LMT #120: Vila Operária de Batatuba, Piracaia (SP) – Lilian Pires Staningher


Lilian Pires Staningher
Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Unicamp


A história da vila operária de Batatuba, fundada em 1942 pela Companhia de Calçados Bata em Piracaia (SP), é um exemplo significativo do processo de industrialização nesta região do país. Instalada às margens da malha ferroviária, uma herança da produção do café na região Bragantina, essa localização garantia a logística na produção e na distribuição de calçados, ao mesmo tempo que mantinha a vila distante dos centros urbanos e de mobilizações sindicais, facilitando assim o controle social dos trabalhadores.

Em 1939, estimulada pela política desenvolvimentista do governo Vargas, a indústria de calçados tcheca Bata planejou a construção de dez fábricas com vilas operária  espalhadas pelo país , sendo apenas quatro parcialmente construídas. A mais importante delas foi a Vila de Batatuba em Piracaia. Planejada para dez mil habitantes como um modelo híbrido industrial-rural, a fábrica da Bata já empregava quase mil operários em 1940. Uma parte significativa deles era composta de lavradores, majoritariamente negros, aos quais se somaram imigrantes vindos de áreas em conflito na Europa, particularmente os funcionários da matriz da empresa Bata e seus familiares.

Batatuba foi construída sob uma tipologia urbanística denominada “Plano da Cidade Ideal Bata”, desenvolvida durante o entreguerras, na sede da companhia de calçados em Zlìn, na Tchecoslováquia. O plano, pensado para ser uma sociedade industrial ideal, previa a construção de escolas primária e técnica, além de espaços destinados a esportes, saúde e lazer, alojamento para rapazes solteiros e uma centena de moradias para operários e  funcionários graduados, incluindo membro da família Bata. A vila também contava com uma extensa infraestrutura básica, com redes de distribuição elétrica, de água e de coleta de esgoto.

O complexo foi edificado baseado em uma arquitetura vernacular, exceto a casa do empresário tcheco, Jan Antonin Bata,  que assumiu o comando das empresas em 1932, após a morte de seu meio irmão, fundador e idealizador da companhia, Tomàs Bata. Sua residência foi construída no estilo modernista. O higienismo foi uma marca na urbanização das vilas Bata, com um padrão de casas isoladas nos lotes e intercaladas entre si, ensolaradas e bem ventiladas. O sistema construtivo aliava técnicas desenvolvidas localmente ao modelo urbanístico Bata, como um aspecto do modus operandi da empresa para otimização do uso de material e da mão de obra.


O desenho urbano de Batatuba, assim como em outros complexos Bata , estava intrinsecamente relacionado ao modelo de produção da indústria. Pretendia-se que desempenho do operário na produção estivesse vinculado às atividades dele fora do ambiente de trabalho, mantendo o trabalhador num processo contínuo de capacitação e controle.


Um exemplo eram as atividades esportivas impostas pela empresa que se refletiam diretamente nas relações entre as equipes de trabalho e na disciplina fabril. As hierarquias e relações de dependência internas à fábrica se reproduziam na Vila. Os cargos técnicos ou de gerência eram ocupados especialmente pelos europeus, que também eram os professores dos cursos técnicos da escola na vila, assim como moravam nas maiores residências.

A indústria calçadista em Batatuba, chegou a empregar cerca de dois mil trabalhadores, mas, apesar da existência da Vila e suas boas condições, a rotatividade na fábrica parece ter sido alta, em particular em seus primeiros anos de existência. Relatos de antigos operários indicam as dificuldades dos trabalhadores locais com as novas tecnologias e com o  sistema de controle social dentro e fora da fábrica, orientado por um rígido código de conduta. Os funcionários europeus também tiveram dificuldades de adaptação.  Muitos abandonaram a vila e migraram para países como Canadá e Estados Unidos , ou retornaram para a Europa após o final da 2ª Guerra.

A Bata transformou a base econômica do município de Piracaia, tornando-a um dos principais polos industriais calçadistas do país até o final dos anos 1990. Muitas das pequenas fábricas de calçados que ainda resistem foram fundadas por antigos funcionários graduados da Bata. Após as mortes de Jan Antonin em 1965, e de seu filho, Jan Thomas quase uma década depois, a empresa sofreu um forte abalo administrativo, que foi agravado pela maior concorrência local, levando a empresa a um pedido de sua falência em 1983.

A vila, há quarenta anos sub judice devido ao processo de falência, ainda se encontra preservada em quase a totalidade de seu conjunto arquitetônico. Apesar da pouca manutenção nas edificações, como exemplo parte dos galpões das fábricas que se encontram quase em ruínas, este complexo fabril mantém o uso primário das construções, imóveis locados e administrados pela massa falida, tendo como locatários antigos funcionários ou seus filhos, mas também novos moradores e comerciantes.

Em 2007, o plano diretor municipal reconheceu a importância do conjunto e orientou para preservação da vila operária, bem como da história dos trabalhadores locais.  Em 2012, com a forte pressão do setor imobiliário, o poder público alterou a lei, sendo retirada a proteção municipal. Desde então, algumas ações de resgate e visibilidade para salvaguarda deste patrimônio industrial, como eventos culturais e as celebrações de Primeiro de Maio têm sido realizadas pela sociedade civil local, o que resultou na abertura de um processo de Tombamento pelo CONDEPHAAT em 2018, que ainda não foi concluído.

Vila operária, com campo de futebol e quadra de tênis abaixo, moradias operárias acima, com hotel para solteiros no alto à direita, cinema e escola à esquerda (Foto; arquivo antiga fábrica de Batatuba)

Para saber mais:

  • ARCHANJO, F. M. O Mundo Compreenderá – A História de Jan Antonin Bata – O Rei do Calçado. Gráfica Editora Aurora Ltda., Rio de Janeiro, 1951.
  • BATA, J.A. A Study of Migration. Batatuba, 1951 Disponível em: <http://digilib.k.utb.cz/handle/10563/26346>.
  • BOTAS, N. C. A.; KOURY, A. P. A. Cidade Industrial Brasileira e a Política Habitacional na era Vargas (1930-1954). Urbana, v. 6, n. 8, 2014.
  • COSTA, Georgia Carolina Capistrano Da. As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965): relações entre a experiência internacional e a brasileira. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/102/102132/tde-24012013-154637/
  • STANINGHER, L.P. Batatuba: Vila Industrial da Companhia de Calçados Bata no interior de São Paulo – 1942. (Mestrado em História) Universidade Estadual de Campinas. 2018. Disponível em: https://1library.org/document/zg8103vy-batatuba-vila-industrial-companhia-calcados-interior-sao-paulo.html

Crédito da imagem de capa: Operários no interior da fábrica de calçados, década de 1940 (Foto; arquivo antiga fábrica de Batatuba)


MAPA INTERATIVO

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Lugares de Memória dos Trabalhadores

As marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados. Na batalha de memórias, os mundos do trabalho e seus lugares também são negligenciados. Nossa série Lugares de Memória dos Trabalhadores procura justamente dar visibilidade para essa “geografia social do trabalho” procurando estimular uma reflexão sobre os espaços onde vivemos e como sua história e memória são tratadas. Semanalmente, um pequeno artigo com imagens, escrito por um(a) especialista, fará uma “biografia” de espaços relevantes da história dos trabalhadores de todo o Brasil. Nossa perspectiva é ampla. São lugares de atuação política e social, de lazer, de protestos, de repressão, de rituais e de criação de sociabilidades. Estátuas, praças, ruas, cemitérios, locais de trabalho, agências estatais, sedes de organizações, entre muitos outros. Todos eles, espaços que rotineiramente ou em alguns poucos episódios marcaram a história dos trabalhadores no Brasil, em alguma região ou mesmo em uma pequena comunidade.

A seção Lugares de Memória dos Trabalhadores é coordenada por Paulo Fontes.

Vozes Comunistas #19: Julieta Battistioli


Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Entre março de 2022 e março de 2023 homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a divulgação de trechos de entrevistas de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base que contam um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil.
Em nosso décimo nono episódio apresentamos trechos de uma entrevista com a operária têxtil Julieta Battistioli. Nascida em Palmares do Sul, cidade próxima à Porto Alegre, migrou para a capital ainda nova e sempre morou em bairros operários. Começou a trabalhar como tecelã aos 13 anos de idade e com o tempo projetou-se como uma importante liderança dentro da fábrica e, inclusive, no bairro, além de iniciar uma ativa militância no Partido Comunista, sobretudo a partir da redemocratização e do período de legalidade experienciado pela legenda. Julieta fazia parte da célula comunista Olga Benário e, em 1947, foi eleita para a Câmara Municipal de Porto Alegre como suplente do metalúrgico Eloi Martins. No trecho que ouviremos, ela fala sobre o momento em que desrespeitou uma ordem do partido e, consequentemente, foi “escrachada” nas páginas do periódico Tribuna Gaúcha, além de expulsa do partido. Essa voz comunista é apresentada pelo historiador Guilherme Nunes.

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: Entrevista Julieta Battistioli, 1990. Entrevistador: Francisco Carvalho Júnior. Núcleo de Pesquisa em História da UFGRS- NPH.

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Os mundos do trabalho e a Independência do Brasil


Está no ar o novo número da Revista Latinoamericana de Trabajo y Trabajadores, a edição traz uma secção de debates com a temática “Os mundos do trabalho e a Independência do Brasil”. Os textos apresentam uma ampla e inovadora agenda de pesquisas em curso sobre a diversidade de trabalhadores (livres e escravizados) nas lutas independentistas e sobre o lugar dos trabalhadores no processo de independência e em sua historiografia. A coletânea é um desdobramento da série “Mundos do Trabalho e Independência”, que foi realizada no último ano com produção do LEHMT-UFRJ, em parceria com o LEDDES –UERJ e com o Laboratório de Pesquisas em Conexões Atlânticas – PUC-Rio. A organização ficou a cargo de Felipe Azevedo e Souza (PUC-Rio) e Renata Moraes (UERJ), com o apoio de Thompson Clímaco (LEHMT-UFRJ) e Natalia Almeida (LEHMT-UFRJ).

Confira no link: https://revista.redlatt.org/revlatt/article/view/71/53

Vozes Comunistas #18: Joaquim Batista Neto



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Entre março de 2022 e março de 2023 homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a divulgação de trechos de entrevistas de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base que contam um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil.
Em nosso décimo oitavo episódio apresentamos trechos de uma entrevista com Joaquim Batista Neto. Migrante cearense no Rio de Janeiro, Batista Neto entrou para o PCB no início dos anos 1930, quando trabalhava no Moinho Fluminense. Em 1938 tornou-se operário do Arsenal da Marinha, onde se destacou como liderança sindical. Foi eleito deputado constituinte pelo PCB em 1945. No trecho que ouviremos, ele fala sobre sua campanha eleitoral e atuação na Constituinte de 1946, além de relatar suas desavenças com o partido após a ilegalidade e cassação dos mandatos dos parlamentares no final dos anos 1940. Essa voz comunista é apresentada por Sérgio Braga, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: Entrevista Joaquim Batista Neto, 1987. Núcleo de Documentação e Laboratório de Pesquisa Histórica (NUDOC) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Livro: Uma cidade em Preto e Branco: Relações Raciais, Trabalho e Desenvolvimentismo em Volta Redonda (1946-1988), de Leonardo Ângelo


 Foi lançado o livro “Uma cidade em Preto e Branco: Relações Raciais, Trabalho e Desenvolvimentismo em Volta Redonda (1946-1988)”, de autoria de Leonardo Ângelo da Silva, Doutor em História pela UFRRJ e pesquisador do LEHMT-UFRJ. O livro trata da classe trabalhadora da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), um dos símbolos das mudanças implementadas pela era Vargas. Para a produção na fábrica a CSN interligava matérias-primas e mão de obra de vários estados (MG, SC, SP e RJ), nos revelando um complexo, e se o polo produtor de aço era a localidade de Volta Redonda o discurso de família siderúrgica e paz social abrangia todos as localidades da empresa. Modernidade e progresso são discursos constantes mesmo em tempo de Ditadura, contudo, que outras constantes poderiam ser levantadas para uma empresa iniciada há 53 anos da abolição?

Revisitando o período e as produções é que o autor evidencia a raça-cor da classe trabalhadora e para tanto se utiliza de fotos e periódico da própria CSN, além de entrevistas com personagens da CSN. Assim, se como classe os trabalhadores tiveram acesso à educação e melhores salários, foi como trabalhadores negros que foram excluídos dos clubes da própria fábrica ou inseridos em áreas mais insalubres. A combinação entre raça e classe deixa mais evidente os laços entre o pós-abolição e os mundos do trabalho.

Para adquirir a obra:

Amazon: https://a.co/d/6aDHCqV
Editora Appris: https://www.editoraappris.com.br/produto/6657-uma-cidade-em-preto-e-branco-relaes-raciais-trabalho-e-desenvolvimento-em-volta-redonda-1946-1988

História social das favelas e dos trabalhadores favelados em Belo Horizonte – Samuel Oliveira


Samuel Oliveira, professor do CEFET-RJ e pesquisador do LEHMT-UFRJ, publicou três artigos e participou de um podcast sobre a história urbana de Belo Horizonte e dos trabalhadores favelados.


Em “O ‘desfavelamento’ em Belo Horizonte: política urbana, habitação popular e assistência social”, pela Revista de História Regional, “A imaginação da informalidade urbana e dos trabalhadores no Rio de Janeiro e Belo Horizonte: uma análise dos censos de favelas”, pela Topoi, e “Relações raciais e movimento dos trabalhadores favelados”, pela Varia História, enfatiza-se as políticas urbanas para as favelas na capital de Minas Gerais no pós-guerra e a formação de uma consciência de classe e raça no movimento social dos “trabalhadores favelados” nos anos 1950 e 1960.


No podcast Urbanidades, coordenado pelo Urban-Data Brasil e Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (CEM-USP), abordou juntamente com a Prof.Dra Josemeire Alves as relações entre espaço urbano e apagamento da memória negras na cidade.

Links:

“As políticas de ‘desfavelamento’ em Belo Horizonte”. Revista de História Regional. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/20067. Acesso em 23 nov.2022.

“A imaginação da informalidade urbana e dos trabalhadores no Rio de Janeiro e Belo Horizonte”. Topoi. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/3VSkJtdmd8xTGrsjbWNZNff/abstract/?lang=en. Acesso em 23 nov.2022.

“Relações raciais e movimento dos trabalhadores favelados. Varia História. Disponível em: https://www.scielo.br/j/vh/a/HT4DqkrwJxq7JGSLnWLhfYF/. Acesso em 23 nov.2022.

Podcast #77 Memória e Esquecimento nas favelas em Belo Horizonte. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/6nKa14SfAwb9cOtXvoTEb8?si=1b9de79b1b414826&nd=1. Acesso em 23 nov.2022.


Créditos da imagem de capa:  Jornal O Barraco, órgão da Federação dos Trabalhadores Favelados de Belo Horizonte. ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Fundo Polícia Política. Pasta 0119.

O PCB e os mundos do trabalho


Acaba de ser publicado o dossiê “O PCB e os mundos do trabalho”, organizado pelo coordenador do LEHMT/UFRJ, Paulo Fontes e por Edilene Toledo (UNIFESP). O dossiê faz parte do número completo do volume 14 (2022) da Revista Mundos do Trabalho. São 12 artigos, além da apresentação feita pelos organizadores. Temas como a participação do partido em eleições, relações raciais e de gênero, trajetórias militantes e a atuação dos comunistas em sindicatos e comunidades operárias específicas compõem um rico e diversificado mosaico de resultados das pesquisas inovadoras sobre a relação entre o PCB e as experiências de trabalhadores/as ao longo do século XX. Um dos artigos publicados, “O médico, a fé e os operários: militância comunista entre traumas, interditos e narrativas históricas” é de autoria de Felipe Ribeiro, professor da UESPI e pesquisador do LEHMT/UFRJ. Esse número da Revista Mundos do Trabalho conta ainda com uma resenha do livro A Cidade que Dança de Leonardo Pereira, escrita por Isabelle Pires, doutoranda do PPGHIS/UFRJ e pesquisadora do LEHMT/UFRJ.

Link para o volume: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/index

Livro “Trabalhadoras e trabalhadores: capítulos de história social”, organizado por Fabiane Popinigis e Deivison Amaral.

Em outubro de 2022, foi lançado o livro Trabalhadoras e Trabalhadores: capítulos de história social, organizado por Fabiane Popinigis e Deivison Amaral. Fabiane Popinigis é professora e atualmente coordenadora do Programa de Pós-graduação em História da UFRRJ e pesquisadora associada do LEHMT-UFRJ. Deivison Amaral é professor da PUC-Rio e pesquisador do LEHMT-UFRJ.

A variedade do conjunto de artigos e pesquisas reunidas no livro faz jus à expansão, diálogo e qualidade do campo da história social do trabalho nas últimas décadas. Na orelha do livro, Paulo Fontes, coordenador do LEHMT, afirma que “a estupenda expansão temática e cronológica desta área (…) permitiu incorporar e articular decidida e prioritariamente a escravidão, as relações étnico-raciais, de gênero e a história urbana no coração da disciplina. Temas até pouco tempo raramente associados à história do trabalho, como o trabalho indígena, são objetos de pesquisas instigantes e inovadoras.”

Os capítulos tratam do 1) trabalho dos povos indígenas; 2) gênero, escravidão e liberdade; 3) trabalhadores, política e cidades; 4) desigualdades e os desafios dos mundos do trabalho; 5) além do bônus que é a conferência da historiadora e ativista Eileen Boris. As autorias: Adriano Duarte, Ayalla Silva, Eileen Boris, Gabriela Sampaio, Gláucia Fraccaro, Hélio da Costa, Henrique Espada Lima, Inés Pérez, Juliana B. Farias, Karine Damasceno, Maria L. Ugarte Pinheiro, Mariana Dias Paes, Paula Zagalsky, Rafael Soares Gonçalves e Vânia Losada Moreira.

Documentário Palmares: o povo negro pode dançar | Thompson Clímaco | 2022

Sinopse: Os clubes associativos apresentavam-se como uma das principais alternativas de lazer para os/as trabalhadores/as de Volta Redonda-RJ, mediante o crescimento da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e concomitantemente da cidade na década de 1960. Entretanto, a realidade e possibilidade de lazer para assalariados/as negros/as era marcada pela segregação racial e racismo. Neste cenário é formado o Clube Palmares, espaço de resistência e divertimento para a população negra da cidade.


Direção, roteiro e pesquisa: Thompson Clímaco.
Produção: FGV-CPDOC, 2022.

Vale Mais #27: Trabalhadoras domésticas organizadas



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

 O episódio #27 do Vale Mais é sobre Trabalhadoras domésticas organizadas.

Yasmin Getirana, nossa convidada nesse episódio, é graduada em Relações Internacionais, já dirigiu dois curtas-metragens e defendeu, em 2021, uma Dissertação de Mestrado sobre as lutas diárias e a capacidade de organização das trabalhadoras domésticas no Rio de Janeiro. Com o título “Sozinha não posso”: A Associação Profissional de Empregadas Domésticas do Rio de Janeiro (1961-1973), Yasmin defendeu sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ – PPGHIS-UFRJ, sob a orientação do professor Paulo Roberto Ribeiro Fontes. O recorte temporal da pesquisa tem como parâmetros o ano de criação da Associação no Rio de Janeiro e o ano de aprovação da Lei 5859, que é a primeira lei a estender direitos trabalhistas para a categoria das empregadas domésticas. O trabalho de Yasmin mostra que tanto os caminhos das lutas políticas da categoria, como as histórias de vida das mulheres por ela pesquisadas, não raro, acabam se misturando. E, se por um lado isso não é uma exclusividade dessa categoria de trabalhadoras, por outro fica evidente, ao longo do texto, a importância da luta pelo reconhecimento profissional e o respeito aos direitos de uma categoria que sempre carregou um estigma de não serem vistas como profissionais que são. Ao longo da conversa a nossa entrevistada deixa transparecer a força do trabalho que ela produziu. A entrevista é, assim como a dissertação, necessária. Apreciem.

Produção: Alexandra Veras, Isabelle Pires, João Christovão e Larissa Farias
Roteiro: Alexandra Veras, Isabelle Pires, João Christovão e Larissa Farias
Apresentação: Larissa Farias 

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins