Chão de Escola #02: As lutas dos trabalhadores em conjunturas pandêmicas (1358, 1918 e 2020)

Autora: luciana wollmann (SME-RJ/ seeduc – rj)

Apresentação da atividade

Segmento: Ensino Fundamental (9º ano)/ Ensino Médio (1º ano)/ Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Unidades temáticas:

– Trabalho e formas de organização social e cultural

– O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do século XX

– Política e Trabalho

– O Brasil recente

Objetos de conhecimento:

– Senhores e servos no mundo antigo e no medieval

– Primeira República e suas características

– Experiências republicanas e práticas autoritárias: as tensões e disputas do mundo contemporâneo

Objetivos gerais:

– Analisar os principais aspectos das pandemias da “Peste Negra”, da Gripe Espanhola e do Coronavírus.

– Relacionar as crises pandêmicas apresentadas com as revoltas e protestos dos trabalhadores.

– Correlacionar as três conjunturas apresentadas, apontando semelhanças e diferenças entre elas.

Duração da atividade: 05 aulas de 50 min.

AulasPlanejamento
01Execução da etapa 1
02Jogo da etapa 2
03 e 04Atividade em grupo da etapa 3
05Roda de debates da etapa 4


Conhecimentos prévios:

– A crise do século XIV na Europa e as revoltas camponesas.

– Principais características da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

– Aspectos políticos e sociais da Primeira República no Brasil (1889-1930).

– Os impactos causados pela pandemia do coronavírus na população mundial.  

Atividade

Atividade e recursos:
A partir das características políticas e sociais de três conjunturas pandêmicas: a “Peste Negra” ocorrida no século XIV, a Gripe Espanhola ocorrida durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a atual pandemia do Coronavírus, a proposta desta atividade é fazer uma análise comparativa entre essas diferentes conjunturas, atentando particularmente para as mobilizações dos trabalhadores e trabalhadoras nesses contextos. Utilização de cópias, papel color set ou cartolina e projetor com som.

Etapa 1: Apresentação
Usando imagens projetadas em slides no data-show, o (a) professor (a) irá apresentar os principais aspectos das três conjunturas pandêmicas trabalhadas nessa atividade. Para auxiliá-lo (a), sugerimos aqui alguns sites, vídeos e podcasts que podem servir de suporte nesse momento mais expositivo da aula.

– Site com textos, imagens e documentos sobre a “Peste Negra” e as jacqueries: https://www.ricardocosta.com
– Vídeo: Gripe espanhola: médico fala sobre remédios que prometiam cura da doença
– Vídeo: A Greve de 1917: TV Fepesp entrevista José L. Del Roio
– Podcast: A pandemia de 1918 e os mundos do trabalho
– Vídeo: Conheça Paulo Lima, o entregador de aplicativo antifascista que organiza a categoria
– Podcast: Entrevista com Paulo Lima, o Galo, líder do movimento entregadores antifascistas feita por Dulce Pandolfi e Paulo Fontes na Rádio Cidadania da UFRJ. Disponível em: https://bit.ly/2ZWN8Rt e https://spoti.fi/2WSniMm
– Vídeo: “Vidas negras importam”: ato leva centenas às ruas do Rio de Janeiro

Etapa 2: Sensibilização
– Jogo: “Quem sou eu”? Organizados em grupos de aproximadamente 4 estudantes, cada equipe receberá um cartão (elaborados previamente pelo (a) professor (a)) com uma frase dita por algum camponês, trabalhador, redator, cronista ou governante extraída das fontes históricas produzidas nos contextos históricos abordados nessa atividade. No quadro (ou no data-show), o (a) professor (a) irá colocar os nomes dos autores das frases, bem como uma breve descrição dos mesmos. O desafio das equipes é tentar acertar o (a) autor (a) da frase. Se a equipe errar o nome do autor, só poderá tentar novamente na próxima rodada. A cada descoberta, sugerimos que o professor (a) estimule aos alunos (as) a explicar os indícios que os levaram a concluir que aquele era (ou seria) o autor da frase, bem como auxilie aos alunos a interpretar as frases de acordo com cada contexto e posição social de seus emissores. Abaixo, listamos algumas sugestões de frases para a elaboração do jogo.

Professor(a), em caso de estar trabalhando de forma remota, você pode adaptar esse jogo fazendo uma espécie de quiz usando o programa PowerPoint.


Etapa 3: Problematização
Reunidos em grupos (que podem ser os mesmos da atividade anterior), os estudantes farão uma leitura coletiva e responderão às perguntas listadas ao final do texto, registrando-as em seu caderno. Cada grupo deverá ficar com um texto (que são três no total). Se forem formados mais de três grupos na turma, os textos deverão ser repetidos. Os textos podem ser escolhidos pelos próprios estudantes, de acordo com o seu interesse ou definidos por sorteio.

Etapa 4: Debate
Finalizada a atividade da etapa anterior, uma grande roda pode ser formada para que os estudantes possam apresentar as suas reflexões coletivamente. Sugerimos que além de debater as questões apresentadas nas atividades que fizeram, os estudantes sejam encorajados a pensar comparativamente as três conjunturas pandêmicas apresentadas nessa atividade.

ETAPA 2

Jogo: “Quem sou eu”?


1º) Frase: “(…) mataram o cavaleiro, a dama e os filhos, grandes e pequenos, e incendiaram tudo. Logo foram a um castelo e ali fizeram pior, pois prenderam o cavaleiro e o ataram a uma estaca muito fortemente, e muitos violaram a mulher e a filha diante do cavaleiro. Depois mataram a mulher, que estava grávida, e a sua filha e todos os filhos, e o marido, depois de torturá-lo, queimaram-no e destruíram o castelo”.
Autor (a): Jean Froissart (1337-1410) foi um poeta e cronista da Idade Média. As Crônicas de Froissart são consideradas uma das principais fontes de pesquisa das jacqueries.

2º) Frase: “Regulam o consumo do álcool gel disponível em pouca quantidade pelas dependências do prédio. Dia desses presenciei uma cena lastimável. Uma senhora, de cabeça branca, provavelmente com idade para ser minha mãe, recolheu álcool num pequeno frasco. Foi tratada pelo segurança como uma criminosa. Constrangida, ela explicou que era para limpar sua área se trabalho, coisa mais que necessária em tempos de covid-19”.
Autor (a): Atendente de uma empresa de call center localizada no Rio de Janeiro.

3º) Frase: “Era um rapagão de membros fortes, largo de braços, de rins e de ombros, com olhos afastados um do outro de uma mão-travessa; não se poderia encontrar em sessenta países um rosto mais rude e mais desagradável. Tinha cabelos eriçados e faces negras e curtidas ; havia seis meses que não lavava a cara e a única água que lhe molhara tinha sido a chuva do céu”.
Autor: Poema épico Garin le Lorrain (França, século XII), descrevendo o filho do camponês Hervis.

4º) Frase: “(…) a greve atual não tem pé nem cabeça. É o resultado da ação perniciosa de elementos estranhos ao nosso meio social que aqui pretendem lançar o gérmen maligno das ideias anárquicas, rivalidades e luta de classes que não tem razão de ser no Brasil e tendem a desaparecer da própria Europa, onde surgiram”.
Autor (a): Jornal A Federação (29/7/1918). Esse jornal era alinhado aos interesses da classe patronal porto-alegrense.

5º) Frase: “A maioria dos meus companheiros, para ser sincero, me mandam para Cuba. Mas tenho sentido que menos companheiros estão me mandando pra Cuba. Acho que estou mobilizando um grupo legal e vamos ficar no Brasil. Quero formar entregadores pensadores. Quem gosta de gado é o rei do gado. Nós sabe [sic] quem é o rei do gado hoje”.
Autor (a): Paulo Lima, entregador de apps e principal articulador do Movimento de Entregadores Antifascistas.

6º) Frase: “Porque nos deixamos maltratar? Livremo-nos da sua maldade! Nós somos homens como eles. Temos membros como os seus e corpo de igual tamanho. E do mesmo modo sofremos. Só nos falta a coragem. Unamo-nos por um juramento”.
Autor (a): Um camponês (personagem da crônica literária Romance de Rollon, de Robert Wace), escrita 150 anos depois das revoltas camponesas que ocorreram na Normandia (França) no ano de 996. No romance, a frase é atribuída a um camponês.

7º) Frase: “(…) a todas as classes de trabalhadores terrestres e marítimos, ferroviários, metalúrgicos, foguistas, marinheiros (…) o mundo trabalhador já não pode suportar a opressão dos sugadores e detentores do bem-estar da humanidade”.
Autor (a): Panfleto do Sindicato dos Pedreiros e Carpinteiros de Salvador na greve de 1919.

8º) Frase: “Camaradas! A burguesia ainda não perdeu a velha mania de se julhar com interesses absolutos sobre os nossos braços e a nossa vida como se fossemos sua propriedade particular. Supõe ela que ainda são os operários objetos dos tempos idos e não os operários homens, operários conscientes de hoje, que vimos em cada burguês um explorador, um consumidor, um tirano, enfim”.
Autor (a): Boletim do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. 16/08/1919.

9º) Frase: “A condição de bestas é mais feliz que a nossa, pois não são obrigadas a trabalhar mais do que a sua força lhes permite. E nós, pobres asnos, carregamos fardos e mais fardos (…) Força então meus bons amigos; despertemos e mostremos que somos homens e não bestas”.
Autor (a): Frase atribuída a um dos líderes da jacquerie, Jacques Bonnhome de Clermont em Beauvaisis.  

10º) Frase: “Ficar em casa pra quem pode, legal, mas quem não tem condições, isso é desumano. O cara tem que trabalhar”.
Autor (a): Jair Bolsonaro, presidente da República em 13/5/2020, em plena pandemia da Covid-19.

ETAPA 3

Atividade do Grupo 1

  1. Faça uma leitura do texto e debata as questões propostas, registrando-as em seu caderno.

A “PESTE NEGRA” E AS REVOLTAS CAMPONESAS

França, 1358. Durante cerca de um mês, milhares de camponeses travaram uma sangrenta revolta contra os nobres. Armados de facões, bastões e tudo mais que pudesse servir como arma, os jacqueries – ou “homens simples” como eram chamados – insurgiram-se contra a exploração da nobreza senhorial que aumentara sobremaneira na última década, marcada pela peste, fome e pela guerra.
Aproximadamente entre 1347 e 1353, a “Peste Negra” – nome pelo qual ficou conhecida a peste bubônica, septicêmica ou pneumônica no século XIV – se alastrou pela Europa, chegando a alcançar a Ásia, causando a morte de 75 a 200 milhões de pessoas. No caso da França, que também se envolveu na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a Inglaterra, a escalada mortal foi ainda maior, trazendo fome, morte e miséria principalmente entre as camadas mais pobres da população. Oprimidos pela alta dos impostos, pelo confisco dos seus bens e pelo aumento da exploração sob o seu trabalho, os camponeses iniciaram uma revolta sangrenta. Menos de três décadas depois, em 1381, uma revolta camponesa de grandes proporções também varreu a Inglaterra, chegando a alcançar Londres. Em ambos os casos, a repressão da nobreza contra os revoltosos foi violenta e os seus principais líderes foram perseguidos em executados. O temor causado pelas Revoltas Camponesas, fez com que os nobres se articulassem e começassem a desenhar o Estado Absolutista, que dominou o cenário político europeu entre os séculos XVI e XVIII.

Os jacques são massacrados em Meaux, 1358.
Fonte da imagem: https://www.ricardocosta.com/artigo/revoltas-camponesas-na-idade-media-1358-violencia-da-jacquerie-na-visao-de-jean-froissart

Questões:

  • Vocês consideram que “Peste Negra” tem alguma relação com as revoltas camponesas ocorridas no século XIV? Justifique.
  • Vocês consideraram que as Revoltas Camponesas do século XIV foram vitoriosas? Justifique. 
  • No período medieval, era comum associar à escuridão à morte e às trevas e a luz à bondade e à salvação. O termo “Peste Negra”, no entanto, passou a ser usado apenas no século XVIII, para se referir à pandemia que assolou a Europa no século XIV. Hoje, a utilização desse termo é questionada. Por que afirmamos isso?  

  1. Trabalhando com fontes históricas.
    Com base no que você leu, faça uma breve descrição das suas imagens e crie uma legenda para as mesmas.

Fontes das imagens: https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/j/jacquerie.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacquerie


Bibliografia:

COSTA, Ricardo da. Revoltas camponesas na Idade Média. 1350: a violência da Jacquerie na visão de Jean Froissart. Disponível em: https://www.ricardocosta.com/artigo/revoltas-camponesas-na-idade-media-1358-violencia-da-jacquerie-na-visao-de-jean-froissart
Revolta camponesa de 1381: https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_camponesa_de_1381

ETAPA 3

Atividade do Grupo 2

  1. Faça uma leitura do texto e debata as questões propostas, registrando-as em seu caderno.

A Gripe Espanhola e as greves de 1918 e 1919

Entre 1918 e 1920, foi a vez da pandemia de Gripe Espanhola atingir a humanidade em escala global. Iniciada nos Estados Unidos, a gripe ganhou o nome de “espanhola” porque esse país declarou-se neutro na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e por esse motivo, divulgava sem censura notícias da pandemia através da imprensa. Transmitida pelo vírus Influenza (H1N1), a Gripe Espanhola deixou um rastro de cerca de 50 milhões de mortos, um saldo cinco vezes maior do que os mortos pelo conflito mundial em curso.
E foi justamente nos anos de 1918 e 1919, com a pandemia em curso, que uma onda de greves tomou conta dos Estados Unidos. Em setembro de 1918, cerca de 300.000 trabalhadores do aço paralisaram o seu trabalho, na primeira greve nacional da categoria no país. No início do ano seguinte, 35.000 trabalhadores costureiros – (90% do sexo feminino) declararam greve para exigir uma jornada de trabalho de quarenta e quatro horas e um aumento de 15% nos salários (FREEMANN, 2020). Segundo o pesquisador Joshua Freemann, ainda que não possamos fazer correlações diretas entre a epidemia de gripe e a onda de greves no EUA, a conjuntura de guerra e de crise conectam os dois. Nesses mesmos anos, eclodiram greves no Canadá, na Argentina, na Inglaterra, Portugal, França, Itália, África do Sul, entre outros. Não podemos perder de vista que esses acontecimentos ocorrem sobre o rastro de destruição deixado pela Primeira Guerra Mundial e sobre o eco de esperança trazida pela Revolução Socialista ocorrida na Rússia em outubro de 1917.
No Brasil, um novo ciclo de greves também se iniciou em 1918 e 1919. No ano anterior, o país fora sacudido pela Greve Geral de 1917, que articulara diferentes categorias de trabalhadores de vários estados e contou com a participação direta de trabalhadores anarquistas e socialistas. Nos dois anos seguintes, ocorreram greves em várias cidades que haviam se mobilizado em 1917, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Recife, entre outras. Entre as reivindicações, podemos citar: aumento salarial, jornada de trabalho de 8 horas diárias, direito à associação, proibição do trabalho para menores de 14 anos, abolição do trabalho noturno para mulheres e melhores condições de trabalho.
Ainda que não seja possível associar diretamente o aumento do número de greves com a Gripe Espanhola, a carestia e a alta do custo de vida daquele período, que agravavam ainda mais as condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras do país,  somado à precariedade do sistema de saúde pública para assistir os acometidos pela gripe – muitos deles trabalhadores – desnudavam ainda mais as desigualdades já existentes. Segundo a pesquisadora Christiane Maria Cruz de Souza, o número de trabalhadores adoecidos pela Gripe Espanhola em Salvador variou entre 100% a 80%  nas fábricas onde a produção exigia uma maior proximidade entre os operários, tais como as de roupas, vestuário, de acessórios, cigarros e embalagens (SOUZA, 2009). Ainda que aquela fosse apontada como uma doença “democrática”, pois atingia a todos aqueles que tivessem contato com o vírus Influenza, as condições de trabalho, moradia, alimentação e acesso à saúde dos mais pobres, deixava-os mais à deriva naquela conjuntura de crise, doença e morte. 
Ainda que reprimidas pelos patrões, pelo governo e pela polícia, as greves dos anos 1910 tiveram um impacto político significativo. Travadas meio às mortes causadas pela guerra e pela pandemia, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do mundo naqueles anos foram fundamentais para a conquista de seus direitos obtidos pelos mesmos nas duas décadas subsequentes.

Trabalhadores da capital baiana reunidos durante a greve de 1919.
Fonte: http://sintracom.org.br/2016/2016/04/01/os-trabalhadores-da-construcao-civil-na-greve-geral-de-1919/

Questões:

  • De acordo com o que vocês leram e com a opinião de vocês, as greves de 1918 e 1919 tem alguma relação com a pandemia de Gripe Espanhola? Justifique a sua resposta.
  • Ocorreram várias greves de trabalhadores em diferentes países do mundo nesse período. Quais acontecimentos de impacto mundial tiveram interferência direta nessas greves?
  • Por que os trabalhadores pararam no Brasil? Nos dias de hoje, as reivindicações do passado são direitos assegurados? Sim ou não? Explique.

  1. Trabalhando com fontes históricas.

Observe as imagens abaixo extraídas do jornal O Malho e identifique o que elas nos fornecem de informações sobre as greves dos anos 1910 no Brasil.

O Malho, outubro de 1917. Biblioteca Nacional (hemeroteca)

O Malho, abril de 1918. Biblioteca Nacional (hemeroteca)


Bibliografia:

ABREU, Alzira Alves de et al. (coords). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (DHBB). Rio de Janeiro: FGV, 2001. Greve (verbete).
CASTELLUCCI, Aldrin Armstrong Silva. Salvador dos Operários: uma história da Greve Geral de 1919 na Bahia. UFBA: Salvador, 2001. Dissertação de mestrado.
CAVALCANTE, Luciane do Nascimento. Movimento operário e as peculiaridades da luta armada no Recife a partir da atuação de José Elias e Joaquim Pimenta (1919-1920). Anais do IV Colóquio de História. UNICAP: Recife, 2010.
FREEMANN, Joshua. Pandemias podem gerar ondas de greves. 16/05/2020. Disponível em: http://www.dmtemdebate.com.br/pandemias-podem-gerar-ondas-de-greve/
SOUZA, Christiane Maria Cruz. A espanhola em Salvador – o cotidiano da cidade doente. Varia hist. vol.25 nº.42 Belo Horizonte Julho/Dezembro 2009.
QUEIRÓS, Cézar Augusto Bubolz. Estratégias e identidades: relações entre governo estadual, patrões e trabalhadores nas grandes greves da Primeira República em Porto Alegre (1917/1919). UFRGS, Porto Alegre, 2012.
Anarquia ou Barbarie: https://anarquiabarbarie.wordpress.com/category/historia/greve-de-1918/

ETAPA 3

Atividades do Grupo 3

1) Faça uma leitura do texto e debata as questões propostas, registrando-as em seu caderno.

A pandemia do Coronavírus: um novo ciclo de luta por direitos?

O novo agente do coronavírus, chamado de novo Coronavírus, foi descoberto no fim de dezembro de 2019 após ter casos registrados na China. Em poucos meses, a pandemia do COVID 19 se espalhou pelo globo, o que obrigou a grande parte dos países mais atingidos a adotar medidas de isolamento social.
A maior vulnerabilidade dos mais pobres à doença vem sendo apontado pelas estatísticas: de acordo com um levantamento feito pelo programa Cidades Sustentáveis, as taxas de mortalidade são maiores entre a população que está abaixo da linha da pobreza. Fatores como a falta de acesso á saúde e ao saneamento básico e a alta densidade populacional existente em favelas e bairros periféricos (ESTADO DE MINAS, 3/6/2020), colaboram para as altas estatísticas de mortandade entre os mais pobres. Poderíamos acrescentar que a insegurança alimentar gerada pelos altos índices de desemprego e informalidade entre a população de baixa renda, também são fatores determinantes para essa vulnerabilidade.
Cabe acrescentar, que muitas dessas pessoas por questões de sobrevivência, vêm-se impelidas a continuar trabalhando, mesmo diante das orientações de isolamento social. Alguns desses trabalhadores, inclusive, estão sendo apontados como “essenciais” nesse cenário pandêmico. Além dos profissionais de saúde, entregadores, motoristas, balconistas, caixas de supermercado, lixeiros, porteiros, trabalhadores das indústrias alimentícia e farmacêutica, entre outros, seguem em uma jornada de trabalho ininterrupta o que, inevitavelmente, coloca a sua vida em risco. Neste sentido, algumas questões relativas aos direitos e segurança desses trabalhadores vêm sendo colocadas. Isso é bastante visível em alguns movimentos, como os protestos de entregadores de  apps exigindo que as empresas de aplicativos ofereçam mais segurança como álcool em gel e máscaras para o exercício de sua atividade diária e a greve dos trabalhadores de call center para que o seu trabalho fosse realizado em regime de home office. Esses movimentos ocorridos em escala nacional, também são verificados em diversos países do globo, principalmente naqueles em que a pandemia atingiu altos índices de mortalidade, tais como Espanha, Itália e Estados Unidos.
Assim como em outras conjunturas pandêmicas, tais como a Peste Negra do século XIV e a Gripe Espanhola (1918-1920), a pandemia do Coronavírus desnuda a situação de extrema vulnerabilidade em que os mais pobres – muitos deles trabalhadores chamados “braçais” – se encontram. Ainda que não possamos ignorar as suas profundas diferenças entre essas três conjunturas, a situação desses trabalhadores e trabalhadoras meio à pandemia evidencia as desigualdades já existentes e acabam colocando em xeque à estrutura vigente. Nos dois primeiros casos, elas também geraram momentos de inflexão que só foram percebidos em longo prazo. No caso das recentes manifestações dos trabalhadores em virtude da Covid-19, ainda é cedo para fazermos um prognóstico (FONTES, 2020), mas já assistimos algumas reações que podem desencadear mudanças mais profundas. Isso é patente quando assistimos as manifestações dos trabalhadores e protestos de massa como o “Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”) que vem ocorrendo em escala global meio à pandemia. Será o prenúncio de um novo ciclo de lutas por direitos? As respostas virão quando o relógio da História girar…

O movimento “Black Lives Matter” surgiu em 2013, nos Estados Unidos. Após o assassinato de um homem negro, George Floyd, por um policial branco, Derek Chauvin, em maio de 2020, os protestos contra o genocídio negro se alastraram pelo mundo.
Fonte da imagem: https://rj.casadosaber.com.br/cursos/blacklivesmatter/mais-informacoes

Questões para o debate:

  • O Coronavírus é uma doença “democrática”, ou seja, que atinge a todos igualmente independente da cor, gênero ou classe social? Justifique a sua resposta.
  • Discuta com os seus colegas os direitos que deveriam ser assegurados aos trabalhadores “essenciais” nessa conjuntura de pandemia?
  • “(…) a situação desses trabalhadores e trabalhadoras meio à pandemia evidencia as desigualdades já existentes e acabam colocando em xeque à estrutura vigente”. Debata com o seu grupo essa frase presente no texto e registre as suas considerações em seu caderno.

2) Trabalhando com imagens.
Explique o conteúdo da charge abaixo: 

Fonte da imagem: http://www.dmtemdebate.com.br/o-mosaico-da-exploracao-do-trabalho/


Bibliografia:

COVID: Desigualdade no país afeta taxa de mortalidade, diz pesquisa. Estado de Minas, 3/6/2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2020/06/03/interna_gerais,1153504/covid-desigualdade-no-pais-afeta-taxa-de-mortalidade-diz-pesquisa.shtml
FONTES, Paulo. Entrevista ao Jornal da ADUFRJ. 30/4/2020. Disponível em: https://lehmt.org/2020/05/16/nao-existe-sociedade-sem-trabalhadores-entrevista-de-paulo-fontes-para-o-jornal-da-adufrj/
Entregadores antifascistas: “Não quero gado. Quero formar entregadores pensadores”. 7/6/2020. Entrevista disponível em: https://apublica.org/2020/06/entregadores-antifascistas-nao-quero-gado-quero-formar-entregadores-pensadores/
O movimento ”Black Lives Matter” organiza-se e procura definir-se politicamente. 31/5/2020. Disponível em:: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Antifascismo/O-movimento-Black-Lives-Matter-organiza-se-e-procura-definir-se-politicamente/47/47651
Pandemia evidencia condições inadequadas de trabalho em call centers no Rio. 30/5/2020. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/03/30/pandemia-evidencia-condicoes-inadequadas-de-trabalho-em-call-centers-no-rio


Crédito da imagem de capa: Trabalhadores em greve deixam um estaleiro em Seattle, 1919. Fotografia: Webster & Stevens/Museum of History and Industry. Fonte: http://www.dmtemdebate.com.br/pandemias-podem-gerar-ondas-de-greve/


Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral e Samuel Oliveira.

Artigo “Entre biografias e trajetórias de pesquisa(dores): memória operária e reflexões de um historiador nativo” – Felipe Ribeiro

O pesquisador do LEHMT, Felipe Ribeiro, Professor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), acabou de publicar seu artigo “Entre biografias e trajetórias de pesquisa(dores): memória operária e reflexões de um historiador nativo” na revista Escritas do Tempo, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA).

Neste texto, o autor compartilha experiências enquanto historiador descendente de trabalhadores têxteis, buscando pontuar dilemas, inseguranças, aprendizados e desafios ao escolher como objeto de pesquisa a cidade industrial em que nasceu. Partindo da noção de historiador nativo, Felipe Ribeiro ressalta o surgimento de uma geração de pesquisadora(e)s nas universidades brasileiras com este perfil – oriundo de famílias operárias ou cidades com forte tradição fabril, tendo estas experiências como foco de pesquisa – e propõe reflexões sobre novas formas narrativas para a história do trabalho.     

O artigo compõe o dossiê “Biografias e Trajetórias: vidas por escrito”, organizado pelos professores Geovanni Gomes Cabral (UNIFESSPA), Benito Bisso Schimdt (UFRGS) e Wilton Carlos Lima da Silva (UNESP-ASSIS). 

Para conferir o texto, basta acessar o link: https://periodicos.unifesspa.edu.br/index.php/escritasdotempo/article/view/1233

Crédito da imagem: Acervo de Ademir Calixto e Loemir Nascimento.

Contribuição especial #09: Florestan Fernandes e o ângulo “plebeu” da história.

Contribuição especial de Antonio Brasil Jr¹

“Em sentido literal, a análise desenvolvida é um estudo de como o Povo emerge na História, trata-se de assunto inexplorado ou mal explorado pelos cientistas sociais brasileiros”. Assim Florestan Fernandes justifica a densa e volumosa pesquisa que resultou em A integração do negro na sociedade de classes, tese por ele defendida em 1964 para assumir como professor catedrático na Universidade de São Paulo. Naquele momento decisivo da história brasileira, Florestan buscava consolidar um programa coletivo de pesquisa voltado à formação da sociedade capitalista no Brasil, chamando a atenção para os modos como aqui o capitalismo combinou simultaneamente um considerável dinamismo econômico e um tenaz compromisso com as estruturas sociais de origem colonial.

Esse assunto “mal explorado” não se refere à ausência de estudos sobre os grupos sociais subalternos que foram se articulando de modo mais ou menos direto à expansão do capitalismo no Brasil. Como assinalou Antonio Candido em texto conhecido sobre o significado das ciências sociais no Brasil, essas disciplinas não apenas aclimataram um universo de teorias, métodos e técnicas de pesquisa, mas igualmente implicaram uma rotação ética e cognitiva ao colocarem em primeiro plano as classes populares – o trabalhador rural, o caiçara, o negro, o operário – no centro da agenda sociológica.

O que Florestan pretendia trazer de novo, naquele livro, era a análise sistemática do sentido do processo de constituição do capitalismo entre nós desde um ângulo “plebeu”, isto é, visto a partir daqueles que foram colocados à margem da sociedade urbano-industrial em gestação. Daí a escolha da população negra como foco do estudo, que se justifica “porque foi esse contingente da população nacional que teve o pior ponto de partida para a integração ao regime social que se formou ao longo da desagregação da ordem social escravocrata e senhorial e do desenvolvimento posterior do capitalismo no Brasil”. É a partir das margens, e não do centro, que o sentido da formação da ordem capitalista se revelaria com maior nitidez – e esse sentido é o da reiteração da exclusão social. Florestan buscou, portanto, observar o capitalismo a partir dos grupos que, em larga medida, ficaram à margem inclusive da proletarização, ou que puderam apenas tardiamente ter acesso a formas de assalariamento regulares e com o mínimo de garantias sociais e jurídicas. Como sabemos, o título do livro, A integração do negro, é uma pista falsa pois trata justamente de seu oposto.

Por essa razão, o interesse do livro ultrapassa a análise da questão racial, uma vez que os padrões de relação entre brancos e negros em São Paulo – matéria imediata da pesquisa – só podem ser entendidos à luz de uma compreensão mais ampla de como a própria sociedade de classes, em vez de corrigir, reproduzia e ampliava formas herdadas de desigualdade e discriminação. Para usar um termo frequente na escrita de Florestan, o ponto central de A integração do negro era entender por que o “Antigo Regime” se recriava, com outras facetas e com outras roupagens, no “epicentro da revolução burguesa no Brasil”. Esse aspecto não é trivial. Na cidade em que a urbanização parecia literalmente derrubar um passado até pouco tempo praticamente rural, em que a industrialização avançava com um vigor inédito no país, em que a imigração europeia – e depois a migração interna – redesenhou profundamente sua demografia, em que tudo parecia novo, Florestan e sua equipe de pesquisadores e de interlocutores anotava metodicamente as formas pelas quais o “moderno” se articulava estruturalmente com os modos de pensar, sentir e agir que pareciam típicos de uma ordem escravista e senhorial.

Ao mesmo tempo em que Florestan concluía essa etapa da pesquisa que liderou sobre as relações raciais no sul do país, ele organizava a partir de 1962 o Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho (CESIT), no qual pesquisas sobre empresários, Estado, trabalhadores industriais e desigualdades regionais, dentre outras, foram conduzidas por professores e alunos da Cadeira de Sociologia I. Quer dizer, os agentes sociais constitutivos do moderno capitalismo  foram investigados e suas conexões com esse processo de mudança que se combina com o passado foram devidamente perseguidas nas monografias defendidas pelos pesquisadores do CESIT. O próprio Florestan passaria a se dedicar então à teorização sociológica do processo de expansão do capitalismo na periferia, cuja contribuição mais conhecida se encontra em A revolução burguesa no Brasil, de 1975, e que, àquela altura, trazia uma visão muito própria – ainda que coletivamente amadurecida no trabalho em equipe que ele sempre fomentou – sobre os temas da dependência e do desenvolvimento da sociedade brasileira.

É certo que o livro de Florestan de maior alcance teórico é A revolução burguesa no Brasil, mas suas teses fundamentais só se iluminam se lidas conjuntamente com o riquíssimo material empírico analisado em A integração do negro. Pois é na pesquisa sobre a população negra da capital paulistana que são descortinados os mecanismos – os mais explícitos e os mais sutis – que permitem entender a reprodução e a naturalização de desigualdades tão pronunciadas no nível das interações concretas dos agentes sociais. Se os trabalhadores em geral, a despeito de sua cor e de sua origem, tiveram (e ainda têm) que lutar permanentemente para que recebessem um mínimo de dignidade e direitos fundamentais, os trabalhadores negros tiveram (e ainda têm) que lutar por algo ainda mais básico e fundamental, que é o reconhecimento de sua própria condição de humanidade. “Ser gente”, como insistiam vários de seus interlocutores na pesquisa, era uma aspiração mínima e compartilhada pela população negra que encontrava barreiras sistemáticas na interação com os brancos.

Florestan descreve, por diferentes ângulos, os efeitos devastadores, seja para a subjetividade dos sujeitos negros, seja para as suas formas de ação coletiva, de uma sociedade em que a ideia de igualdade parece não fazer sentido nas relações sociais mais básicas. Vale lembrar que, embora identificando os limites estruturais à ação imposta por uma sociedade que racializa seus sujeitos, Florestan dedicou parte significativa do livro aos movimentos sociais negros – que levaram adiante a façanha de defender a igualdade e questionar o mito da democracia racial – e às agruras da ascensão social num contexto em que o “negro que sobe” é visto como a exceção que confirma a regra (racista).

Pesquisas no âmbito da historiografia assinalaram que a interpretação de Florestan não está isenta de problemas, posto que, entre outros temas, teria desconsiderado inúmeras formas de ação e de contestação à ordem racial que surgiram ao longo do processo. De qualquer forma, apesar de seu limites, a obra de Florestan captura o sentido de um processo de formação da sociedade de classes que se volta estruturalmente contra a democratização de suas relações fundamentais. Ou seja: houve luta, resistência (subjetiva e objetiva) e mobilização por parte da população negra durante todo esse processo, mas o circuito fechado (termo caro a Florestan) da dominação racial não se reverteu no plano estrutural. Isso  também explicaria o que ele chama de “omissão” da população branca, inclusive um grande contingente da classe trabalhadora, composta de imigrantes brancos na primeira metade do século XX, que teria se mostrado indiferente ao protesto negro.

Florestan Fernandes participa de debate no Sindicato dos Bancários de São Paulo, ao lado de Luis Carlos Prestes, Flavio Abramo e Luis Gushiken, 1985. Acervo do Sindicato dos Bancários de São Paulo

Nunca mais saiu do horizonte de Florestan as imbricações entre classe e raça na formação histórica dos trabalhadores no Brasil. Os movimentos sociais e políticos que emergiram no país no final dos anos 1970 abriam uma possibilidade inédita nesse sentido. Isso, em grande medida, explica o engajamento político de Florestan e sua eleição em 1986 como deputado federal constituinte pelo PT. Em uma publicação do partido, no centenário da Abolição, em maio de 1988, ele escrevia: “Os trabalhadores brancos, estrangeiros e nacionais, incumbiram-se da tarefa essencial de passar a limpo a noção de trabalho livre como categoria histórica. Agora, ela precisa abranger o negro, em todos os seus pressupostos ou determinações. Socialismo proletário, entre nós, implica raça e classe indissociavelmente associadas de modo recíproco e dialético”.

O programa de pesquisa de Florestan, ver a sociedade brasileira a partir de suas margens, como chamou nossa atenção Elide Rugai Bastos, comunicava (e ainda comunica) ao mesmo tempo dimensões teóricas, éticas e políticas. Em termos teóricos, a margem não é só um lugar (ou pior, um mero objeto), mas uma forma de ver melhor como se articulam centros e periferias, ou seja, o conjunto da sociedade. Do ponto de vista ético, Florestan, que atravessou as duas pontas da sociedade brasileira – em sua dura travessia das margens aos centros (do poder acadêmico e político) –, representou como poucos o compromisso intelectual com a efetiva democratização da sociedade brasileira. E político porque seu programa sociológico exige da sociedade brasileira aquilo que ela estruturalmente recusa: sua transformação no sentido da igualdade substantiva entre todos os grupos sociais que a compõem.

Não à toa, Florestan foi assumido não apenas como um clássico da sociologia brasileira, mas também como um símbolo de luta política. É reiteradamente lembrado e celebrado por diversas correntes do movimento negro, dá nome à principal escola do MST e continua a ser estudado e homenageado em cursos de formação sindical e política por todo o país. O ângulo “plebeu” da história sabe bem que a obra e atuação de Florestan Fernandes continuam a ser referências fundamentais para entender o Brasil a partir das margens.

¹ Professor de Sociologia do IFCS/UFRJ.

Referências bibliográficas
Bastos, Elide Rugai. “Pensamento social da escola sociológica paulista”. In: Miceli, Sergio (org.). O que ler na ciência social brasileira: 1970-2002. São Paulo/Brasília: Sumaré/Anpocs, 2002.
Bastos, Elide Rugai. “Sessenta anos da publicação de um relatório exemplar”. Sinais sociais 10.28 (2015): 29-54.
Botelho, André; Antonio Brasil Jr., Maurício Hoelz. “Florestan Fernandes entre dois mundos: entrevista com Elide Rugai Bastos, Gabriel Cohn e Mariza Peirano.” Sociologia & Antropologia 8.1 (2018): 15-43.
Brasil Jr., Antonio. Passagens para a teoria sociológica: Florestan Fernandes e Gino Germani. São Paulo/Buenos Aires: Hucitec/Clacso, 2013.
Brasil Jr., Antonio & Botelho, André. “Florestan Fernandes para dimensionar a força do presente”. In: Botelho, André & Starling, Heloísa (orgs.). República e democracia: impasses do Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2017.
Candido, Antonio. A faculdade no Centenário da Abolição. In , Vários escritos (p. 227-240). São Paulo/Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul. Cohn, Gabriel. “Florestan Fernandes e o radicalismo plebeu em Sociologia.” Estudos Avançados 19.55 (2005): 245-250. Fernandes, Florestan. “O centenário da antiabolição”. In: ; David, Antônio (org.). O Brasil de Florestan (p. 223-229). Autêntica, 2018.
Fernandes, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes (2 vols.). São Paulo: Globo, 2008.
Feranandes, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. Ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Contracorrente; 2020 (6a edição).
Romão, Wagner. Sociologia e política acadêmica nos anos 1960: a experiência do CESIT. Editora Humanitas, 2006.

Crédito da imagem de capa: Florestan Fernandes participa de manifestação a favor da educação pública em São Paulo,  1988 . Acervo da família.

Artigo “O desenvolvimento urbano-industrial e as imagens fotográficas das favelas cariocas” – Samuel Oliveira

Samuel Oliveira, professor do CEFET- RJ e pesquisador do LEHMT, publicou o artigo “A revista O Observador Econômico e Financeiro e as favelas cariocas: fotografia documental e os regimes de representação da pobreza urbana (1942-1953)” no dossiê “A cidade e suas imagens” da Revista Maracanan.

O Observador Econômico e Financeiro, Rio de Janeiro, n.139, , p.50-62, ago.1947. p.52. Impressão rotogravura.

O artigo analisa o fotojornalismo da revista O Observador Econômico e Financeiro, compreendendo como os estigmas da pobreza urbana e a questão racial eram articulados à imaginação do desenvolvimento urbano-industrial do Rio de Janeiro.

Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/47923/33868

Crédito da imagem de capa: O Observador Econômico e Financeiro, n. 146, p.71-83 , mar.1948. p.75. Impressão rotogravura.

LEHMT atinge 1000 seguidores no Instagram e sorteará livros no dia 22/07

É com grande satisfação que chegamos aos 1100 seguidores em nosso Instagram!

Nós estamos presentes nas principais mídias sociais divulgando conteúdos produzidos semanalmente em nosso site, Lehmt.org, visando atingir públicos diversos. É prazeroso poder compartilhar com vocês variadas produções acerca da história social do trabalho.

Como forma de agradecimento a toda comunidade que nos acompanha, realizaremos o sorteio dos livros: “O sindicato que a ditadura queria: o Ministerio do Trabalho no governo Castelo Branco (1964-1967)”, de Heliene Nagasava, e “Catolicismo e Trabalho: a cultura militante católica dos trabalhadores de Belo Horizonte (1909-1941)”, de Deivison Amaral.

O resultado será divulgado no dia 22/07.

Para participar do sorteio você deve:

  • Seguir @lehmt_ufrj no Instagram;
  • Marcar (quantas vezes quiser) um amigo(a) nos comentários. Não vale perfil repetido, fakes ou perfil de famosos.

Observações:

  • É necessário possuir endereço de recebimento no Brasil;
  • Os livros serão enviados quando as condições sanitárias permitirem.

Vale Mais #07 – Estátuas, memórias e mundos do trabalho.


Vale Mais é o podcast do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho da UFRJ. O objetivo é discutir história, trabalho e sociedade, refletindo sobre temas contemporâneos a partir da história social do trabalho.

O episódio #07 do Vale Mais é sobre Estátuas, memórias e mundos do trabalho.

Desde maio de 2020, protestos antirracistas iniciados nos Estados Unidos têm sacudido o mundo e levantado debates não apenas sobre as desigualdades sociais e raciais e a violência policial, mas também sobre o papel da história e da memória em sociedades marcadas pelo colonialismo e pelo racismo estrutural. Em particular, a derrubada de estátuas de escravocratas e o ataque a outros símbolos públicos que remetem ao racismo e à dominação colonial surpreendeu a muitos e tem gerado intensos debates na imprensa e redes sociais. 

Para refletir sobre esse debate à luz das relações entre memória, patrimônio e história do trabalho, conversamos com a antropóloga e historiadora Luciana Heymann, professora do Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz).

Produção: Deivison Amaral, Julia Chequer, Heliene Nagasava e Paulo Fontes.
Roteiro: Julia Chequer, Heliene Nagasava, Deivison Amaral e Paulo Fontes.
Apresentação: Julia Chequer.

Referências indicadas para quem quer saber mais ou citadas no episódio:

Alois Riegl. O Culto Moderno dos Monumentos.

Andreas Huyssen. Culturas de um passado presente.

Boaventura de Souza Santos. As estátuas do nosso descontentamento. (Acesse no site da Mídia Ninja).

Elizabeth Jelin. La lucha por el pasado: Cómo construimos la memoria social.

Françoise Choay. A alegoria do patrimônio.

Jacques Le Goff. História e Memória.

Memory Studies (periódico acadêmico).

Créditos da Imagem de Capa: Estátua de Edward Colston é jogada no rio Avon, em Bristol – Giulia Spadafora – 7.jun.20. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/londres-reabre-debate-sobre-politicamente-correto-ao-revisar-estatuas-de-racistas.shtml

Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes Vale Mais

ERRATA: O professor se refere, em certo momento, a "janeiro de 1941", mas o correto é janeiro de 1942, quando começam as transmissões de rádio do Marcondes Filho, coincidindo com a ruptura do Brasil com o Eixo. Está no ar o segundo episódio da nova temporada do podcast Vale Mais, do LEHMT-UFRJ! Nesta temporada, convidamos pesquisadoras e pesquisadores para discutir projetos, livros e teses recentes que aprofundam debates interdisciplinares sobre os mundos do trabalho. No segundo episódio, conversamos com Alexandre Fortes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e autor do livro The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil (2024). A obra propõe um reexame da história do Brasil nas décadas de 1930 e 1940 a partir de diálogos com as novas perspectivas historiográficas internacionais sobre a Segunda Guerra Mundial. Fortes ressalta a efervescência econômica para suprir as necessidades do conflito global. Nesse contexto, a classe trabalhadora esteve no centro das lutas pela redemocratização, justamente por conta de sua experiência no processo de esforço de guerra e das ambiguidades decorrentes da intensificação da superexploração do trabalho, da derrota do nazifascismo e da perspectiva de “descontar o cheque patriótico”. Nesse sentido, a guerra e a ação dos trabalhadores foram fundamentais para redefinir noções de classe, raça e nação. Para saber mais sobre esse assunto, ouça o episódio! Não esqueça também de compartilhar nas redes sociais e acompanhar os próximos!
  1. Vale Mais #29: The Second World War and the Rise of Mass Nationalism in Brazil, por Alexandre Fortes
  2. Vale Mais #28: O poder e a escravidão, por Bruna Portella e Felipe Azevedo
  3. Vale a Dica #14: Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus
  4. Vale a Dica #13: 2 de Julho: a Retomada, de Spency Pimentel e Joana Moncau
  5. Vale a Dica #12: SAL, idealizado e dirigido por Adassa Martins

Chão de Escola #01: O trabalho das profissionais da área de saúde nas pandemias de 1918 e 2020

Autora: Claudiane Torres (SME-RJ)

Apresentação da atividade

Segmento: Ensino Fundamental II – 9ºano

Unidade temática: O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do século XX

Objeto de conhecimento: Primeira República e suas características

Objetivos gerais:

– Contextualizar o período da pandemia de 1918 na Primeira República.

– Caracterizar o trabalho das profissionais de saúde na pandemia de 1918 em perspectiva comparada com a pandemia de 2020.

– Relacionar as conquistas de direitos políticos, sociais e civis à atuação de movimentos sociais.

Duração da atividade: 03 aulas de 50 min

AulasPlanejamento
01Execução das etapas 1, 2 e 3
02Atividade da etapa 4
03Etapa 5

Conhecimento prévio:

– Contextualização do período da Primeira República: aspectos políticos e sociais.

Atividade

Atividade e recursos:
A partir das características políticas e sociais da Primeira República no Brasil, previamente abordadas em sala de aula, a proposta desta atividade é iniciar um debate sobre os impactos no trabalho das profissionais de saúde na pandemia de 1918 e, então, discutir as condições sociais e os direitos das mulheres nesse contexto. Utilização de cópias e projetor com som.

Etapa 1: Divisão da turma em grupos de até quatro estudantes.

Etapa 2: Problematização
– Em 13 de maio de 2020, a pesquisadora Viviane Tavares publicou no site da Fiocruz um boletim sobre as condições dos trabalhadores e trabalhadoras da área de saúde durante o combate ao Covid-19 no Brasil. Esse boletim ressaltou que somente no país, cerca de 3,5 milhões de trabalhadores atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Aponta, também, que entre os principais desafios enfrentados por trabalhadores no enfrentamento da pandemia mundial provocada pelo Covid-19, estão a falta de equipamentos de proteção individual, sobrecarga de trabalho e impactos na saúde mental. Relatos, imagens e vídeos de trabalhadores da saúde, como médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde que estão atuando sem os equipamentos adequados como viseira, máscara e avental – no atendimento em geral – e máscaras N95, gorros e macacão impermeável – nas unidades de terapia intensiva e enfermarias. Além desses equipamentos de proteção individual, faltam ainda os mais básicos como luvas, álcool em gel e sabão líquido. Viviane Tavares chama atenção para o número de trabalhadores infectados que até a data da publicação da matéria chegava a cerca de 600 trabalhadores e trabalhadoras contaminados e afastados do trabalho. Sabemos que no contexto de uma pandemia é decretado o Estado de emergência no país e que as condições de trabalho estarão relacionadas às políticas públicas que o Estado já estabelecia previamente e passa a estabelecer a partir de então. Como você imagina ser o trabalho desses profissionais em plena pandemia? Agora imagine viver uma pandemia no início do século XX. Quais conhecimentos a medicina adquiria naquele momento? Como deve ter sido trabalhar como uma profissional da área de saúde em 1918 durante a pandemia da Gripe Espanhola?

Etapa 3: Contextualize e caracterize a Gripe Espanhola de 1918. Em seguida, ouça o podcast Vale Mais #04 – A Pandemia de 1918 e os mundos do trabalho

Imagem retirada da Infomatéria do Senado

Etapa 4: Distribuição cópias das duas matérias a seguir para os estudantes, estabelecendo um tempo para a leitura e orientando um pequeno debate sobre o que eles leram das condições de trabalho em plena pandemia a partir das questões abaixo.
– Qual assunto principal das duas matérias jornalísticas?
– Quem são as trabalhadoras que aparecem nas matérias?
– Como podemos caracterizá-las?
– Quais são as condições de trabalho dessas profissionais?
– Que semelhanças de condições de trabalho podemos verificar nos dois contextos de pandemia?

Matéria 1

Profissionais falam sobre falta de equipamentos, jornadas exaustivas e a dificuldade de dar conta da vida pessoal na categoria em que as mulheres são mais de 80% da força de trabalho

Matéria 2

Mulheres negras romperam o paradigma da enfermeira padrão no início do século 20, revela pesquisa

Etapa 5: Estimule os estudantes a produzirem um texto sobre os aspectos sociais e políticos comuns que aparecem nos dois contextos de pandemia.

Bibliografia e material de apoio:


Crédito da imagem de capa: Doação de sangue por ex combatentes à Cruz Vermelha Brasileira. Fundo Agência Nacional. Arquivo Nacional. Notação: BR_RJANRIO_EH_0_FOT_FEB_00114_10.


Chão de Escola

Nos últimos anos, novos estudos acadêmicos têm ampliado significativamente o escopo e interesses da História Social do Trabalho. De um lado, temas clássicos desse campo de estudos como sindicatos, greves e a relação dos trabalhadores com a política e o Estado ganharam novos olhares e perspectivas. De outro, os novos estudos alargaram as temáticas, a cronologia e a geografia da história do trabalho, incorporando questões de gênero, raça, trabalho não remunerado, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias e até mesmo desempregados no centro da análise e discussão sobre a trajetória dos mundos do trabalho no Brasil.
Esses avanços de pesquisa, no entanto, raramente têm sido incorporados aos livros didáticos e à rotina das professoras e professores em sala de aula. A proposta da seção Chão de Escola é justamente aproximar as pesquisas acadêmicas do campo da história social do trabalho com as práticas e discussões do ensino de História. A cada nova edição, publicaremos uma proposta de atividade didática tendo como eixo norteador algum tema relacionado às novas pesquisas da História Social do Trabalho para ser desenvolvida com estudantes da educação básica. Junto a cada atividade, indicaremos textos, vídeos, imagens e links que aprofundem o tema e auxiliem ao docente a programar a sua aula. Além disso, a seção trará divulgação de artigos, entrevistas, teses e outros materiais que dialoguem com o ensino de história e mundos do trabalho.

A seção Chão de Escola é coordenada por Claudiane Torres da Silva, Luciana Pucu Wollmann do Amaral e Samuel Oliveira.

#Live Labuta: Racismo e História do Trabalho com Ynaê Lopes dos Santos e Antonio Sérgio A. Guimarães

O LEHMT-UFRJ convidou a historiadora Ynaê Lopes dos Santos (UFF) e cientista social Antonio Sérgio A. Guimarães (USP) para discutir o racismo nos mundos do trabalho. O debate aconteceu no dia 02 de julho de 2020 e foi mediado por Paulo Fontes, coordenador do Laboratório.

A íntegra da transmissão está disponível no Labuta, o canal de vídeos do LEHMT-UFRJ no Youtube.

Produção: Deivison Amaral, Heliene Nagasava, Julia Chequer, Paulo Fontes e Yasmin Getirana.

Roteiro: produzido coletivamente pelos pesquisadores do LEHMT, além de contribuições de perguntas da audiência durante a transmissão.

Labuta é um canal de vídeos do LEHMT sobre história, trabalho e sociedade.

Lançamento da coletânea “A História sob Múltiplos Ângulos”

A Editora da Universidade Estadual do Piauí (EdUESPI) acabou de lançar sua primeira publicação oficial: uma coletânea intitulada A História sob Múltiplos Ângulos: trajetórias de pesquisa e escrita. Em dois volumes, a obra reúne dezenove artigos de docentes e discentes da UESPI e da Universidade Federal do Piauí (UFPI), com temáticas variadas, como a Balaiada, a Revolta dos Cabos, o varguismo no Piauí, a mortalidade infantil, a saúde pública, a cultura juvenil, o patrimônio cultural, os sujeitos de Direito, a construção de identidades de gênero, o heroísmo e a virilidade em Parnaíba e o trabalho feminino.

Um dos artigos da coletânea é de autoria do professor Felipe Ribeiro, que é da UESPI e também integrante do LEHMT. No texto intitulado  “Uma grande organização fabril do Piauí”: a Companhia de Fiação e Tecidos Piauiense no contexto da Segunda Guerra Mundial,o autor apresenta os primeiros resultados de sua pesquisa sobre essa unidade têxtil, localizada em Teresina-PI. Utilizando basicamente fontes da imprensa entre o contexto da guerra e o fechamento da fábrica, na década de 1950, o artigo visa contribuir com a historiografia do trabalho no Piauí justamente em um período ainda pouco estudado sobre a referida fábrica.

Organizada pelos professores Marcelo de Sousa Neto, Antonia Valtéria Melo Alvarenga e Pedro Pio Fontineles Filho, a coletânea foi publicada na versão impressa e eletrônica (e-book). Entretanto, por conta pandemia de Covid-19 (coronavírus), o lançamento dos livros físicos teve que ser suspenso, até que a situação permita eventos com aglomerações. Já a versão e-book encontra-se disponível para download gratuito no Portal da EdUESPI, nos seguintes links:

            A História sob Múltiplos Ângulos: trajetórias de pesquisa e escrita

            Vol. I : https://editora.uespi.br/index.php/editora/catalog/book/3

            Vol II: https://editora.uespi.br/index.php/editora/catalog/book/4

Curso de Extensão “Reflexões e novas abordagens sobre o lugar dxs negrxs no ensino de história” – Renata Moraes

Apesar da lei n.º 10.639 prever como obrigatório o ensino da história e da cultura da África e dos afrodescendentes no Brasil em todo o currículo da educação básica, essa temática fica restrita aos professores de história e a alguns períodos específicos apenas.

A proposta do curso de extensão é refletir sobre a construção da história do Brasil e o lugar que historiadores reservaram aos negros nessa abordagem, desde o período colonial até o republicano. Através dessa reflexão, a ideia é apontar outros caminhos para pensar a história do Brasil a partir da perspectiva do homem negro e da mulher negra, vistos como sujeitos e protagonistas.

Ao final do curso, cada aluno fará um plano de aula abordando algum ponto da história do Brasil (ou de outra disciplina). Os planos serão compartilhados entre os alunos do curso, tornando-se um novo recurso didático para sua atividade em sala de aula.

As aulas serão ministradas por Renata Moraes, professora da UERJ e pesquisadora do LEHMT-UFRJ, com início no dia 2 de julho, no horário das 18-20h, através da plataforma google meet. Inscrições pelo email curso.historia.extensao@gmail.com

Programação do curso: