alam


Fernanda Oliveira
Professora do Departamento de História da UFRGS
Caiuá Cardoso Al-Alam
Professor do curso de História-Licenciatura da UNIPAMPA


Em 1918, famílias negras da cidade de Jaguarão, fronteira com o Uruguai, fundaram o Clube 24 de Agosto. A cidade foi espaço importante no contexto de expansão da região de fronteira do antigo Império Marítimo Português e posteriormente, do estado nacional brasileiro, demarcada por uma forte presença de trabalhadores e trabalhadoras em situação de escravidão. Até meados do século XIX, era uma cidade negra e com marcante presença africana. Sua economia estava baseada principalmente na criação de gado, ao charque e produção agrícola, com destaque na prática comercial. O Rio Jaguarão estava conectado à Lagoa Mirim, que proporcionava conexão com a Lagoa dos Patos, e por sua vez, ao Oceano Atlântico. O que fez com que o território estivesse conectado com o mundo do trabalho e a diáspora atlântica africana.

A comunidade negra de Jaguarão tinha longa tradição de organização e percorria um circuito de instituições que tinham íntima relação com a Igreja Católica. No século XIX, destacou-se principalmente por meio da Irmandade Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1860, contando com pessoas escravizadas e libertas neste processo. A Irmandade, a partir das ações mutualistas, foi importante espaço de articulação de ações coletivas para a cidadania negra no contexto da escravidão. Posteriormente, a Sociedade Operária Jaguarense, fundada em 1911, vinculada à Igreja Católica com atuação no movimento operário, congregou a participação de famílias brancas, mas também de negras, sendo uma importante associação da cidade.

Em 1918, a partir da necessidade da criação de um espaço próprio de sociabilidade e afirmação cidadã das famílias negras de Jaguarão contra a segregação, era fundado o Clube 24 de Agosto, o primeiro clube negro da cidade. Sua primeira sede foi dividida com a Sociedade Operária localizada na antiga Rua da Praia, atual Avenida 20 de Setembro. Posteriormente ficou atrás da Igreja Matriz, na Rua General Marques, e por último, construída pelas próprias pessoas da comunidade entre as décadas de 1960 e 70 na Rua Augusto Leivas 217, onde se encontra até hoje. Na cidade, ainda tivemos dois outros clubes sociais negros: o Clube Recreativo Gaúcho, fundado em 1932, e o Clube Suburbanos, fundado em 1962. Os dois já extintos. 

A circulação dos diretores do Clube 24 e a consequente articulação desta coletividade com outros espaços associativos da cidade, tanto vinculados diretamente aos trabalhadores quanto aqueles de cunho religioso e ou esportivo evidencia a centralidade do Clube na organização negra em Jaguarão. Ao observarmos as atas de diretoria e, sobretudo os jornais que versavam sobre a cidade, identificamos aqueles diretores presentes em espaços diretivos na Sociedade Operária, na Irmandade Nossa Senhora do Rosário, e em outras entidades, como os clubes de futebol.

O 24 de Agosto contou com espaço para festividades, celebrações, mas também com biblioteca, atividades de letramento, palestras, oficinas de trabalho e teatro. A partir da mobilização em torno de uma identidade racial negra positiva, lutavam por melhores condições de vida, educação e denunciavam o racismo.


No próprio carnaval, o papel do 24 de Agosto foi fundamental como é percebido na fundação de seu cordão carnavalesco, o União da Classe em 1924. Tido como o principal Cordão da cidade, vinculava sua nomenclatura à classe trabalhadora da comunidade que o conduzia, mas que tinha cor: era negra.


Isso era exaltado nas manifestações públicas de seus componentes e oradores, mas também na condução da festa do carnaval, sempre muito bem organizada, onde se opunham a uma ideia de incapacidade racial, imposta pelas teorias raciais cientifizadas na época. O carnaval se colocava para o União da Classe, e demais cordões negros na cidade, como referencial na luta por cidadania. O Clube ainda teve importância na vida política da cidade, com conexões junto ao Partido Republicano Riograndense .  Em 1952 ajudou a fundar a União dos Homens de Cor na localidade.

O Clube tinha relações com comunidades fronteiriças, como as de Melo e Rio Branco, localizadas no Uruguai. Eram frequentes as menções à participação nas festas de comparsas, referência ao carnaval no Uruguai. Igualmente havia conexões com clubes em cidades vizinhas gaúchas. É importante lembrar que em Porto Alegre foi criado em 1872 o clube negro mais antigo do qual se tem notícia, o Floresta Aurora. Este formato ganhou as cidades da região, e nas décadas de 10 e 20 do século XX foram a marca da organização negra.  Sinalizam o tempo de um pós-abolição que trazia condições de vida em liberdade bastante precárias para sujeitos negros e negras. Afinal, a justificativa para a criação dos clubes, desde o mais antigo, até aqueles criados nas primeiras décadas, dentre os quais o clube de Jaguarão, era a impossibilidade de adentrar em outros espaços sociais, ditos espaços de brancos. Coube às pessoas negras, trabalhadoras em sua maioria, criar seus espaços de sociabilidade, e dentro de seus limites viabilizar acesso à cidadania para muito além dos bailes e festas, o que nos ajuda a compreender por que tantos esforços para manter bibliotecas, estimular os estudos formais, idealizar escolas e classes de alfabetização.

Recentemente, o Clube passou por uma luta vitoriosa contra o leilão de sua sede, mobilizando a comunidade, o que culminou com o título de Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul em 2012.  O Clube 24 de Agosto continua em atividade, contando como espaço para execução de bailes, atividades de educação antirracista e um acervo histórico, além de ser o espaço referencial para a organização da Semana da Consciência Negra em Jaguarão.

Cordão Carnavalesco União da Classe, provavelmente na década de 1930. Acervo do Clube 24 de Agosto.

Para saber mais:

  • AL-ALAM, Caiuá Cardoso. O Jaguarense no jornal A Alvorada (1932-1934): imprensa negra e política na fronteira Brasil-Uruguai. MÉTIS: história & cultura – v. 19, n. 37, p. 54-79, jan./jun. 2020.
  • AL-ALAM, Caiuá Cardoso; ESCOBAR, Giane Vargas; MUNARETTO, Sara Teixeira (orgs.). Clube 24 de Agosto (1918-2018): 100 anos de resistênciade um clubesocial negro nafronteira Brasil-Uruguai. Porto Alegre: ILU, 2018.
  • AL-ALAM, Caiuá Cardoso; OLIVEIRA, Fernanda. A comunidade negra na fronteira entre Brasil e Uruguai: uma análise sobre o Pós-Abolição por meio dos Clubes Negros de Jaguarão e Melo em meados do século XX. História Unisinos, v. 25, n. 3, p. 503-517, 2021.
  • BOM, Matheus Batalha. Porosas fronteiras: experiências de escravidão e liberdade nos limites do Império (Jaguarão – segunda metade do século XIX). Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em História, São Leopoldo, 2017.
  • SILVA, Fernanda Oliveira da. As lutas políticas nos clubes negros: culturas negras, racialização e cidadania na fronteira Brasil-Uruguai no Pós-abolição (1870-1960). Porto Alegre: UFRGS, 2017. (Tese de Doutorado).

Crédito da imagem de capa: Famílias negras do Clube 24 de Agosto, provavelmente da década de 1920. Acervo do Clube 24 de Agosto.


MAPA INTERATIVO

Navegue pela geolocalização dos Lugares de Memória dos Trabalhadores e leia os outros artigos:


Lugares de Memória dos Trabalhadores

As marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados. Na batalha de memórias, os mundos do trabalho e seus lugares também são negligenciados. Nossa série Lugares de Memória dos Trabalhadores procura justamente dar visibilidade para essa “geografia social do trabalho” procurando estimular uma reflexão sobre os espaços onde vivemos e como sua história e memória são tratadas. Semanalmente, um pequeno artigo com imagens, escrito por um(a) especialista, fará uma “biografia” de espaços relevantes da história dos trabalhadores de todo o Brasil. Nossa perspectiva é ampla. São lugares de atuação política e social, de lazer, de protestos, de repressão, de rituais e de criação de sociabilidades. Estátuas, praças, ruas, cemitérios, locais de trabalho, agências estatais, sedes de organizações, entre muitos outros. Todos eles, espaços que rotineiramente ou em alguns poucos episódios marcaram a história dos trabalhadores no Brasil, em alguma região ou mesmo em uma pequena comunidade.

A seção Lugares de Memória dos Trabalhadores é coordenada por Paulo Fontes.

LABUTA – Mundos do Trabalho e Independência #06 – com Wlamyra Ribeiro de Albuquerque

A Série “Mundos do Trabalho e Independência” é uma parceria entre o LEHMT/UFRJ, o LEDDES/UERJ e o Laboratório de Conexões Atlânticas/PUC-Rio. Nos sete episódios da série, historiadoras e historiadores apresentam pesquisas que destacam a diversidade de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras na história da fundação do Estado nacional brasileiro.

No penúltimo episódio, a professora Wlamyra Albuquerque (UFBA) analisa a participação das mulheres negras no processo de independência a partir da memória das celebrações do 2 de julho na Bahia.

Direção e Roteiro: Felipe A. Souza e Renata Moraes.
Gravação e produção: Natalia Gomes e Thompson Clímaco

Ano de produção: 2022
Duração: 4’50’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade

LABUTA – Mundos do Trabalho e Independência #05 – com Adriana Barreto

A Série “Mundos do Trabalho e Independência” é uma parceria entre o LEHMT/UFRJ, o LEDDES/UERJ e o Laboratório de Conexões Atlânticas/PUC-Rio. Nos sete episódios da série, historiadoras e historiadores apresentam pesquisas que destacam a diversidade de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras na história da fundação do Estado nacional brasileiro.

No quinto episódio da série, Adriana Barreto (UFRRJ) traça um mosaico das expectativas e da atuação de trabalhadores no conjunto das grandes transformações políticas da Independência, com um olhar especificamente voltado para os homens de cor que atuavam nas tropas e milícias imperiais.

Direção e Roteiro: Felipe A. Souza e Renata Moraes.
Gravação e produção: Natalia Gomes e Thompson Clímaco

Ano de produção: 2022
Duração: 13’36’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade

Vozes Comunistas #11: Jair Pinto de Brito



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Nessa série homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e divulgamos áudios que permitem uma reflexão sobre as fortes e complexas relações entre o partido e os mundos do trabalho ao longo da história do país. A cada quinze dias, um trecho de uma entrevista de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base conta um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil. Pesquisamos áudios em acervos públicos e particulares de todo o país, que serão apresentados por pesquisadores e historiadores especialistas na trajetória do partido. Em nosso décimo primeiro episódio, apresentamos trechos de uma entrevista com o dirigente sindical Jair Pinto de Brito. Jair foi importante liderança dos trabalhadores da indústria do petróleo da Bahia. No trecho que ouviremos, ele fala sobre sua participação na campanha do “Petróleo é Nosso” no Amazonas e de como, no início dos anos 60, o PCB o envia em uma “missão” para colaborar com a organização dos petroleiros e petroquímicos na Bahia. Fala ainda sobre a influência dos sindicalistas na direção da Petrobrás no período que antecedeu ao golpe de 1964. Essa voz comunista é apresentada pelo historiador Alex de Souza Ivo (IFBA).

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: Entrevista Jair Pinto de Brito. 2006. Entrevistador: Alez de Souza Ivo. Arquivo pessoal de Alex de Souza Ivo.

Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin Vale Mais

Está no ar o quinto episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No sexto episódio, conversamos com Felipe Treviso Bresolin, doutorando em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Felipe conversou com os entrevistadores do Vale Mais sobre o livro “Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande/RS (1901-1930)”, fruto de sua dissertação de mestrado, defendida em 2023. Não deixe também de compartilhar e acompanhar os próximos episódios! Entrevistadores: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Josemberg Araújo, Larissa Farias e Thompson Clímaco Roteiro: Ana Clara Tavares, Isabelle Pires, Larissa Farias e Thompson Clímaco Produção: Ana Clara Tavares e Larissa Farias Edição: Josemberg Araújo e Thompson Clímaco Diretor da série: Thompson Clímaco Coordenadora geral do Vale Mais: Larissa Farias
  1. Vale Mais #33: Jogo, logo existo: Futebol, conflito social e sociabilidade na formação da classe trabalhadora em Rio Grande, por Felipe Bresolin
  2. Vale Mais #32: Breve dicionário analítico sobre a obra de Edward Palmer Thompson, por César Queirós e Marcos Braga
  3. Vale Mais #31: Saraiva, Dantas e Cotegipe: baianismo, escravidão e os planos para o pós-abolição no Brasil, por Itan Cruz
  4. Vale Mais #30: A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21, por Thayara Lima
  5. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes

LABUTA – Mundos do Trabalho e Independência #04 – com Marcus Carvalho

A Série “Mundos do Trabalho e Independência” é uma parceria entre o LEHMT/UFRJ, o LEDDES/UERJ e o Laboratório de Conexões Atlânticas/PUC-Rio. Nos sete episódios da série, historiadoras e historiadores apresentam pesquisas que destacam a diversidade de lutas dos trabalhadores e trabalhadoras na história da fundação do Estado nacional brasileiro

. No quarto episódio da série, Marcus Carvalho trata da escravidão na independência e no período subsequente, no auge do tráfico de africanos. Analisa também a diversidade de sujeitos presentes no longo processo de emancipação política do Brasil.

Direção e Roteiro: Felipe A. Souza e Renata Moraes.
Gravação e produção: Natalia Gomes e Thompson Clímaco

Ano de produção: 2022
Duração: 12’42’’

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade
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www.lehmt.org

Livros de Classe #22: As metamorfoses da questão social, de Robert Castel, por Adalberto Cardoso

Neste episódio, Adalberto Cardoso, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), apresenta o livro “As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário”, do sociólogo francês Robert Castel. A obra, em uma perspectiva interdisciplinar, analisa as relações históricas entre a “questão social” e os processos de assalariamento. Explora ainda o papel do trabalho e do salário nas tensões entre as estáveis e integrativas zonas de “coesão social” e as zonas de “desfiliação social”, marcadas pela vulnerabilidade e insegurança, marcantes na sociedade contemporânea.

Livros de Classe

Os estudantes de graduação são desafiados constantemente a elaborar uma percepção analítica sobre os diversos campos da história. Nossa série Livros de Classe procura refletir justamente sobre esse processo de formação, trazendo obras que são emblemáticas para professores/as, pesquisadores/as e atores sociais ligados à história do trabalho. Em cada episódio, um/a especialista apresenta um livro de impacto em sua trajetória, assim como a importância da obra para a história social do trabalho. Em um formato dinâmico, com vídeos de curtíssima duração, procuramos conectar estudantes a pessoas que hoje são referências nos mais diversos temas, períodos e locais nos mundos do trabalho, construindo, junto com os convidados, um mosaico de clássicos do campo.

A seção Livros de Classe é coordenada por Ana Clara Tavares.

Chão de Escola #25: A classe trabalhadora construindo a cidade entre lutas e resistências: Rio de Janeiro, início do século XX, por Vitor Monteiro


Vitor José da Rocha Monteiro


Apresentação da atividade

Segmento: Educação de Jovens e Adultos II – período final (aproximadamente 8º e 9º anos do Ensino Fundamental).

Objetivo de conhecimento:

– Afro-brasileiros, imigrantes e trabalho na sociedade do pós-abolição.
– Transformações urbanísticas e ideais de modernização no início da República.
– Organização e lutas da classe trabalhadora na Primeira República.

Objetivos gerais:

– Perceber o importante papel da classe trabalhadora na construção e transformação do espaço vivido.
– Entender o processo de exploração, criminalização e invisibilização da classe trabalhadora como parte de um projeto do Estado brasileiro no início da República.
– Compreender as razões da organização, lutas e resistências da classe trabalhadora na Primeira República.
– Comparar as condições de vida e trabalho da classe trabalhadora do início do século XX com a da atualidade

Duração da atividade: 4 aulas de aproximadamente 50 minutos a 01 hora.

Aulas Planejamento
01Etapa 1 e 2
02Etapas 3 e 4
03Etapa 5 e 6
04Etapa 7

Conhecimentos prévios:

– Abolição oficial da escravidão no Brasil em 1888.
– Mudança do tipo de governo no Brasil, em 1889, da monarquia para a república.


Atividade

Recursos: Projetor, caixa de som, computador, quadro, fotocopiadora, caderno

Etapa 1: Uma sociedade de trabalhadores(as) invisíveis?

Professor(a), levante alguns questionamentos com as(os) estudantes sobre quem são as pessoas que construíram o espaço ao redor – a sala de aula, a escola, as ruas, prédios e outras construções ao redor. Seria relevante construir, através de um breve debate, uma visão crítica das narrativas que supervalorizam os heróis, políticos, homens públicos e empresários em detrimento do importante papel de trabalhadoras e trabalhadores na formação do espaço vivido e seus aspectos socioeconômicos. Nesse sentido, para auxiliar nessa construção, vale a pena analisar o poema Perguntas de um trabalhador que lê (Documento 1), de 1935, do poeta, dramaturgo e diretor teatral Bertolt Brecht. O referido poema pode ser disponibilizado às (aos) estudantes através de reprodução em fotocopiadora ou de projeção no quadro. Se possível, seria interessante realizar uma dupla leitura: a primeira, individual e silenciosa; a segunda, em voz alta, com as(os) estudantes alternando-se na leitura, de maneira que boa parte da turma participe da ação.

Etapa 2: Reflexão e resolução de questões.

Realizados os questionamentos e debate da etapa anterior, disponibilize e leia com as (os) estudantes as questões a seguir e peça que as respondam em seus cadernos.

  1. Indique uma grande construção (monumento, prédio público, rodovia, avenida, ferrovia etc.) que está localizada nas proximidades de sua residência, escola ou seu trabalho.
  2. Reflita um pouco e mencione que tipos de conhecimentos e profissões/profissionais foram importantes para a realização da construção citada? 

Após terminarem de responder às questões, caso seja viável, valeria a pena as (os) estudantes lerem as suas respostas para compará-las.

Etapa 3: Classe trabalhadora no pós-abolição.

Professor(a), discuta com as (os) estudantes sobre o contexto do trabalho e da classe trabalhadora no pós-abolição da escravidão no Brasil, sobretudo no que se refere à precariedade do trabalho livre e da invisibilização e criminalização de trabalhadoras e trabalhadores. Vale ressaltar, nesse sentido, a forte presença de grupos populacionais de origem afro-brasileira e de imigrantes na região central de cidades como o Rio de Janeiro. Essa presença construiu e reforçou, do ponto de vista cultural e socioeconômico, territórios específicos dentro dessas cidades como, por exemplo, a Pequena África carioca.

Etapa 4: Análise de documentos e roda de conversa.

Como forma de ampliar a discussão da etapa anterior acerca da classe trabalhadora no pós-abolição, seria de suma importância disponibilizar às (aos) estudantes, através de fotocópias ou de projeção em um quadro, a seguinte documentação:

Seria interessante, se possível, realizar a leitura dos documentos em duas fases: a primeira, individual e silenciosa; a segunda, em voz alta, com as(os) estudantes alternando-se na leitura, de maneira que boa parte da turma participe da ação. Em seguida, organize uma roda de conversa em que as (os) estudantes busquem interpretar os referidos documentos tendo como base os seguintes questionamentos:

  • Que atividades estavam sendo criminalizadas no trecho analisado do Código Penal de 1890?
  • Essas atividades são criminalizadas na atualidade? Elas são reprimidas pelas forças estatais de segurança?
  • Que atividades vieram desempenhar os imigrantes analisados pela Tabela?
  • De que nacionalidades são os maiores contingentes de imigrantes no período explorado pela Tabela?
  • Que anos tivemos mais entradas de imigrantes dentro do período analisado na Tabela?
  • Afro-brasileiros e imigrantes (em geral, brancos) eram reprimidos e punidos pelo Código Penal de igual maneira?

Enquanto há o desenvolvimento da roda de conversa, as (os) estudantes podem ser estimulados a registrarem seus apontamentos no caderno para posteriores leituras, comparações e/ou reflexões.

Etapa 5: Transformações urbanísticas do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX.

Professor(a), elabore uma breve contextualização das transformações urbanísticas ocorridas no Rio de Janeiro, então capital federal, iniciadas na prefeitura de Pereira Passos (1902-1906). Esse conjunto de transformações esteve ligado, no período conhecido como Belle Époque, a ideais de modernização da sociedade e do Brasil que excluíam a classe trabalhadora. Cabe pontuar que não foi um processo que se desenrolou unicamente no Distrito Federal, mas em outras grandes cidades do país, como São Paulo, Manaus, Belo Horizonte etc.

Etapa 6: Análise do documentário O Rio dos trabalhadores, breve debate sobre o filme e elaboração de tópicos com seus principais temas.

Após breve introdução do tema na etapa anterior, pode-se dar início à projeção e análise do documentário O Rio dos trabalhadores, de Maria Ciavatta e Paulo Castiglioni (19min), de 2001 . A obra foi realizada a partir da pesquisa “O Mundo do Trabalho em Imagens – a fotografia como fonte histórica (Rio de Janeiro, 1900/1930)” no Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação NEDDATE – do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense – UFF. O filme retrata o ambiente de modernização do Rio de Janeiro, no início do século XX e as transformações das relações de trabalho. A referida obra aponta, também, a participação ativa de trabalhadoras e trabalhadores no processo de mudanças no mundo do trabalho do escravismo até a obtenção de direitos trabalhistas mínimos, através de organização, greves e mobilizações.Depois de analisar o documentário, seria interessante estimular as (os) estudantes, a partir de um rápido debate, a elencarem os principais temas do documentário O Rio dos trabalhadores, registrando-os em seus cadernos.

Etapa 7: Roda de conversa e produção de texto coletivo sobre a classe trabalhadora no início do século XX

Professor(a), junto com as (os) estudantes, rememore os principais aspectos do filme O Rio dos trabalhadores, analisado na etapa anterior. Para isso, vale recorrer aos apontamentos construídos anteriormente pelas (os) estudantes quando do breve debate após a projeção do filme em questão. A partir disso, organize uma roda de conversa cujo objetivo seja construir um texto coletivo tendo como base, além dos itens elencados pelas (os) estudantes, dois elementos da narrativa do documentário:

  • A lista de greves, manifestações e revoltas da classe trabalhadora ocorridas no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX (próximo aos 6min 45seg).
  • Uma frase dita pelo narrador: “Valorizava-se o trabalho, desvalorizando o trabalhador” (próximo aos 11min 35seg).

O texto coletivo a ser produzido, a partir da roda de conversa, pode ter como proposta responder ao seguinte questionamento:

  • Quais eram as condições de vida, trabalho e luta da classe trabalhadora brasileira nas primeiras décadas do século XX?

A elaboração do texto coletivo pode ser realizada a partir do encadeamento de frases surgidas na conversa, formando dois ou três parágrafos, ou através de tópicos. Em qualquer uma das formas, o(a) professor(a) deverá ir registrando no quadro o resultado da construção discente até a formatação final do texto. Ao término da produção, as (os) estudantes registram o texto final em seus cadernos. Uma alternativa seria a produção em um editor de texto para ser impresso e exibido na escola como ação final da atividade, o que poderia suscitar futuros debates com outras turmas e/ou membros da comunidade escolar.

Bibliografia e Material de apoio:

BENCHIMOL, Jayme Larry. Pereira Passos: um Haussman tropical. A revolução urbana da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: SMCTE-RJ, 1992.

BRECHT, Bertolt. Perguntas de um trabalhador que lê. In: ________. Poemas e canções. São Paulo: Civilização Brasileira, 1966, p. 75.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

CHALOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim:  o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque. São Paulo: Brasiliense, 1986.

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Créditos da imagem de capa: MALTA, Augusto. Obras de demolição do morro do Castelo na atual rua México; à esquerda, os fundos da Biblioteca Nacional; no alto, a igreja de São Sebastião. 29 out. 1921. Domínio público / Acervo do Instituto Moreira Salles.



Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral e Samuel Oliveira.