Contribuição Especial #24: 60 anos do Estatuto do Trabalhador Rural


Leonilde Servolo de Medeiros
Professora do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRRJ. Bolsista do CNPq


No dia 2 de março de 1963, foi aprovado pelo Congresso Nacional, após sucessivas versões, o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), lei 4214/63. Por meio dele estendiam-se aos trabalhadores do campo direitos dos quais os urbanos do mercado formal já gozavam pelo menos desde a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943.

O ETR instituiu a obrigatoriedade da Carteira Profissional de Trabalhador Rural para pessoas maiores de 14 anos; jornada de trabalho de oito horas; repouso semanal remunerado; férias; estabilidade (ou seja, impossibilidade de demissão dos que contassem mais de dez anos de trabalho no mesmo estabelecimento, a não ser por falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas); salário mínimo regional, do qual poderiam ser descontadas moradia e alimentação fornecidas pelo patrão, mas garantindo que pelo menos 30% do valor fosse pago em dinheiro; manutenção de escola primária gratuita, caso a propriedade mantivesse a seu serviço mais de 50 famílias. As  mulheres passavam a ter direito ao afastamento do trabalho seis semanas antes e seis depois do parto, podendo, em casos excepcionais, esses períodos serem aumentados para mais duas semanas cada um; dois descansos especiais, de meia hora, durante o trabalho diário, para amamentação, por pelo menos seis meses após o parto; repouso remunerado de duas semanas em caso de aborto.

O documento legal consolidou o direito à sindicalização. Os sindicatos deveriam ser reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social e a eles caberia celebrar convenções ou contratos coletivos; validar a demissão de trabalhador estável, caso ocorresse; manter serviços de assistência para os associados; promover a criação de cooperativas; fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais. Poderiam se organizar em federações estaduais (mínimo de cinco sindicatos) e em uma Confederação Nacional, com, pelo menos, três federações. Foi instituído o imposto sindical, a que estavam sujeitos empregadores e trabalhadores rurais, bem como um Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural, sustentado pela contribuição de um por cento do valor dos produtos agropecuários, recolhida, na ocasião da venda, pelo produtor, ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). A este instituto caberia a prestação de serviços aos segurados e seus dependentes: assistência à maternidade; auxilio doença; aposentadoria por invalidez ou velhice; pensão em caso de morte; assistência médica; auxilio funeral.

O ETR previa também contrapartidas para os empregadores visando a modernização das atividades agrícolas: eles teriam prioridade para obtenção de financiamento no Banco do Brasil ou outro estabelecimento de crédito do Governo Federal para realização de obras de caráter social e educativo e preferência para operações de crédito e financiamento de entressafra e de benfeitorias, desde que suas instalações e serviços assistenciais se enquadrassem nas exigências da nova lei. Propunha ainda facilidades creditícias para importação ou aquisição no mercado interno de bens de produção que levassem ao aumento de produtividade, melhoria da qualidade ou preservação das safras.

O tema dos direitos no campo já era pautado desde o final do século XIX e início do século XX, quando da substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre, envolvendo famílias que viviam no interior das fazendas. Nessa época ocorreram inclusive greves de colonos de café, nas quais estava em jogo, além do valor pago pelo que era colhido, o acesso a um lote de terra ou autorização para plantio de alimentos nas “ruas” dos cafezais.

Para além dos arranjos produtivos que se faziam país afora com base nos costumes locais e das denominações diversas que essas relações recebiam (agregação, colonato, morada), as marcas do passado escravista se reproduziam: eram comuns as denúncias de castigos físicos, expulsão das propriedades em caso de qualquer desafio à autoridade do dono ou do administrador da fazenda. O trabalho, via de regra, não era individualizado, mas envolvia toda a família: homens, mulheres, crianças, idosos. Era ela quem produzia. Em alguns cultivos, como o algodão, por exemplo, era comum o uso da parceria, na qual se estabeleciam formas de divisão do produto entre o trabalhador e o dono da terra. Caio Prado Jr. considerava toda essa gama de relações como “assalariamento disfarçado” e apontava para a importância política de reconhecê-las como assalariadas, portanto, capitalistas, contrapondo-se à leitura majoritária do Partido Comunista, que as caracterizava como semifeudais.

Frente a esse quadro complexo, com enormes variações regionais, não por acaso, no debate sobre a legislação trabalhista para o campo, eram trazidas, em especial pelas entidades patronais, questões como a própria definição legal do que era trabalhador rural (e, portanto, do alcance de direitos trabalhistas), as peculiaridades do trabalho no campo (marcado por ciclos mais intensos, nas épocas de plantio e colheita) e o direito à sindicalização. Os argumentos patronais, não raro, giravam em torno do risco de que as ideologias do meio urbano, entrando no meio rural, quebrassem as relações vigentes, fundadas, segundo eles, na reciprocidade e no respeito.

Entre os trabalhadores havia claros sinais de resistência e incipiente organização revelados, por exemplo, pelas greves que se intensificaram desde o fim do Estado Novo. Os jornais Terra Livre e Novos Rumos, ligados ao Partido Comunista, identificaram entre 1946 e 1964, 119 ocorrências, a grande maioria em São Paulo e Pernambuco. Nelas, eram constantes, tendo a CLT como parâmetro, referências ao não cumprimento da legislação, ao desconto habitação e à demanda por pagamento do salário mínimo. Nesse processo, teve papel importante o Partido Comunista, mas é preciso destacar também, a partir de final dos anos 1950, a presença crescente da Igreja Católica, com os Serviços de Orientação Rural do Nordeste e os Círculos Operários, inicialmente voltados para os trabalhadores urbanos, mas que se voltaram também aos rurais.

Cresceram, nessa época, os recursos à Justiça do Trabalho, em especial em São Paulo, levando à criação de uma jurisprudência que garantia direitos mínimos aos reclamantes. Ao longo desse processo, vai se constituindo a figura do “assalariado rural”, em luta por direitos trabalhistas, mas quase sempre acoplados à demanda por acesso à terra.

Em 1944, o Ministério do Trabalho, pelo Decreto-Lei nº 7.038, já havia estabelecido parâmetros para a sindicalização rural, propondo a organização de sindicatos de trabalhadores e de patrões, seguindo uma estruturação vertical conforme o modelo já existente na indústria e comércio. O decreto não foi regulamentado, por pressão do setor patronal. Com a volta de Getúlio Vargas à presidência da República, em 1951, o tema retornou. Em abril de 1954, o Executivo enviou um projeto ao Congresso propondo estabilidade ao trabalhador rural, limitação da jornada de trabalho, proteção à mulher e ao menor e filiação do trabalhador ao IAPI. Essas iniciativas, entretanto, mais uma vez esbarraram na oposição das entidades empresariais, como a Confederação Rural Brasileira e a Sociedade Rural Brasileira, de boa parte da imprensa e do próprio Congresso cuja maior bancada, a do Partido Social Democrático, tinha suas bases eleitorais no patronato rural.

Durante o governo de Juscelino Kubitschek, o Partido Trabalhista Brasileiro, liderado por Fernando Ferrari, tentou, embora sem êxito, obter aprovação para projetos que visavam a introdução da legislação trabalhista e previdenciária no campo. No governo de João Goulart, o Executivo retomou o tema e encaminhou ao Congresso um projeto de lei de autoria de Fernando Ferrari que, após receber algumas emendas, tornou-se o ETR.

A aprovação da nova lei se fez num contexto muito marcante de crescimento do número de associações de lavradores em todo o país; da criação das Ligas Camponesas no Nordeste; de visibilização de lutas por terra, seja de posseiros, seja dos que estavam ameaçados de expulsão do interior das fazendas; de greves; de realização de inúmeros encontros de trabalhadores do campo; de criação, já em 1954, de uma organização nacional, a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (Ultab) e de realização do I Congresso Camponês de Belo Horizonte em 1961, com a presença da diversidade de organizações então existentes. Essa intensa mobilização colocava na pauta o debate tanto sobre direitos trabalhistas quanto sobre a necessidade de uma reforma agrária, tema que polarizou as forças políticas e compunha a agenda como uma das mais polêmicas reformas de base propostas no governo Goulart.

Um ano depois da aprovação do ETR sobreveio o golpe militar, as organizações de trabalhadores foram perseguidas e ficou fragilizada a possibilidade de pressão coletiva para seu cumprimento.

Em 1973, a lei 5.889 estendeu as disposições da CLT aos trabalhadores rurais, exceto no que se refere ao prazo de prescrição dos direitos (dois anos, contados a partir da data em que se encerrasse o contrato de trabalho, ao contrário dos trabalhadores urbanos, cujo direito prescrevia dois anos após ele ter sido infringido) e estabilidade. A Constituição de 1988 igualou os direitos entre rurais e urbanos.

Falar das conquistas legais e da importância do ETR, implica mencionar as profundas transformações nas condições de trabalho no campo ocorridas ao longo do processo de modernização da agricultura brasileira que se intensificou a partir dos anos 1960. A crescente transformação tecnológica tornou cada vez menos necessário ter trabalhadores morando na fazenda, uma vez que diversas fases do processo produtivo passaram a ser realizadas por máquinas (aragem, plantio) ou por insumos químicos (uso de venenos para eliminar pragas). Em resultado, cresceu a expulsão de trabalhadores das propriedades, criando a figura do trabalhador volante, boia-fria ou de ponta de rua (denominações locais), que mora nas periferias das pequenas e médias cidades e é recrutado por agenciadores de mão-de-obra para trabalho temporário, sem vínculo empregatício, na colheita de frutas, de café, algodão, corte de cana etc. Estes trabalhadores não gozam de quaisquer direitos trabalhistas. Entre eles estão o que hoje chamamos de trabalho escravo contemporâneo. Aos 60 anos do Estatuto do Trabalhador Rural, ainda falta muito para a legislação trabalhista efetivamente chegar ao campo.


PARA SABER MAIS:

  • Camargo, Aspásia A. A questão agrária: crise de poder e reformas de base (1930-1964). In: O Brasil republicano. Vol 3, Fausto, Boris (org.). São Paulo: Difel, 1981, p. 121-224. (História Geral da Civilização Brasileira)
  • Prado, Jr. Caio. A revolução brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1987.
  • Prado Jr. Caio. O Estatuto do Trabalhador Rural. In Prado Jr., Caio. A questão agrária no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1979, 2ª. ed., p. 142-160.
  • Ferrari, Fernando. Os escravos da terra. Porto Alegre: Globo, 1963.
  • Sigaud, Lygia M. Os clandestinos e os direitos. Estudo sobre os trabalhadores do açúcar em Pernambuco. São Paulo: Duas Cidades, 1979.
  • Silva, Fernando Teixeira da. Justiça de classe. Tribunais, trabalhadores rurais e memória. Revista Mundos do Trabalho, vol. 4, 8, jul-dez. 2012, p. 124-160.
  • Stolcke, Verena. Cafeicultura. Homens, mulheres e capital (1850-1980). São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • Welch, Clifford A. A semente foi plantada. Raízes paulistas do movimento sindical camponês no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

Crédito da imagem de capa: Sessão do 1º Congresso de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, novembro de 1961. Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br/card/reforma-agraria-na-lei-ou-na-marra

Vozes Comunistas #20: Lucia de Souza



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Entre março de 2022 e março de 2023 homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a divulgação de trechos de entrevistas de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base que contam um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil.

Em nosso vigésimo episódio apresentamos trechos de uma entrevista com a tecelã Lúcia de Souza. Nascida em 1920 na cidade de Magé/RJ, uma das “Moscouzinhas” brasileiras, Lúcia começou a trabalhar em uma fábrica de tecidos ainda na adolescência. Sua indignação com as precárias condições de vida da classe trabalhadora fez com que ingressasse na luta sindical e na militância comunista entre as décadas de 1940 e 1960. No trecho da entrevista que ouviremos, Lúcia de Souza aborda o início de seu trabalho na fábrica, as percepções de sua negritude e seu envolvimento nas lutas operárias e sindicais. Também trata sobre a atuação do PCB, a cassação do partido e as perseguições aos seus militantes, além de expor seus conflitos em se afirmar como comunista. Essa voz é apresentada pela historiadora Juçara da Silva Barbosa de Mello (PUC-Rio).

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: A entrevista é parte do documentário “Tear”, dirigido por Taiane Linhares, em 2013.

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Artigo “As mulheres na União dos Operários em Fábricas de Tecidos: atuações, obstáculos e negociações (Rio de Janeiro, 1926-1930)” – Isabelle Pires


O artigo intitulado “As mulheres na União dos Operários em Fábricas de Tecidos: atuações, obstáculos e negociações (Rio de Janeiro, 1926-1930)” de autoria de Isabelle Pires, doutoranda pelo PPGHIS/UFRJ e pesquisadora do LEHMT/UFRJ, foi publicado na revista Tempos Históricos.

Buscando contribuir para o debate sobre história das mulheres e sindicalismo, o texto analisa como as operárias têxteis partilharam dessa cultura sindical na União dos Operários em Fábricas de Tecidos e procuraram defender suas próprias pautas por dentro dos limites possíveis.

O artigo está disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/28459/21264


Crédito da imagem de capa: Jornal do Brasil. 25/10/1917. p. 7.

LMT #120: Vila Operária de Batatuba, Piracaia (SP) – Lilian Pires Staningher


Lilian Pires Staningher
Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Unicamp


A história da vila operária de Batatuba, fundada em 1942 pela Companhia de Calçados Bata em Piracaia (SP), é um exemplo significativo do processo de industrialização nesta região do país. Instalada às margens da malha ferroviária, uma herança da produção do café na região Bragantina, essa localização garantia a logística na produção e na distribuição de calçados, ao mesmo tempo que mantinha a vila distante dos centros urbanos e de mobilizações sindicais, facilitando assim o controle social dos trabalhadores.

Em 1939, estimulada pela política desenvolvimentista do governo Vargas, a indústria de calçados tcheca Bata planejou a construção de dez fábricas com vilas operária  espalhadas pelo país , sendo apenas quatro parcialmente construídas. A mais importante delas foi a Vila de Batatuba em Piracaia. Planejada para dez mil habitantes como um modelo híbrido industrial-rural, a fábrica da Bata já empregava quase mil operários em 1940. Uma parte significativa deles era composta de lavradores, majoritariamente negros, aos quais se somaram imigrantes vindos de áreas em conflito na Europa, particularmente os funcionários da matriz da empresa Bata e seus familiares.

Batatuba foi construída sob uma tipologia urbanística denominada “Plano da Cidade Ideal Bata”, desenvolvida durante o entreguerras, na sede da companhia de calçados em Zlìn, na Tchecoslováquia. O plano, pensado para ser uma sociedade industrial ideal, previa a construção de escolas primária e técnica, além de espaços destinados a esportes, saúde e lazer, alojamento para rapazes solteiros e uma centena de moradias para operários e  funcionários graduados, incluindo membro da família Bata. A vila também contava com uma extensa infraestrutura básica, com redes de distribuição elétrica, de água e de coleta de esgoto.

O complexo foi edificado baseado em uma arquitetura vernacular, exceto a casa do empresário tcheco, Jan Antonin Bata,  que assumiu o comando das empresas em 1932, após a morte de seu meio irmão, fundador e idealizador da companhia, Tomàs Bata. Sua residência foi construída no estilo modernista. O higienismo foi uma marca na urbanização das vilas Bata, com um padrão de casas isoladas nos lotes e intercaladas entre si, ensolaradas e bem ventiladas. O sistema construtivo aliava técnicas desenvolvidas localmente ao modelo urbanístico Bata, como um aspecto do modus operandi da empresa para otimização do uso de material e da mão de obra.


O desenho urbano de Batatuba, assim como em outros complexos Bata , estava intrinsecamente relacionado ao modelo de produção da indústria. Pretendia-se que desempenho do operário na produção estivesse vinculado às atividades dele fora do ambiente de trabalho, mantendo o trabalhador num processo contínuo de capacitação e controle.


Um exemplo eram as atividades esportivas impostas pela empresa que se refletiam diretamente nas relações entre as equipes de trabalho e na disciplina fabril. As hierarquias e relações de dependência internas à fábrica se reproduziam na Vila. Os cargos técnicos ou de gerência eram ocupados especialmente pelos europeus, que também eram os professores dos cursos técnicos da escola na vila, assim como moravam nas maiores residências.

A indústria calçadista em Batatuba, chegou a empregar cerca de dois mil trabalhadores, mas, apesar da existência da Vila e suas boas condições, a rotatividade na fábrica parece ter sido alta, em particular em seus primeiros anos de existência. Relatos de antigos operários indicam as dificuldades dos trabalhadores locais com as novas tecnologias e com o  sistema de controle social dentro e fora da fábrica, orientado por um rígido código de conduta. Os funcionários europeus também tiveram dificuldades de adaptação.  Muitos abandonaram a vila e migraram para países como Canadá e Estados Unidos , ou retornaram para a Europa após o final da 2ª Guerra.

A Bata transformou a base econômica do município de Piracaia, tornando-a um dos principais polos industriais calçadistas do país até o final dos anos 1990. Muitas das pequenas fábricas de calçados que ainda resistem foram fundadas por antigos funcionários graduados da Bata. Após as mortes de Jan Antonin em 1965, e de seu filho, Jan Thomas quase uma década depois, a empresa sofreu um forte abalo administrativo, que foi agravado pela maior concorrência local, levando a empresa a um pedido de sua falência em 1983.

A vila, há quarenta anos sub judice devido ao processo de falência, ainda se encontra preservada em quase a totalidade de seu conjunto arquitetônico. Apesar da pouca manutenção nas edificações, como exemplo parte dos galpões das fábricas que se encontram quase em ruínas, este complexo fabril mantém o uso primário das construções, imóveis locados e administrados pela massa falida, tendo como locatários antigos funcionários ou seus filhos, mas também novos moradores e comerciantes.

Em 2007, o plano diretor municipal reconheceu a importância do conjunto e orientou para preservação da vila operária, bem como da história dos trabalhadores locais.  Em 2012, com a forte pressão do setor imobiliário, o poder público alterou a lei, sendo retirada a proteção municipal. Desde então, algumas ações de resgate e visibilidade para salvaguarda deste patrimônio industrial, como eventos culturais e as celebrações de Primeiro de Maio têm sido realizadas pela sociedade civil local, o que resultou na abertura de um processo de Tombamento pelo CONDEPHAAT em 2018, que ainda não foi concluído.

Vila operária, com campo de futebol e quadra de tênis abaixo, moradias operárias acima, com hotel para solteiros no alto à direita, cinema e escola à esquerda (Foto; arquivo antiga fábrica de Batatuba)

Para saber mais:

  • ARCHANJO, F. M. O Mundo Compreenderá – A História de Jan Antonin Bata – O Rei do Calçado. Gráfica Editora Aurora Ltda., Rio de Janeiro, 1951.
  • BATA, J.A. A Study of Migration. Batatuba, 1951 Disponível em: <http://digilib.k.utb.cz/handle/10563/26346>.
  • BOTAS, N. C. A.; KOURY, A. P. A. Cidade Industrial Brasileira e a Política Habitacional na era Vargas (1930-1954). Urbana, v. 6, n. 8, 2014.
  • COSTA, Georgia Carolina Capistrano Da. As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965): relações entre a experiência internacional e a brasileira. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/102/102132/tde-24012013-154637/
  • STANINGHER, L.P. Batatuba: Vila Industrial da Companhia de Calçados Bata no interior de São Paulo – 1942. (Mestrado em História) Universidade Estadual de Campinas. 2018. Disponível em: https://1library.org/document/zg8103vy-batatuba-vila-industrial-companhia-calcados-interior-sao-paulo.html

Crédito da imagem de capa: Operários no interior da fábrica de calçados, década de 1940 (Foto; arquivo antiga fábrica de Batatuba)


MAPA INTERATIVO

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Lugares de Memória dos Trabalhadores

As marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados. Na batalha de memórias, os mundos do trabalho e seus lugares também são negligenciados. Nossa série Lugares de Memória dos Trabalhadores procura justamente dar visibilidade para essa “geografia social do trabalho” procurando estimular uma reflexão sobre os espaços onde vivemos e como sua história e memória são tratadas. Semanalmente, um pequeno artigo com imagens, escrito por um(a) especialista, fará uma “biografia” de espaços relevantes da história dos trabalhadores de todo o Brasil. Nossa perspectiva é ampla. São lugares de atuação política e social, de lazer, de protestos, de repressão, de rituais e de criação de sociabilidades. Estátuas, praças, ruas, cemitérios, locais de trabalho, agências estatais, sedes de organizações, entre muitos outros. Todos eles, espaços que rotineiramente ou em alguns poucos episódios marcaram a história dos trabalhadores no Brasil, em alguma região ou mesmo em uma pequena comunidade.

A seção Lugares de Memória dos Trabalhadores é coordenada por Paulo Fontes.

Vozes Comunistas #19: Julieta Battistioli


Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Entre março de 2022 e março de 2023 homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a divulgação de trechos de entrevistas de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base que contam um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil.
Em nosso décimo nono episódio apresentamos trechos de uma entrevista com a operária têxtil Julieta Battistioli. Nascida em Palmares do Sul, cidade próxima à Porto Alegre, migrou para a capital ainda nova e sempre morou em bairros operários. Começou a trabalhar como tecelã aos 13 anos de idade e com o tempo projetou-se como uma importante liderança dentro da fábrica e, inclusive, no bairro, além de iniciar uma ativa militância no Partido Comunista, sobretudo a partir da redemocratização e do período de legalidade experienciado pela legenda. Julieta fazia parte da célula comunista Olga Benário e, em 1947, foi eleita para a Câmara Municipal de Porto Alegre como suplente do metalúrgico Eloi Martins. No trecho que ouviremos, ela fala sobre o momento em que desrespeitou uma ordem do partido e, consequentemente, foi “escrachada” nas páginas do periódico Tribuna Gaúcha, além de expulsa do partido. Essa voz comunista é apresentada pelo historiador Guilherme Nunes.

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: Entrevista Julieta Battistioli, 1990. Entrevistador: Francisco Carvalho Júnior. Núcleo de Pesquisa em História da UFGRS- NPH.

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Os mundos do trabalho e a Independência do Brasil


Está no ar o novo número da Revista Latinoamericana de Trabajo y Trabajadores, a edição traz uma secção de debates com a temática “Os mundos do trabalho e a Independência do Brasil”. Os textos apresentam uma ampla e inovadora agenda de pesquisas em curso sobre a diversidade de trabalhadores (livres e escravizados) nas lutas independentistas e sobre o lugar dos trabalhadores no processo de independência e em sua historiografia. A coletânea é um desdobramento da série “Mundos do Trabalho e Independência”, que foi realizada no último ano com produção do LEHMT-UFRJ, em parceria com o LEDDES –UERJ e com o Laboratório de Pesquisas em Conexões Atlânticas – PUC-Rio. A organização ficou a cargo de Felipe Azevedo e Souza (PUC-Rio) e Renata Moraes (UERJ), com o apoio de Thompson Clímaco (LEHMT-UFRJ) e Natalia Almeida (LEHMT-UFRJ).

Confira no link: https://revista.redlatt.org/revlatt/article/view/71/53

Vozes Comunistas #18: Joaquim Batista Neto



Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ, que tem como objetivo discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

“Vozes comunistas” é uma série especial do Vale Mais, podcast do LEHMT/UFRJ. Entre março de 2022 e março de 2023 homenageamos o centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a divulgação de trechos de entrevistas de antigos sindicalistas, lideranças operárias e camponesas ou mesmo trabalhadores/as de base que contam um pouco da história do PCB e sua importância para a história do trabalho no Brasil.
Em nosso décimo oitavo episódio apresentamos trechos de uma entrevista com Joaquim Batista Neto. Migrante cearense no Rio de Janeiro, Batista Neto entrou para o PCB no início dos anos 1930, quando trabalhava no Moinho Fluminense. Em 1938 tornou-se operário do Arsenal da Marinha, onde se destacou como liderança sindical. Foi eleito deputado constituinte pelo PCB em 1945. No trecho que ouviremos, ele fala sobre sua campanha eleitoral e atuação na Constituinte de 1946, além de relatar suas desavenças com o partido após a ilegalidade e cassação dos mandatos dos parlamentares no final dos anos 1940. Essa voz comunista é apresentada por Sérgio Braga, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Projeto e execução: Ana Clara Tavares, Felipe Ribeiro, Larissa Farias e Paulo Fontes
Apoio: Centro de Documentação e Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Agradecemos às instituições e pesquisadores que gentilmente colaboraram com nosso projeto

Referência da entrevista: Entrevista Joaquim Batista Neto, 1987. Núcleo de Documentação e Laboratório de Pesquisa Histórica (NUDOC) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Livro: Uma cidade em Preto e Branco: Relações Raciais, Trabalho e Desenvolvimentismo em Volta Redonda (1946-1988), de Leonardo Ângelo


 Foi lançado o livro “Uma cidade em Preto e Branco: Relações Raciais, Trabalho e Desenvolvimentismo em Volta Redonda (1946-1988)”, de autoria de Leonardo Ângelo da Silva, Doutor em História pela UFRRJ e pesquisador do LEHMT-UFRJ. O livro trata da classe trabalhadora da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), um dos símbolos das mudanças implementadas pela era Vargas. Para a produção na fábrica a CSN interligava matérias-primas e mão de obra de vários estados (MG, SC, SP e RJ), nos revelando um complexo, e se o polo produtor de aço era a localidade de Volta Redonda o discurso de família siderúrgica e paz social abrangia todos as localidades da empresa. Modernidade e progresso são discursos constantes mesmo em tempo de Ditadura, contudo, que outras constantes poderiam ser levantadas para uma empresa iniciada há 53 anos da abolição?

Revisitando o período e as produções é que o autor evidencia a raça-cor da classe trabalhadora e para tanto se utiliza de fotos e periódico da própria CSN, além de entrevistas com personagens da CSN. Assim, se como classe os trabalhadores tiveram acesso à educação e melhores salários, foi como trabalhadores negros que foram excluídos dos clubes da própria fábrica ou inseridos em áreas mais insalubres. A combinação entre raça e classe deixa mais evidente os laços entre o pós-abolição e os mundos do trabalho.

Para adquirir a obra:

Amazon: https://a.co/d/6aDHCqV
Editora Appris: https://www.editoraappris.com.br/produto/6657-uma-cidade-em-preto-e-branco-relaes-raciais-trabalho-e-desenvolvimento-em-volta-redonda-1946-1988

História social das favelas e dos trabalhadores favelados em Belo Horizonte – Samuel Oliveira


Samuel Oliveira, professor do CEFET-RJ e pesquisador do LEHMT-UFRJ, publicou três artigos e participou de um podcast sobre a história urbana de Belo Horizonte e dos trabalhadores favelados.


Em “O ‘desfavelamento’ em Belo Horizonte: política urbana, habitação popular e assistência social”, pela Revista de História Regional, “A imaginação da informalidade urbana e dos trabalhadores no Rio de Janeiro e Belo Horizonte: uma análise dos censos de favelas”, pela Topoi, e “Relações raciais e movimento dos trabalhadores favelados”, pela Varia História, enfatiza-se as políticas urbanas para as favelas na capital de Minas Gerais no pós-guerra e a formação de uma consciência de classe e raça no movimento social dos “trabalhadores favelados” nos anos 1950 e 1960.


No podcast Urbanidades, coordenado pelo Urban-Data Brasil e Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (CEM-USP), abordou juntamente com a Prof.Dra Josemeire Alves as relações entre espaço urbano e apagamento da memória negras na cidade.

Links:

“As políticas de ‘desfavelamento’ em Belo Horizonte”. Revista de História Regional. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/20067. Acesso em 23 nov.2022.

“A imaginação da informalidade urbana e dos trabalhadores no Rio de Janeiro e Belo Horizonte”. Topoi. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/3VSkJtdmd8xTGrsjbWNZNff/abstract/?lang=en. Acesso em 23 nov.2022.

“Relações raciais e movimento dos trabalhadores favelados. Varia História. Disponível em: https://www.scielo.br/j/vh/a/HT4DqkrwJxq7JGSLnWLhfYF/. Acesso em 23 nov.2022.

Podcast #77 Memória e Esquecimento nas favelas em Belo Horizonte. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/6nKa14SfAwb9cOtXvoTEb8?si=1b9de79b1b414826&nd=1. Acesso em 23 nov.2022.


Créditos da imagem de capa:  Jornal O Barraco, órgão da Federação dos Trabalhadores Favelados de Belo Horizonte. ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Fundo Polícia Política. Pasta 0119.

O PCB e os mundos do trabalho


Acaba de ser publicado o dossiê “O PCB e os mundos do trabalho”, organizado pelo coordenador do LEHMT/UFRJ, Paulo Fontes e por Edilene Toledo (UNIFESP). O dossiê faz parte do número completo do volume 14 (2022) da Revista Mundos do Trabalho. São 12 artigos, além da apresentação feita pelos organizadores. Temas como a participação do partido em eleições, relações raciais e de gênero, trajetórias militantes e a atuação dos comunistas em sindicatos e comunidades operárias específicas compõem um rico e diversificado mosaico de resultados das pesquisas inovadoras sobre a relação entre o PCB e as experiências de trabalhadores/as ao longo do século XX. Um dos artigos publicados, “O médico, a fé e os operários: militância comunista entre traumas, interditos e narrativas históricas” é de autoria de Felipe Ribeiro, professor da UESPI e pesquisador do LEHMT/UFRJ. Esse número da Revista Mundos do Trabalho conta ainda com uma resenha do livro A Cidade que Dança de Leonardo Pereira, escrita por Isabelle Pires, doutoranda do PPGHIS/UFRJ e pesquisadora do LEHMT/UFRJ.

Link para o volume: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/index